Por Edgar Lisboa
Os avanços da inteligência artificial no jornalismo geram medo e aguçam a criatividade. De um lado, os entusiasmados e, talvez, mal informados que pretendem a substituição de 100% dos humanos por robôs e, por outro, os que não querem nem ouvir falar da IA como ferramenta de apoio. São decisões difíceis, com instrumentos desconhecidos e que assustam mesmo os mais bem informados.
Legislação Punitiva
O certo é que muitos defendem uma legislação punitiva para definir as regras no que chamam, por enquanto, de “uma terra de ninguém”. Deputados e senadores devem se debruçar, no retorno das atividades legislativas, a partir da próxima semana, sobre IA e Fake News, temerosos, principalmente, com a utilização dessas ferramentas nas eleições municipais deste ano.
ANJ atuando forte
A Associação Nacional de Jornais tem sido bastante atuante, na discussão a respeito da Inteligência Artificial. O presidente-executivo da ANJ, Marcelo Rech, disse ao Repórter Brasília que “nossa principal preocupação, no momento, além da desinformação proporcionada pela inteligência artificial generativa, é o uso desautorizado dos conteúdos jornalísticos”. O presidente da ANJ argumenta que “as ferramentas da inteligência artificial fazem uma varredura em todos os conteúdos digitais disponíveis, com ou sem muros de proteção e capturam esses conteúdos para os seus modelos.
Conteúdos jornalísticos
Marcelo Rech afirmou que a estimativa é que o ChatGPT esteja baseado em três pilares: “um terço de conteúdos jornalísticos, extraídos de sites jornalísticos de todo o mundo, um terço de organizações não governamentais, empresas e governo e um terço, baseado em conteúdos produzidos pelas academias, pelos centros de pesquisa, universidades e assim por diante”.
Uso desautorizado
“O uso desautorizado de conteúdos é uma violação dos direitos autorais”, alerta Marcelo Rech. Ele cita o exemplo do New York Times, que está processando, com uma ação milionária pública, nos Estados Unidos, a OpenAI, que é a proprietária do ChatGPT. “Nós aqui na ANJ, lançamos internamente um guia para que os conteúdos jornalísticos sejam bloqueados para o uso não autorizado. Nós defendemos que haja uma negociação entre os desenvolvedores de inteligência artificial e os veículos de comunicação, para que se chegue a um acordo de utilização desses conteúdos. Que sejam autorizados, mas mediante, obviamente, o pagamento dos direitos autorais, uma remuneração de acordos que sejam interessantes de lado a lado”.
Respeito aos direitos autorais
Marcelo Rech afirmou que “a ANJ espera também que o Congresso, que começa a discutir a regulação da inteligência artificial, leve em consideração o respeito aos direitos autorais daqueles que produzem conteúdos intelectuais, como são os veículos jornalísticos”.
Texto de convergência
Enquanto isso, no Senado, o relator da proposta, o senador Eduardo Gomes (PL/TO) quer ampliar os debates e busca “um texto de convergência” sobre o tema.