Por Michelle Horovits e Yuri Freitas
No dia 25 de maio, o mundo celebra o Dia Internacional da Tireoide. O objetivo é aumentar a conscientização sobre os problemas na glândula e os desafios enfrentados pelos indivíduos com distúrbios tireoidianos. A prevenção é ainda a melhor forma de evitar complicações mais graves, sendo o autoexame e o acompanhamento por profissionais de saúde peças-chave na detecção precoce da doença.
A partir dos 40 anos, é recomendada a dosagem anual do hormônio tireoestimulante (TSH) junto à checagem de colesterol, triglicérides e glicemia. O exame facilita a identificação do hipotireoidismo e do hipertireoidismo subclínicos, quando a desregulação existe, mas ainda é inicial. Dessa forma, o tratamento pode ser iniciado e apresenta melhores resultados.
Os distúrbios da tireoide podem se manifestar, principalmente, de duas formas: hipotireoidismo, quando há produção insuficiente de hormônios; e hipertireoidismo, quando há produção excessiva. Ambas podem surgir em qualquer etapa da vida e são facilmente diagnosticáveis com exames específicos.
“Informações sobre as doenças da tireoide são essenciais para garantir que as pessoas estejam atentas aos sinais e sintomas que possam indicar problemas na glândula”, reforça a referência técnica distrital (RTD) de Endocrinologia da Secretaria de Saúde (SES-DF), Flávia Franca Melo.
Entre os sintomas mais comuns do hipotireoidismo, segundo a especialista, estão fadiga, ganho de peso, depressão, pele seca e intolerância ao frio. Já no hipertireoidismo, os sinais incluem perda de peso, irritabilidade, palpitações, sudorese excessiva e intolerância ao calor.
Riscos e tratamentos
Pessoas que possuem casos de distúrbios na tireoide no círculo famíliar devem redobrar os cuidados. Nessa situação, o médico pode recomendar que o acompanhamento do TSH inicie antes dos 40.
Há dois anos em tratamento na rede pública, Bruna de Araújo, 42, desconfiou que também poderia ter hipertireoidismo, como a mãe. “Achei estranho sentir tantos sintomas parecidos com os dela e, por isso, fui a uma Unidade Básica de Saúde [UBS] para fazer exames. E tinha razão”, conta a moradora do P Sul.
Lúcia Madalena de Araújo, mãe de Bruna, tem 69 anos e, desses, viveu 20 com a doença sem obter diagnóstico. “Foi uma médica da UBS que descobriu que eu tinha hipertireoidismo. Hoje, vou de três em três meses ao Centro Especializado em Diabetes, Obesidade e Hipertensão Arterial [Cedoh] para acompanhar e tomo um medicamento de reposição ou suplementação do hormônio T4 que pego na farmácia do Sistema Único de Saúde [SUS]”, relata.
Em cada caso, explica Melo, haverá a indicação do melhor tratamento, podendo ser por meio de remédios ou pela remoção da tireoide, com base em exames como dosagens hormonais, punção aspirativa e ultrassonografia. “Quando o paciente descobre que tem nódulo de tireoide, dependendo do tamanho e das características, é preciso realizar uma punção. Tanto o clínico da UBS quanto o endocrinologista da rede especializada podem solicitar”, explica. “Se o resultado apontar que o nódulo é maligno, a pessoa recebe a indicação de fazer uma cirurgia”, acrescenta a RTD.
Após investigação médica, Maria Rosilene Silva de Souza, 71, descobriu caroços na tireoide. “Fui encaminhada ao endocrinologista, que pediu exames para determinar se os caroços eram malignos. Felizmente, eram benignos, e agora só preciso acompanhar para garantir que não cresçam. Estou bem mais tranquila”, diz aliviada.
Em condições muito específicas, a SES-DF disponibiliza ainda um tratamento com iodo radioativo, indicado a casos de hipertireoidismo, especialmente quando há dificuldades em controlar a doença com remédios antireoidianos, presença de comorbidades ou recidiva após a cirurgia. Nessa opção, o acompanhamento médico deve ser contínuo para garantir a eficácia do procedimento e a segurança do paciente.
Onde buscar ajuda?
A porta de entrada para quem suspeita de doenças na tireoide são as UBSs, onde ocorre o primeiro atendimento. Havendo indicação médica, o paciente é direcionado aos ambulatórios especializados.