Por Kleber Karpov
A afirmação da ministra da Saúde, Nísia Trindade, ocorreu na quarta-feira (31/Jan), durante visita uma das tendas de atendimento a casos de dengue no DF, na Administração Regional de Ceilândia. A gestora do Ministério da Saúde (MS), lembrou que embora o país possa contar com uma vacina, ainda há limitações em termos de quantitativos, por parte do fornecedor da Qdenga.
“A vacina é nosso instrumento de esperança em relação a um problema de saúde pública que tem quase 40 anos. Finalmente, temos vacina. Temos que celebrar. Mas, a vacina, no quantitativo que o laboratório tem hoje para nos entregar e sendo uma vacina de duas doses, numa situação como a que vivemos hoje, não pode ser apontada como solução. Se o Ministério da Saúde fizesse isso, ele estaria errado. [A vacina] não pode ser apontada como solução para esse momento agora,” observou.
Sobre a vacina contra a dengue, a ministra ressaltou: “é um instrumento de esperança em relação a um problema de saúde pública que tem quase 40 anos. Temos que celebrar, mas ela não pode ser apontada como a única solução. Neste momento, temos que lidar fazendo o controle dos…
— Ministério da Saúde (@minsaude) January 31, 2024
Limitações
Importante salientar que a Qdenga foi homologada pela Agência Nacional de Vigilãncia Sanitária (Anvisa), em março de 2023e incorporada ao SUS em dezembro do mesmo ano. O imunizante, fabricado pela empresa japonesa Takeda Pharma é o primeiro desenvolvido para combater a dengue e, o Brasil é o primeiro e único país a ter acesso ao medicamento.
Sob essa ótica, o SUS deve receber, em um primeiro momento, um total de 5,2 milhões de doses, o suficiente para imunizar se vacinar apenas 3 milhões de pessoas, uma vez que o esquema vacinal prevê duas doses.
Com tal limitação, embora a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomende a imunização de grupo entre os 6 e 16 anos, o Distrito Federal, por exemplo, tem como público-alvo, para esse ano, crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. Faixa etária essa com maior número de hospitalização por dengue, depois de pessoas idosas, grupo para o qual a vacina ainda não foi liberada pela Anvisa. No DF, esta população é estimada em 194 mil pessoas.
Prioritário
Com quase três vezes mais incidência de casos de dengue que os estados brasileiros, o DF entrou na lista das localidades com prioridade para recebimento do imunizante. De acordo com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação E-SUS Sinan, da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde (MS), acumulado até 31 de janeiro, o DF dobrou praticamente todos os números, em relação aos quantificados na última semana.
A capital do país contabilizou 31.236 casos prováveis, um aumento de 49,75% em relação aos números 15.542 registrados na semana anterior, com coeficiente de incidência que passou de 551,7 para 1.108,8 casos por 100 mil habitantes. O registro de óbitos passou de três para sete mortes confirmadas e outras 23 estão em investigação, contra as 12 do boletim anterior.
Controle dos focos
“Neste momento, agora, temos que lidar, principalmente, fazendo o controle dos focos e cuidando de quem adoece por dengue. Essas são as medidas. A vacinação vai seguir todos os critérios de prioridade que já divulgamos amplamente, definidos junto a estados e municípios, priorizando uma faixa da população. A faixa mais vulnerável é a população idosa, mas não temos vacina autorizada para essa faixa. Por isso eu digo: a vacina é um instrumento. Não é o único e não é o de maior impacto neste momento,” finalizou a ministra.