Hipertensos de baixo risco em tratamento nas unidades básicas de saúde (UBSs) do Distrito Federal poderão fazer consultas semestrais com farmacêuticos da rede pública. A medida, estabelecida por um novo protocolo da Secretaria de Saúde (SES-DF), visa ampliar o acesso dos pacientes a um acompanhamento mais efetivo da hipertensão. Anteriormente, os atendimentos eram realizados apenas por médicos e enfermeiros.
“A grande inovação é a possibilidade de o farmacêutico, assim como o enfermeiro, realizar uma das consultas semestrais do paciente, alternando com a consulta médica”, explica a diretora de Assistência Farmacêutica da SES-DF, Sara Cristina Ramos. Com o novo protocolo, além da consulta, o farmacêutico poderá renovar as prescrições médicas, sem a necessidade de o paciente aguardar o retorno ao consultório médico, o que resulta em um fluxo de atendimento mais eficiente.
A farmacêutica Brenda de Lucena, da UBS 12 de Ceilândia, afirma que a atuação clínica vai otimizar os atendimentos. “Conseguimos diminuir a demanda das equipes de Saúde da Família e dar mais celeridade ao processo junto ao paciente e no acesso ao medicamento”, aponta.
Consultas médicas não serão substituídas
É importante ressaltar que os atendimentos médicos não serão substituídos. A primeira consulta, para diagnóstico da condição, e o acompanhamento do caso continuam sendo realizados por profissionais médicos. As consultas de reavaliação da pressão alta, que ocorrem a cada três a seis meses, a solicitação de exames complementares e a prescrição de medicamentos continuam sendo responsabilidades exclusivas dos médicos.
“A troca de medicamento só pode ser realizada pelo médico. Nós, farmacêuticos, podemos renovar as receitas de anti-hipertensivos, desde que a condição clínica do paciente esteja compensada”, destaca Brenda.
A médica cardiologista e Referência Técnica Distrital em Cardiologia da SES-DF, Rosana Costa, considera que o novo protocolo de atendimento reforça a efetividade da Estratégia de Saúde da Família e a atuação dos profissionais médicos no acompanhamento dos hipertensos. “O farmacêutico poderá ajudar nas receitas médicas, verificar se o paciente está tomando a medicação adequadamente e se há alguma interação medicamentosa prejudicial, além de poder solicitar exames padrão para acompanhamento”, avalia.
Quem pode ser consultado por farmacêuticos?
Somente pacientes com menor risco de desenvolver complicações relacionadas à hipertensão poderão ser atendidos por farmacêuticos. A cardiologista da SES-DF esclarece que os hipertensos são classificados por critérios de risco, levando-se em consideração a idade do paciente e doenças pré-existentes, como diabetes, colesterol elevado e doença renal crônica.
Outro fator importante a ser avaliado é se o paciente já teve infarto ou outras doenças cardiovasculares. “Quanto maior o risco de desenvolver outras doenças, maiores são os cuidados. Esses pacientes continuarão sendo acompanhados por médicos”, pontua Rosana.