14 policiais militares do DF são presos após denúncia de tortura a soldado durante curso de formação

Crime militar também é apurado pela PMDF



Por Kleber Karpov

Após reportagem do Metrópoles, de denúncia de tortura praticada por policiais da Polícia Militar do DF (PMDF), de prática de tortura contra o soldado, Danilo Martins (34 anos), que afirmou ser agredido e forçado a desistir do curso de formação do curso de Patrulhamento Tático Móvel do Batalhão de Choque (BPChoque) da PMDF, o Tribunal de Justiça do DF (TJDFT), determinou, nesta segunda-feira (29/4), a prisão temporária de 14 PMs.

De acordo com depoimentos, Martins alega ter se tornado alvo de sessões de agressões, humilhações e tortura, por oito hora seguidas, praticadas por colegas de farda, após se recusar a aceitar o ‘convite’ de desistir do curso.

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Na denúncia feita ao MPDFT, o policial narrou ter passado por sessão com gás lacrimogênio e de espuma jogados no rosto, sofrido agresões com pauladas, chutes no joelho, no rosto e no estômago.

“Eles colocaram gás nos meus olhos, depois pediram para eu correr ao redor do batalhão cantando uma música vexatória. E depois disso me colocaram para fazer flexão de punho cerrado no asfalto, me deram pauladas na cabeça, no estômago”, conta Danilo

Prisões temporárias

As prisões temporárias do segundo-tenente Marco Aurélio Teixeira Feitora, então coordenador do curso e mencionado, nominalmente pelo soldado agredido e de outros 13 policiais ocorreram a pedido do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), apreensão de celulares dos militares supostamente envolvidos e suspensão do curso até o encerramento das investigações. Além do acesso ao prontuário médico da suposta vítima para elaboração do laudo de exame de corpo de delito.

Os PMs presos no 19º Batalhão da PMDF, dentro do Complexo Penitenciário da Papuda, são:

  • Gabriel Saraiva Dos Santos;
  • Daniel Barboza Sinesio;
  • Wagner Santos Silvares;
  • Fábio De Oliveira Flor;
  • Elder de Oliveira Arruda;
  • Eduardo Luiz Ribeiro Da Silva;
  • Rafael Pereira Miranda;
  • Bruno Almeida da Silva;
  • Danilo Ferreira Lopes;
  • Rodrigo Assunção Dias;
  • Matheus Barros Dos Santos Souza;
  • Diekson Coelho Peres;
  • Reniery Santa Rosa Ulbrich.

UTI

Segundo familiares do soldado, as agressões acabaram por resultar na hospitalização com internação em leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). “Ele apanhou nos joelhos, nas costas, na cabeça, no estômago, no rosto, nos braços. Quando a gente chegou ao hospital, ele estava com um quadro de rabdomiólise grave, que é quando a fibra muscular rompe e ela solta uma toxina que intoxica o rim. Por conta do quadro de rabdomiólise, ele estava com insuficiência renal e precisou ser internado imediatamente na UTI”, diz uma familiar de Danilo.

Os exames mostram que Danilo ficou com uma lesão cerebral que afeta visão e audição. “Ele não enxerga 100%. A imagem vai sumindo, ele está com fotofobia, está com lesão na medula da lombar e sente muita dor na lombar, fora todos os hematomas”, completa a parente.

Danilo já saiu do hospital e está em casa com a família.

Defesa dos PMs

Por meio de nota, o advogado Marcelo Almeida, que defende 12 dos PMs, apontou que “em nenhum momento os referidos policiais militares foram notificados para prestarem quaisquer tipos de esclarecimentos sobre os fatos objeto desta operação, seja pelo Departamento de Controle e Correição da PMDF ou mesmo pelo MPDFT”.

Segurança Pública

Sobre o caso, o secretário executivo da Secretaria de Estado de Segurança Pública do DF (SESPDF), Alexandre Patury, afirmou que a “secretaria não tem compromisso com erros, tudo tem que ser investigado, mas não dá para imputar responsabilidade sem avançar nas investigações sob risco de cometer injustiça”.



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