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07 set 2024 21:12


Reino Unido e França dão recados ao mundo após excrescências da extrema-direita nos EUA, Brasil e Argentina

De olho aos riscos da atuação da extrema-direita na política, França busca gestão progressista na expectativa de mudanças

Por Kleber Karpov

Nos últimos sete dias, o mundo voltou os olhares para França, após uma jogada considerada arriscada do presidente francês Emmanuel Jean-Michel Frédéric Macron, de dissolver a Assembleia Nacional e convocar novas eleições legislativas. Em especial após o partido de extrema-direita Reagrupamento Nacional (RN), capitaneada por Marion Anne Perrine Le Pen (Marine Le Pen), alcançar a preferência do eleitorado nas votações em primeiro turno e o partido de Macron ficar em segundo lugar, seguido do bloco Nova Frente Popular.

Cenário esse que culminou com milhares de franceses a respirarem aliviados após Macron, diante da derrota e do risco da plena ascensão da extrema-direita no berço mundial da democracia, articular um amplo acordo da chamada ‘frente republicana’ que reune liberais e partidos da esquerda. União essa que conseguiu levar aproximadamente 33,5 milhões dos cerca de 50 milhões de eleitores franceses às urnas, além de reverter o risco de se comprometer a soberania do Estado de Direito com uma eventual vitória do partido de Marine Le Pen. Iniciativa essa que levou a Nova Frente Popular a ter a maioria dos assentos na Assembleia Nacional, seguido do partido de Macron.

14 anos de hegemonia

No Reino Unido, o Partido Trabalhista britânico liderado por Keir Starmer, nomeado primeiro-ministro na sexta-feira (9/Jul), impôs uma derrota, na última semana, e o fim de uma hegemonia de 14 anos do Partido Conservador, então sob liderança do ex-primeiro-ministro Rishi Sunak, que pediu demissão do cargo após a derrota.

Em especial nos últimos cinco anos, o Reino Unido, teve que lidar com uma sequência de crises. A começar pela substituição de três ex-primeiros ministros, dois, ‘demitidos’ por se envolverem em escândalos, a exemplo do ex-primeiro-Ministro, Boris Johnson, vencedor das eleições de 2019, destituído após comprovação de violações às leis de isolamento social e por organizar festas nos escritórios de Downing Street, durante a pandemia da Covid. Entre as crises, estão a falta de controle inflacionário e o convívio com a recessão econômica, desde o segundo semestre de 2023, além do impacto decorrente a saída do Reino Unido do bloco da União Europeia, há cinco anos, com o Brexit estão entre as causas da vitória de Starmer.

Exemplos sulamericanos

De um lado, o Brasil tenta se reerguer após quatro anos de total ausência de gestão do país, nas mãos do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL), com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Atualmente, Bolsonaro enfrentar uma serie de denúncias, desde esquemas de corrupção, falsificação de cartão de vacina, tentativa de golpe de estado, à prática de genocídio, em decorrência das mortes de mais de 700 mil vítimas da pandemia da Covid-19.

A vizinha Argentina, por sua vez, após eleger Javier Milei, em novembro de 2023, passa a reproduzir cenários enfrentados pelo Brasil durante a gestão de Bolsonaro, em especial, no que tange ao aumento populacional a viver abaixo da linha da pobreza, em decorrência da crise econômica, alto índice de desemprego. Dados do Instituto Argentino de Estatísticas e Censos (Indec) divulgados em 12 de abril, apontou um acúmulo na taxa de inflação nos primeiros quatro meses de governo de Milei, de cerca de 90%, quando os salários, estavam longe de acompanhar as altas de preços.

Condição essa da vizinha argentina, causada pela tentativa de impor a lei do estado mínimo, o livre comércio sem interferência do governo e a tentativa de conter as frequentes altas inflacionárias e promover a recuperação econômica a qualquer custo. Premissas essas, que antes mesmo da eleição de Miley, em carta aberta 100 economistas influentes já apontavam para um um quadro de “devastação” e de caos social no país.

Exemplos norteamericanos

Enquanto isso, os Estados Unidos, dão amostras que lidar com a extrema-direita sem a devida seriedade que o tema exige, pode abrir margem ao crescimento e ao retorno de fantasmas cada vez mais nocivos à própria existência humana.

O país passa por um dos piores momentos, com a população divida entre resgatar Donald John Trump (Republicanos), ao poder, para além das denúncias que enfrentam perante o judiciário dos EUA, a exemplo do incentivo a tentativa de golpe, com a invasão do Capitólio (2021), parte da sociedade norteamericana corre o risco de voltar com tratamentos condenáveis dispensados às comunidades negra, de latinos, além da política desumana reservada aos imigrantes ilegais. Por outro, a manutenção de Joe Biden (Democratas) deve representar o apoio a Israel à continuidade do massacre ao povo palestino, ou ainda à continuidade do conflito armado entre Ucrânia e Russia.

Aprendizado e busca de equilíbrio

Sob essa ótica, França e Reino Unido se somam a outros países, a exemplo do Espanha e Portugal, ao que tudo indica, conseguiram impor alguma derrota, contenção ou revisão de conceitos, no que tange ao crescimento ainda acentuado da extrema-direita.

Nesse contesto, portugal acaba por ser um bom exemplo, no que tange as eleições de março desse ano, após a dissolução da assembleia, pelo presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa (PSD), em 15 de janeiro desse ano, após a controversa divulgação de atos de corrupção que supostamente envolviam o então primeiro-ministro, António Luís Santos da Costa (PS), e do pedido de demissão em 7 de novembro de 2023.

Com as novas eleições, uma das expectativas, o líder da extrema-direita, em Portugal, o deputado André Ventura (Chega), chegou a vislumbrar obter a maioria dos votos, de modo a se alçar à nomeação de primeiro-ministro. Embora o Chega tenha quadruplicado a quantidade de assentos ocupados na Assembleia da República Portuguesa, ao passar de 12 (2022) para 48, ficou longe de tal possibilidade uma vez que o PSD, acabou por emplacar Luís Filipe Montenegro Cardoso de Morais Esteves. 

Outra derrota atribuída ao Chega se deu nas eleições ao Parlamento Europeu (9/Jun) em que a legenda conseguiu eleger apenas dois eurodeputados, de um total de 21 candidatos.

 

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