Por Michelle Horovits
As equipes multiprofissionais da Secretaria de Saúde (SES-DF) que atendem pessoas em situação de rua no Distrito Federal aumentaram de cinco em 2023 para sete em 2024, totalizando mais de 70 profissionais dedicados. Exames, tratamentos e laudos são oferecidos para essa população, além de cuidado e acolhimento. Ao longo de 2023, as equipes realizaram mais de 21 mil procedimentos. Cada um desses atendimentos é uma história de esperança e resiliência, em que médicos, enfermeiros e assistentes sociais se unem para fazer a diferença na vida daqueles que enfrentam dificuldades.
Para atender as vulnerabilidades específicas dessa população, a pasta planeja expandir para oito equipes e capacitar os servidores que enfrentam desafios diários nessa tarefa. “Com uma abordagem itinerante, as equipes enfrentam desafios, desde construir vínculos com uma população itinerante, a descontinuidade de tratamento para pessoas que precisam de tratamento continuo entre outros. Mas uma coisa é certa – cada pessoa conta, cada história importa, e cada vida é digna de cuidado e respeito”, destaca a gerente de Gerência de Atenção à Saúde de Populações em Situação Vulnerável e Programas Especiais (GASPVP), Juliana Soares.
“É importante ressaltar que houve uma significativa expansão no planejamento estratégico de gestão da saúde no Distrito Federal, por meio da Programação Anual de Saúde (PAS), foi incorporada a ampliação das equipes de Consultório na Rua”, destaca a gerente e acrescenta que as ações são promovidas em parcerias com as secretarias de Desenvolvimento Social e de Cidadania e Justiça, além de outros órgãos. “A proteção social tem que caminhar alinhada com as políticas de saúde”, defende.
A pasta investiu em dois novos veículos para atender as Regiões de Saúde Central (Asa Sul, Asa Norte, Cruzeiro, Lago Norte, Varjão e Vila Planalto) e Sudoeste (Águas Claras, Recanto das Emas, Samambaia, Taguatinga e Vicente Pires), onde ocorrem o maior número de cadastros de pessoas em situação de rua. Em 2023, a região de Taguatinga realizou cerca de seis mil procedimentos, 40% do total.
As atuais sete equipes de Consultório na Rua (eCR) estão distribuídas pelas Regiões de Saúde e atendem:
⦁ eCR Asa Norte: Eixo Monumental (incluindo rodoviária do Plano Piloto), Asa Norte, Vila Planalto, Lago Norte e Varjão
⦁ eCR Asa Sul: Asa Sul e Vila Telebrasília (incluindo rodoviária interestadual), Cruzeiro, Sudoeste, Octogonal e Lago Sul
⦁ eCR Centro-Sul: Candangolândia, Estrutural, Guará, Park Way, Núcleo Bandeirante, Riacho Fundo I, Riacho Fundo II, Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), Setor Complementar de Indústria e Abastecimento (SCIA)
⦁ eCR Sul: Gama e Santa Maria
⦁ eCR Leste: Paranoá, Itapoã, São Sebastião e Jardim Botânico
⦁ eCR Oeste: Brazlândia e Ceilândia
⦁ eCR Sudoeste: Águas Claras, Recanto das Emas, Samambaia, Taguatinga e Vicente Pires
Desafios
O presidente do Instituto Barba na Rua, Rogério Barba, que existe desde 2015 e atua em contato direto com pessoas em vulnerabilidade urbana, ressaltou que é importante um olhar mais sensível à população que vive nas ruas. “É importante esses profissionais e carros nas ruas para oferecer qualidade no atendimento e criar um vínculo. Toda as cidades hoje têm uma população em situação de rua”, aponta.
Rogério Barba viveu nas ruas por 25 anos. Mas, depois de se recuperar do vício e conseguir se estabelecer, ele criou em 2015 um instituto que leva apoio para essa população. Conforme pesquisa de 2022, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania concluiu que o DF tem 7.924 pessoas em situação de rua.