No aniversário dos 30 anos da retomada da democracia brasileira, milhares de brasileiros saíram às ruas desde a manhã de Domingo (15/Mar), para pedir por mudanças. Entre dados estimados pela Polícia Militar e por grupos organizadores mais de 1,5 milhões de pessoas tomaram as principais capitais do país para se manifestarem.
Entre os principais motivos das manifestações estão temas a exemplo da corrupção, principalmente o episódio mais recente, o chamado ‘Petrolão’ em que estão sob investigação, dezenas da cúpula política brasileira por suposto envolvimento em desvio de dinheiro da Petrobrás, investigados na operação Lava Jato da Polícia Federal; o descrédito de políticos e legendas partidárias, principalmente do PT, PP e PMDB; o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) pela crise financeira, descumprimento de promessas de campanha e até por suposto envolvimento com o Petrolão; e também pela defesa aberta do retorno da ditadura militar.
Políticos não são bem-vindos
Alguns políticos foram responsáveis por ajudar a fazer a convocação popular, a exemplo do senador, Aécio Neves (PSDB), ou ainda dos deputados federais, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical (SD-SP), Jair Bolsonaro (PP-RJ), Izalci Lucas (PSDB-DF). No entanto as manifestações populares não estavam abertas aos políticos.
Neves e o governador de São Paulo, Geraldo Alkimin (PSDB-SP) preferiram não participarem ativamente dos protestos, Bolsonaro tentou, mas foi impedido a falar em carro de som. Paulinho, preferiu não correr o risco. Embora nem todos devessem pagar pelos erros dos outros, esse fenômeno pode ser facilmente explicado.
De acordo com a professora Ana Maria: “Nós já não acreditamos mais em políticos, nós queremos um país melhor, sem corrupção e os políticos só sabem fazer promessas e depois esquecem. A Dilma fez isso com a gente. Ela prometeu, mentiu nas propagandas e debates e depois que ganhou as eleições, nos descobrimos que tudo que ela falou era mentira.” Afirma Maria.
30 anos de redemocratização
No dia do aniversário de 30 anos da redemocratização do país, a sociedade brasileira, há um terço desse período é comanda pelo PT, que apenas engatinhava em 1985. O Partido se consolidou em defesa dos trabalhadores, no meio sindical.
O líder do PT, o ex-sindicalista e ex-presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, chegou a presidência da república em 2002, porém apenas o conseguiu após romper com os princípios ideológicos do partido a exemplo de ameaças antigas de dar calote no Fundo Monetário Internacional (FMI) ou ainda de ‘endurecer’ com as multinacionais.
Lula mudou não só o discurso após se eleger, mas também o contraste entre ricos e pobres. Com uma política assistencialista, durante o primeiro mandato o ex-operário promoveu algumas revoluções na educação, reduziu a desigualdade social, pagou a dívida com o FMI e até manteve o país estável enquanto o mundo enfrentou a crise do boom imobiliário nos EUA em 2009, que afetou o mercado financeiro em todo o mundo.
No entanto para garantir a governabilidade Lula apostou em coalisões e coligações dúbias e supostamente se deixou corromper. O escândalo do ‘Mensalão’ veio como um precipício para o PT e para o país. Lula conseguiu sair ileso, eleger o ‘poste’, Rousseff.
Porém, o PT passou a se tornar manchete, nos principais jornais e telejornais do país, pelo envolvimento da cúpula petista com o episódio do mensalão que levou para a prisão a cúpula petista, entre eles o ex-chefe da Casa Civil, José Dirceu, o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, o ex-ministro da Fazenda, Antônio Palocci, o então presidente do PT, José Genuíno e o presidente da Câmara Federal , João Paulo Cunha.
Desde então o Partido mantem a derrocada rumo ao fundo do poço. E a sociedade brasileira faz o segundo grande protesto na gestão petista, o primeiro o grande movimento que tomou conta do país em 2013, que começou por causa do reajuste de R$ 0,20 centavos, em Porto Alegre (17/Jun), e ganhou força em todo o país. O movimento foi recheado de violência, intervenção política e foi considerado eleitoral, pois estava em período pré-eleitoral.
Um novo momento
15 de Março foi um marco do início de um novo momento em que as pessoas desacreditadas em relação a política, ganham as ruas porém impondo e pedindo respeito as autoridades, aos políticos e sobretudo ao direito de se manifestarem. Ao ponto de coibirem inclusive tentativas de práticas violentas de alguns ‘manifestantes’ mais exaltados.