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23 nov 2024 23:48


DF celebra 50 anos do Programa Nacional de Imunizações com oferta ampliada

Apenas neste ano, já foram cerca de 2,6 milhões de doses aplicadas. Número cresce com ações em escolas e espaços públicos de grande movimentação

Desafios, ganho constante de conhecimento e orgulho. É assim que servidores da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) encaram os 50 anos do Programa Nacional de Imunizações (PNI), uma iniciativa nacional criada em 1973 com o objetivo inicial de reduzir a mortalidade infantil e que, atualmente, promove saúde para todas as faixas etárias.

Em 2023, o DF celebra a data com a aplicação de cerca de 2,6 milhões de vacinas em oito meses e meio, sendo 38.600 em ações realizadas em 232 escolas, e 64.350 em outras atividades externas, como em feiras, parques, shoppings e por meio do Carro da Vacina. Foram 750 mil doses contra a covid-19, 895 mil contra a Influenza e 940 mil da denominada vacinação de rotina, como é chamada a imunização por faixa etária prevista pelo calendário anual, hoje com 20 tipos diferentes de imunizantes previstos.

Pioneirismo

A oferta de imunizantes nem sempre foi tão grande. Quando as ações foram iniciadas em Brasília e no restante do país, ainda no começo dos anos 1970, eram apenas quatro tipos de vacinas: BCG (tuberculose), poliomielite, sarampo e a tríplice bacteriana. Também havia campanhas específicas de grande escala, como contra a varíola e a febre amarela. À época, além da publicidade, casos de doenças assustavam a população.

“A gente viveu um período importante em termos de imunização. Trabalhamos muito”, conta a técnica em enfermagem Maria de Fátima da Silva, aplicadora de vacinas no DF entre 1981 e 2013. Ela lembra do temor que havia com a poliomielite, cujo último caso foi confirmado no Brasil em 1989, dois anos após o fim da doença no DF. “Os pais viam aquilo acometer as crianças e queriam muito vacinar seus filhos”, relata.

Maria de Fátima conta que, além da grande adesão, também houve um esforço enorme na busca ativa de quem estivesse com o cartão de vacina em atraso. “Se uma criança agendada não comparecesse, no dia seguinte um agente de saúde ia em busca da família”, lembra.

Vacinação contra varíola em Ceilândia, em 1973

Hoje, aos 63 anos, a servidora aposentada diz ter orgulho do seu papel nas campanhas de vacinação. “O sentimento que eu tenho é que fui muito importante para a sociedade”, afirma.

Com otimismo, ela vê com bons olhos uma mudança no perfil do público. “Quem procurava a vacinação era sempre a mãe ou a avó materna. Hoje, vemos avô, pai, tio. Isso é muito positivo, temos que aproveitar isso”, opina.

Evolução de estratégias

Essa ampliação dos públicos de interesse na vacina também é relatada pelo enfermeiro Lucas Soares, atualmente da equipe da Unidade Básica de Saúde (UBS) 8 de Ceilândia. “Hoje há grupos de adolescentes que vêm sozinhos, como um passeio entre amigos”, comemora.

Para o servidor, apesar de ter havido disseminação de fake news após o início da campanha contra a covid-19, a procura sempre se manteve elevada – ele chegou a aplicar mais de 300 doses em um único dia. O principal legado é: quem não ia a uma unidade de saúde há anos também percebeu a necessidade de completar todo o calendário vacinal. “As pessoas viram que é necessário e se conscientizaram”, pontua.

No dia a dia, ele conta ter animação especial pelas chamadas ações extramuros, quando as equipes da SES-DF são mobilizadas para atuar em espaços como feiras, praças, parques e shoppings. As escolas, porém, estão em primeiro lugar na sua preferência. “Um menino de 10 anos ficou tão feliz em ser vacinado que voltou depois e me deu uma lapiseira de presente. Foi a forma dele de agradecer”, lembra o enfermeiro.

A vacinação em escolas é uma das estratégias da Secretaria de Saúde para ampliar a cobertura vacinal

Com a experiência de ter atuado em hospitais, Lucas diz que um dos principais orgulhos de trabalhar em prol do PNI é poder enxergar a saúde não apenas como a cura de doenças, mas como garantia do bem-estar. “Quanto mais pessoas eu atendo, menos elas vão ficar doentes ou internadas. E eu faço parte dessa história”, celebra.

2,5 mil servidores envolvidos

A SES-DF conta com cerca de 2,5 mil servidores que atuam direta ou indiretamente nas ações de vacinação. São habilitados para a aplicação das doses técnicos em enfermagem, enfermeiros, médicos, odontólogos e farmacêuticos com formação específica. Porém, o dia a dia também inclui equipes envolvidas na definição de estratégias, diálogo com instituições parceiras, transporte, preparação das vacinas, acolhimento do público, emissão e registro de cartões de vacinação, manutenção de equipamentos, comunicação e controle de estoques, dentre outras atividades.

“O aniversário do PNI é um marco. É meio século de existência do melhor e maior programa de imunização do mundo. E isso só é possível graças ao trabalho dos servidores, dos vacinadores que estão na ponta e todos os envolvidos”, afirma a gerente da Rede de Frio Central da SES-DF, Tereza Luiza Pereira.

Avanço na logística

Localizada no Parque de Apoio da secretaria, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), a Rede de Frio Central conta com uma câmara de 63 m³ que permanece 24 horas a temperaturas entre 2º C e 8º C, índices indicados para a maioria dos imunobiológicos. Também há oito câmaras científicas de 2 mil litros e sete de 400 litros, com temperaturas ajustáveis. Completa o parque tecnológico três freezers capazes de manter o interior a -80º C e dois para -20º C. Há ainda sistemas duplicados para garantir o funcionamento e, ao menor sinal de falha, ligações automáticas são feitas para celulares de técnicos responsáveis.

A Rede de Frio Central é capaz de armazenar, se necessário, até 600 mil doses de vacinas e ampolas, tudo transferido pelo Ministério da Saúde (MS), por meio do PNI. Ao GDF, cabe a aquisição de todos os demais insumos necessários à imunização, como seringas, caixas térmicas, termômetros e os chamados “gelox”, para garantir a manutenção da temperatura.

De segunda a quinta-feira, veículos fazem a distribuição dos estoques entre UBSs e hospitais. Dependendo do porte, uma única UBS pode ser abastecida com até 20 mil doses. “A partir de 2019, houve uma renovação do parque tecnológico de toda a SES-DF. Compramos quase 400 câmaras de vacinas, tirando as geladeiras domésticas. Isso permitiu que melhorássemos a qualidade e ampliássemos a capacidade de atendimento”, acrescenta Tereza.

Com 29 servidores, a Rede de Frio também é responsável por emitir as orientações gerais para a vacinação no DF e faz o treinamento das equipes. O foco é assegurar o mesmo padrão em todas as salas de vacina e promover a troca de conhecimento entre servidores de diversas regiões, sobretudo para garantir a segurança de ações realizadas fora das unidades de saúde.

“O maior desafio é tentar dar acesso sem perder vacinas. Há aquelas que vencem muito rápido depois que abre o frasco, e, se a população não aparecer, perdemos os imunizantes”, explica a gerente da Rede de Frio. No caso da BCG, por exemplo, um frasco contém 20 doses e, após aberto, é possível utilizá-lo por apenas seis horas. Por isso, a estratégia é ter um número limitado de locais, com horário definido. Em UBSs de regiões rurais também há atendimento em dias estabelecidos.

Entre normas técnicas, cálculos e diálogos constantes sobre a melhor forma de levar a vacina para a população, Tereza diz se sentir realizada como servidora por poder atuar na área. “Não é mais um trabalho. Costumo falar que faço o que eu amo, e faço com amor. Desde que entrei na minha vida pública, eu entrego aqui o que eu gostaria que meus colegas entregassem aos meus familiares”, afirma.

Além das vacinas

Hoje, além das 20 vacinas previstas no calendário de vacinação básico, o PNI também inclui soros e imunoglobulinas de origem animal e humana utilizados para tratamentos específicos, como é o caso de picadas de animais peçonhentos. Ao todo, são 49 imunobiológicos distribuídos pelo MS e incluídos nas ações diárias de estados, municípios e DF.

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