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22 nov 2024 01:09


CLDF presta homenagem aos 18 anos da Lei Maria da Penha

A delegada de polícia Karen Langkammer falou sobre o desafio enfrentado para oferecer às vítimas de violência doméstica um ambiente de acolhimento nas unidades de polícia

Por Christopher Gama

Os 18 anos da entrada em vigor da Lei Maria da Penha (lei nº 11.340/2006) foram tema de sessão solene realizada no plenário da CLDF nesta terça-feira (6). No encontro, agentes públicos ligados à defesa dos direitos da mulher falaram a respeito dos significativos avanços possibilitados pela lei e sobre os desafios relacionados à conscientização social para o fortalecimento do combate da violência doméstica e ao feminifídio.

A idealizadora da cerimônia, deputada Doutora Jane (MDB), destacou que a lei foi o passo inicial para a criação de um arcabouço de novas normas que vieram para fortalecer a proteção aos direitos básicos femininos, a exemplo da lei nº 13.104/2015, que incluiu o feminicídio no rol dos crimes contra a vida; e da lei nº 12.845/2013, também conhecida como Lei do Minuto Seguinte, que estabelece que vítimas de violência sexual têm direito a atendimento obrigatório e gratuito no minuto seguinte à agressão.

deputada Doutora Jane (MDB) – Foto: Rinaldo Morelli/CLDF

A deputada salientou, no entanto, que para o combate efetivo à violência contra a mulher, além da criação de normas, o poder público deve se empenhar em colocar em prática o rol de leis que já existem.

“Nós temos uma legislação robusta, potente. O nosso desafio é torna-la efetiva para que nossas mulheres parem de morrer. Não é uma luta só das mulheres, é uma luta de toda a sociedade”, declarou.

Acolhimento

A delegada de polícia Karen Langkammer falou sobre o desafio enfrentado para oferecer às vítimas de violência doméstica um ambiente de acolhimento nas unidades de polícia. Para ela, os agentes públicos precisam prover um atendimento que respeite a condição da vítima, que já se encontra fragilizada pela situação e não pode ser duplamente violentada em seus direitos.

“Muitas vezes, a única porta de chegada para essas mulheres é a delegacia de polícia. Temos que ofertar a elas muito mais que uma mera ocorrência policial ou requerimento de medida protetiva. Temos que buscar a prevenção”, afirmou a delegada.

Na mesma linha, a presidente da comissão da mulher da associação brasileira de advogados do DF, Gláucia Souto, contou que a legislação e a atuação do Estado precisam aprimorar o combate para as diversas formas de violência, além dos tipos de violência elencados legalmente (física, psicológica, sexual, patrimonial e moral). Souto cita a violência obstétrica e emocional como exemplo de casos que merecem atenção constante do Estado e conscientização da sociedade. “Precisamos combater o machismo estrutural”, pontuou.

Feminicídio no DF

O juiz de direito Ben-hur Viza, que atua no juizado de violência doméstica do Núcleo Bandeirante, falou da atuação do Poder Judiciário em conjunto com outros agentes públicos como o Ministério Público, a Câmara Legislativa e a Defensoria Públicas para o combate proativo aos casos de feminicídio no Distrito Federal. Ele lembrou que, no primeiro semestre do ano passado, foram registradas 22 ocorrências de feminicídio na capital e que neste ano esse número caiu para sete casos no mesmo período.

Para o magistrado, a redução no número está relacionada à interação conjunta entre esses órgãos e também ao papel da imprensa na divulgação e conscientização do público. “Uma ação conjunta entre as polícias e o trabalho de inteligência são essenciais para o combate”, defendeu.

Representando a Defensoria Pública do DF, Emmanuela Saboya, citou iniciativas complementares implementadas no âmbito do órgão voltadas à temática, a exemplo do projeto “Dia da Mulher”, que busca contribuir para a melhoria da qualidade de vida das mulheres em situação de vulnerabilidade do DF por meio de ações integradas que promovem o acesso a serviços de qualidade, aos direitos e à inclusão social. Saboya afirmou que o programa já atendeu mais de 22 mil mulheres e está em sua 15ª edição.

Outro projeto em vigor é o “RenovAÇÃO Homens”, que visa a reflexão dos comportamentos violentos em atitudes construtivas por parte dos agressores. Mais de 600 homens já foram submetidos ao programa. “A Defensoria é um local que procura dar a sensação de abraço, de carinho. Uma rede de acolhimento, que protege, que é valente, como as mulheres do nosso Brasil”, pontuou a defensora.

A secretária da mulher, Giselle Ferreira, agradeceu à Câmara pelas diversas iniciativas que vêm ajudando o governo a combater a violência de gênero no DF, com a Lei do órfão do feminicídio (lei nº 7.314/2023), que estabelece medidas de assistência financeira e psicossocial, em caráter temporário, aos órfãos de feminicídio e a lei n° 7.538/2024, que cria o “Mulher, Não se Cale” – um canal de denúncia disponível nos sítios eletrônicos e aplicativos da administração direta, autárquica e fundacional do Distrito Federal.

Giselle Ferreira, Secretária da Mulher – Foto: Rinaldo Morelli/CLDF

Doutora Jane citou iniciativas próprias como a lei que cria o Comitê de Proteção à Mulher no DF. Buscando o acolhimento das mulheres vítimas de violência doméstica e em situação de vulnerabilidade, o texto da lei determina que, em cada região administrativa deve haver, no mínimo, um Comitê de Proteção à Mulher como órgão integrante da administração pública local, composto de cinco membros, nominados comissários de proteção à mulher.

Ao final da cerimônia, a Casa entregou moções de louvor às participantes pelo trabalho que vêm realizando em prol da defesa dos direitos das mulheres. A sessão solene teve transmissão ao vivo pela TV Câmara Distrital (Canal 9.3) e pelo YouTube da CLDF.

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