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06 out 2024 04:20


Sem novidade em anúncio para o Senado, Ibaneis passa bastão para Celina leão

Com plena confiança na Leoa, governador abre caminho para mais autonomia de gestão à provável futura chefe do Executivo

Por Kleber Karpov

A imprensa do DF entrou em alvoroço, na quinta-feira (18/Abr), após o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), ratificar anúncio de março de 2023, sobre se desincompatibilizar em 2026 para concorrer ao Senado Federal nas eleições daquele ano. À época, o chefe do Executivo apontou que a vice-governadora, Celina Leão (Progressista) deve assumir o governo e será a sucessão natural, de escolha do mandatário do Buriti à sucessão.

O caso foi abordado pela própria Celina Leão, em entrevista ao Rádio Corredor Podcast, comandado pelo jornalista, Odir Ribeiro (9/Dez/2023), ocasião em que a vice-governadora apontou ser um processo natural, embora tenha dito que a dupla estava focada em trabalhar e não em campanha eleitoral.

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De volta a atualidade, Rocha, durante evento em que anunciou de investimento de R$ 133 milhões para construção do Hospital do Recanto das Emas (HRE)(18/Abr), foi categórico em anunciar as aspirações políticas para o futuro. “Eu pretendo me candidatar ao Senado em 2026. Celina assume para concluir o governo, e talvez, se for da vontade dela, deve ser candidata à reeleição. Então a gente tem aí a previsão de entrega desses hospitais em um prazo de 24 meses, mas, se ultrapassar alguma coisa, ela faz a entrega em nosso nome”.

Tabuleiro

A declaração de Rocha, segundo analistas, além de abrir um precedente que pode alterar o jogo político, tanto em relação à disputa às duas vagas ao Senado, para 2026, também pode mexer com o tabuleiro de apoios e oposições em relação à eleição de Celina Leão. Muito embora, seja praticamente consenso, mesmo entre forças opositoras, o peso no nome da Leoa, como é carinhosamente chamada, possa ser batido em uma disputa eleitoral, dado a conjuntura atual das composições políticas do DF.

Passou o bastão

Porém, em uma leitura pragmática de PDNews, Rocha foi muito além de um simples anúncio de pretenções políticas futuras e passou o bastão para Celina Leão tomas as rédeas de decisões relevantes que devem impactar, diretamente, o próximo mandato, ao que tudo indica na condição natural de sucessora do chefe do Buriti.

Iniciativa essa que permite à Celina Leão poder lidar, em especial, com questões extremamente sensíveis, em âmbito de gestão pública, com um alargamento de mais de dois anos, em contraponto aos oito meses, tradicionais, da desincompatibilização de Rocha para concorrer ao Senado.

Muito embora, se por um lado, Celina Leão ganha mais tempo, por outro, passa a ser, a fiel depositária, do sucesso da eleição para governadora, ou de eventual fracasso. Afinal, com mais liberdade para conduzir e estabelecer as políticas públicas do governo, conseguir endossar a atual popularidade e reter as alianças políticas para a eleição, dependem quase exclusivamente da Leoa.

Pontos sensíveis

Em uma avaliação sobre os últimos governos, sem demérito a outros segmentos da sociedade brasiliense, a Saúde Pública sempre foi uma dos principais temas sensíveis e centrais ao governo. Desde a gestão Roriz, por inaugurar o atendimento de pacientes no chão do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), até a atual gestão da dupla Rocha e Celina Leão.

Sob vários prismas, ao longo dos últimos 20 anos, a pasta enfrentou problemas sérios voltados ao déficit do funcionalismo público, ao impacto de terceirizações, a omissões de governos e gestores e ainda em relação a corrupção, sempre a estancar a pasta que mais recebe recursos do Governo do Distrito Federal.

Vale ressaltar, em relação, a atual gestão e a anterior, de Rocha com o ex-vice-Governador do DF, Paco Britto (2019/2022), o impacto do coronavírus. A Covid-19  comprometeu exponencialmente todo o processo de gestão da saúde pública entre 2020 e 2023, e ainda após declaração do fim da pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em maio de 2023, dado as demandas reprimidas, provenientes de realizações de cirurgias eletivas e atendimentos ambulatoriais represados desde 2020.

Também não se pode esquecer, da Dengue, que muito embora conte com uma possível omissão do governo, em 2023, para com as ações sazonais necessárias a evitar a eclosão dos ovos do aedes aegypti, para conter as ações do mosquito causador da dengue, em 2024, fato é que a epidemia que alcançou o DF, conforme pondera o próprio Ministério da Saúde e a própria OMS, está longe de ser um fato isolado e tem relação com alguns fenômenos globais.

Sob a ótica da saúde, cabe a Celina Leão tentar fazer a leitura, para além do censo óbvio, em especial para com a necessidade de reposição de recursos humanos dentro da rede pública de saúde, com a realização de concurso público, algo que deve corroborar, também para o equilíbrio da manutenção da carteira previdenciária dos servidores que se aposentam.

E ainda no que tange a saúde, a cautela em eventual adoção da terceirização ou quarteirização de serviços estratégicos ou sensíveis, sob pena de incorrer em problemas graves, a exemplo de crises passadas amplamente acompanhadas por Celina Leão, à época no Legislativo, sobre contratos de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), Lavanderias e até de refeições a servidores, pacientes e acompanhantes. Ou ainda de crises com falta de atuação de especialistas na rede, como o déficit de profissionais para atender algumas especialidades médicas, como os anestesiologistas, pediatras   

Confiança

“Eu e Celina somos parceiros, amigos e fiquei muito feliz em ver uma mulher com a força que Celina tem, administrando o Distrito Federal, então estou muito tranquilo.”

Ibaneis Rocha
governador do DF

Se por um lado, Celina Leão conta com muitos desafios, por outro lhe sobra sagacidade, competência e bons exemplos, sob a ótica da gestão, a começar pelo próprio governador. Sob essa ótica ao anunciar, antecipadamente, a disputa para o senado, Ibaneis, volta a endossar, a exemplo do que fez ao retornar ao governo em março de 2023, a confiança na gestão por parte da vice-governadora.

Resposta rápida

Celina Leão atende comunidade da Vila Cauhy – Foto: George Gianni/VGDF

Para quem acompanha atentamente a gestão do DF, devem ter observado que, em decorrência das férias de Ibaneis desde dezembro de 2023, Celina Leão entrou 2024 a ter que lidar com o então, aumento substancial de casos de dengue no DF.

Sem pestanejar, a Leao reuniu e mobiliou todo o governo para dar respostas rápidas e por diversas frentes do Executivo à contenção do que acabou por se confirmar ser uma epidemia. Mesmo após o retorno de Rocha, a vice-governadora, permaneceu e permanece a atuar as linhas de frente do combate a dengue.

Celina Leão também se mobilizou em outras frente, como a mobilização do governo para dar respostas rápidas as comunidades atingidas pelas enchentes e fortes chuvas de janeiro, em especial na Vila Cauhy e da Região Administrativa Sol Nascente.

Obviamente

Rocha, deve continuar a promover o protagonismo na gestão do DF, afinal, embora tenha demonstrado ter capacidade de gestão, mas sobretudo, força ao anunciar candidatura ao governo em 2018 quando o ‘outsider político’ contava com 2% das intenções de votos e foi, eleito por 70% do eleitorado, além de se manter com a popularidade de 63,6%, conforme aponta a última pesquisa realizada sobre o governo do DF, pelo instituto Paraná Pesquisas e divulgado em 2 maio de 2023.

Mas, no que depender do governador, ao que tudo indica, Celina Leão deve passar a dar muitas cartas. A Leoa, por sua vez, deve manter a disposição de enfrentar enxurradas, se embrenhar na lama para ver de perto e resolver os problemas da população e se precisar, passar o trator por cima dos problemas do DF. Que venha a governadora.

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