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25 nov 2024 05:49


Após cobrar aumento salarial, coronel da PM é exonerado no DF

Jean Rodrigues Oliveira era comandante da Academia de Polícia Militar do Distrito Federal. Ele cobrou isonomia com a Polícia Civil e perdeu o cargo

O coronel Jean Rodrigues Oliveira, comandante da Academia de Polícia Militar do Distrito Federal e integrante da Diretoria de Formação da corporação foi exonerado dos cargos. De acordo com ele, o motivo foi uma manifestação pública por melhorias salariais. Em vídeo divulgado pelo oficial, ele destaca que haveria um “tratamento desigual” por parte do GDF com relação às forças de segurança. “Coloque todos reunidos na mesma mesa, de forma conjunta, e discuta a melhor saída”, cobrou do governador Rodrigo Rollemberg (PSB).

A exoneração do militar, que tem 26 anos de serviço, foi publicada no Diário Oficial do DF na segunda-feira (5/9) e repercutiu bastante dentro e fora dos quartéis. Em carta aberta, a Associação dos Oficiais da Polícia Militar do Distrito Federal (Asof) reagiu indignada: “Não pode o administrador impor limites em desconformidade com os direitos e garantias fundamentais, mormente quando não excepcionados e/ou delimitados pela própria Constituição”.

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Os PMs acompanham de perto as negociações do Palácio do Buriti com os policiais civis, que cobram reajuste de 37% nos salários. Os militares já avisaram ao Executivo local que querem o mesmo percentual de aumento.
Em entrevista à Rede Globo nesta terça (6), o governador Rodrigo Rollemberg disse que a exoneração do oficial era responsabilidade do comandante-geral da corporação, que não se manifestou sobre o assunto.

A questão salarial não é o único problema na PMDF. Oficiais e praças reclamam da falta de condições de trabalho, com viaturas sem manutenção, coletes à prova de balas vencidos, déficit de policiais nas ruas, descredenciamento dos hospitais que atendem os servidores e seus dependentes, entre outros.

Além do vídeo, o coronel Jean divulgou uma carta aberta, demonstrando a sua insatisfação. Leia a íntegra do documento abaixo:

Meus caros amigos,

Hoje, dia 05 de setembro de 2016 infelizmente o Governo do Distrito Federal demonstra mais uma vez o quanto está tratando de forma desigual os integrantes da segurança pública.

Em função das minhas críticas ao desmonte dos Batalhões da PM feito pelo decreto distrital 37321 e das minhas exigências para que nós policiais militares e bombeiros recebêssemos os mesmos percentuais de aumento que exige nossa co-irmã policia civil, estou sendo exonerado das minhas funções de comandante da Academia e instado a responder um processo disciplinar interno.

Desde o início das conversações sobre as questões salariais, não obstante exaltações exacerbadas que ocorreram por parte de integrantes de outra força, sou o primeiro membro da segurança pública do DF a ser destituído do cargo tão somente por falar o que pensa.

Nunca me posicionei contra o aumento dos policiais civis, muito pelo contrário, apoio a luta deles… tenho diversos amigos lá. Mas por outro lado, não posso me calar diante da possibilidade de tratamento desigual com relação a nós policiais militares e nossos irmãos bombeiros.

Não agi com indisciplina, não incitei ninguém a cometer nenhum crime militar, nenhuma desobediência, nada disso… Só me posicionei diante daquilo que acho justo e corroborando o que o próprio Governador afirmou: que trataria o reajuste salarial da segurança pública de forma conjunta. Foram palavras dele mesmo empenhadas a nós.

Nós policiais militares não podemos fazer greve, não temos sindicatos e por isso cabe a nós comandantes brigar por nossa tropa. É meu dever me posicionar. Me desculpem… mas neste aspecto, aqueles que me conhecem entendem, não consigo me calar. Meus amigos e familiares sabem como honra e respeito ainda são valores muito caros para mim.

Portanto meus amigos, reafirmo a todos insistentemente, oferecer um aumento aos policiais civis, sem estender estes mesmos percentuais aos PMs e bombeiros de forma conjunta, é uma irresponsabilidade imensa com o povo de Brasília. Isso pode levar a uma total desmotivação da tropa, com consequências internas e externas gravíssimas.

Encarecidamente eu peço novamente ao senhor Governador Rodrigo Rollemberg, a despeito da assessoria que alguns possam lhe estar prestando, não trate os integrantes da segurança de maneira desigual. Coloque todos reunidos na mesma mesa, de forma conjunta, e discuta a melhor saída. Tenho certeza que dai pode sair a melhor solução para todos. Que Deus nos proteja e nos guie. Obrigado.

Coronel JEAN Rodrigues Oliveira

Fonte: Metrópoles

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