Início Educação Internada, paciente cola grau no Hospital Regional de Ceilândia

Internada, paciente cola grau no Hospital Regional de Ceilândia

Há quase dois meses na unidade, Rosa Cândida, aos 27 anos, é a mais nova licenciada em terapia ocupacional pela Universidade de Brasília (UnB)

O Hospital Regional de Ceilândia (HRC) foi palco de um momento singular. Internada há quase dois meses, Rosa Cândida Lopes Viana, 27, colou grau nesta terça-feira (15) na própria unidade de saúde e, hoje, é a mais nova licenciada em terapia ocupacional pela Universidade de Brasília (UnB). A ação mobilizou uma equipe multidisciplinar do hospital e da instituição educacional.

Rosa ficou na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) por quase um mês, onde passou por uma intubação e posterior traqueostomia – procedimento cirúrgico que consiste na abertura da parede da traqueia para permitir a passagem de ar aos pulmões. Em seguida, foi transferida à clínica médica e não pôde comparecer à solenidade de formatura no início deste mês. As limitações, no entanto, não impediram a realização do sonho: “Estou me sentindo realizada. Foi uma temporada de batalha, mas no final deu tudo certo. A vida tem coisas boas e temos que dar valor. Sou muito agradecida pelo esforço e carinho de todos”, comemorou.

A unidade preparou um auditório especialmente para a data. Vestida com a beca, a formanda entrou ao som da música religiosa Sou um milagre. Emocionada, realizou o juramento utilizando válvula fonatória, adaptada pela equipe de fonoaudiologia – responsável pela reabilitação da deglutição e da comunicação oral. “É maravilhoso ver esse sonho se concretizar. Ela é muito esforçada e inteligente. Estou grata também pelo HRC ter proporcionado esse momento, mostrando um lado humanizado. As pessoas só falam do que falta, mas eu me senti amparada, assim como ela”, contou a mãe de Rosa, Eliete Lopes.

A docente de terapia ocupacional da UnB Caroline de Oliveira Alves foi professora e orientadora de Rosa e reforçou que saúde não se resume ao bem-estar físico, mas a um olhar para o indivíduo como um todo. “Há um marco importante quando pensamos na perspectiva do Sistema Único de Saúde (SUS) e da humanização. Essa ação tem uma visibilidade muito importante porque vemos o indivíduo para além da doença, entendemos que o hospital é um lugar de tratamento mas de celebração dentro das possibilidades, que é o caso”, concluiu.

A unidade preparou um auditório especialmente para a data. Vestida com a beca, a formanda entrou ao som da música religiosa Sou um milagre. Emocionada, realizou o juramento utilizando válvula fonatória, adaptada pela equipe de fonoaudiologia

Recuperação

A terapeuta ocupacional Ísis Caroline acompanha a situação de Rosa, que já iniciou a reabilitação para voltar a se alimentar e a se vestir com independência, assim como realizar a assinatura da outorga. “Ela melhorou exponencialmente depois que soube da colação. Foi um caso diferente: por ser estudante de terapia ocupacional, especialidade que temos aqui, acabamos nos comovendo ainda mais”, admitiu a profissional.

Também presente na cerimônia, o diretor do campus Ceilândia da UnB, João Paulo Chieregato, apontou que a colação de Rosa no HRC simboliza uma vitória e foi um feito inédito. “Acompanhamos a batalha de Rosa e ela conseguiu ressignificar esse momento não só com a perspectiva da evolução no hospital, mas na sociedade. Agora diplomada, poderá contribuir muito pela experiência e trajetória que ela tem a oferecer”, avaliou.