Por Michelle Horovits
Frente ao aumento gradativo do número de casos de Transtorno do Espectro Autista (TEA), o governo do Distrito Federal, por meio da Secretaria de Saúde (SES-DF), realizou um curso de capacitação focado na melhoria da abordagem a esse grupo de pacientes. Entre os dias 9 e 10 de novembro, a qualificação abordou maneiras de uniformizar as orientações da linha de cuidado do TEA e os principais equipamentos disponíveis na rede pública.
Os temas focaram, principalmente, nas características e nas especificidades do paciente com o transtorno, no impacto da intervenção precoce; e no papel da família, da escola e dos terapeutas. “Nós fazemos a saúde no DF e vamos ser multiplicadores de informação. Os servidores vão sair daqui com um novo olhar sobre a linha de cuidado do TEA”, declarou a diretora de Serviços de Saúde da Atenção Secundária, Juliana Queiroz, durante a abertura do curso.
Em setembro de 2023, a Linha de Cuidado da Saúde da Pessoa com TEA foi aprovada pelo Conselho de Gestão da SES-DF e publicada no Diário Oficial do DF. A iniciativa teve o intuito de definir pontos de atenção, competências e organizar os fluxos assistenciais que favorecem o acesso e a atenção integral à saúde desse público.
De acordo com a Referência Técnica Distrital (RTD) de Terapia Ocupacional, Lídia Isabel, um dos ganhos proporcionados pelo curso é a melhor orientação aos profissionais em relação aos serviços disponibilizados pela rede. “Nossas 400 vagas acabaram em 24 horas, e percebemos que essa era uma demanda de todos os níveis da saúde, da Atenção Primária a Terciária”, revela.
Cuidado
Estima-se que mais de 13 mil pessoas tenham o diagnóstico de TEA no DF. Para oferecer o suporte necessário a quem precisa, a rede de saúde dispõe de quatro centros especializados em reabilitação (CERs), cujo foco é o atendimento, o diagnóstico e o tratamento desse transtorno.
Um deles, localizado no Hospital de Apoio (HAB), destaca-se no atendimento às famílias e crianças. Criado em 2016 para acolher pacientes com a síndrome congênita associada à infecção pelo vírus zika, o centro no HAB é referência na assistência e no tratamento de jovens de até 14 anos com TEA. “O importante é que a criança seja diagnosticada o mais cedo possível, de preferência antes dos 4 anos, pois nessa faixa etária o tratamento multidisciplinar é crucial ao seu bom desenvolvimento”, afirma a neuropediatra da unidade Denize Bonfim.
O CER do HAB funciona de segunda a sexta-feira, exceto às quartas-feiras. Somente em 2022, foram registrados mais de 1,8 mil atendimentos. A cada semana, o centro recebe, em média, oito novas crianças para iniciar o tratamento.
Acolhimento
Danuzia Nunes Rosa é avó da jovem Ana Clara Nunes, de 17 anos, atendida pelo Adolescentro. “O atendimento aqui é maravilhoso”, diz. “A Clarinha tem TEA nível 2 e faz atendimento de tudo no centro: fonoaudiologia, fisioterapia, terapia ocupacional. Sinceramente, não sei o que faríamos sem esse lugar. Ela teve um desenvolvimento muito bom com o acompanhamento correto”, relata. Presente na capacitação da SES-DF, Danuzia apresentou o caso da neta aos servidores participantes.
O ambulatório de saúde mental infanto-juvenil Adolescentro funciona há 24 anos. A unidade atende o público de todo o DF e possui equipe composta por pediatra, hebiatra (pediatra especialista em adolescência), psiquiatra, homeopata, ginecologista, neuropediatra, enfermeiro, técnico de enfermagem, psicólogo, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, assistente social, odontólogo e técnico de higiene dental.