Ao ser repassado para o Instituto Gerir, a promessa era de desburocratizar e ampliar o atendimento do Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), mas a realidade é bem diferente. Passados três anos que o governo passou a saúde para as Organizações Sociais (OS’s) A rotina é de pressão, déficit de funcionários e falta de medicamentos e equipamentos, conforme revela documentos que tivemos acesso com exclusividade.
No livro de procedimentos (Veja Galeria), apenas um enfermeiro fica responsável por atender até oito leitos ou até mais, quando faltam funcionários. Apenas um profissional chega a ficar responsável por até 100 pacientes. Funcionários que entraram em contato com a reportagem e pediu anonimato contam que há plantões que pacientes ficam sem medicamento por falta de funcionários, mesmo com uma rotina de sobrecarga, que leva até a ficarem sem alguns minutos para descansar ou se alimentar.
Plantão Corrido e Agitado
No plantão diurno do dia 11 de Agosto, o relato mostra o drama vivido pelos funcionários do Hugo. “Prescrições saíram tarde! Algumas após 16h. Alguns Kits não chegaram até 19h. Médicos Sobrecarregados! Pacientes prejudicados”, diz o relato no livro.
A falta de medicamento relatado também é uma constante no hospital, é comum pacientes ficarem sem tomar doses por atrasos na entrega. “Não tem fita de HGT, (marca) Accu Shek’”, relata outro trecho do dia 15 de julho. Em outros pontos, há relatos de falta de aspirador de aparelho de aerossol também.
No dia 12 de julho, a enfermeira relata o absurdo vivido no hospital com vários pacientes e o esforço que toda equipe precisa fazer para atender todos. “Plantão exaustivo para toda equipe, grande número de pacientes TQT (traqueostomia), acamados, muitas intercorrências. Solicito melhores condições de trabalho! Assistência ruim em meio a pacientes graves”, no final um pedido para admissões de novos funcionários.
A falta de assistentes ambulatoriais coloca em risco a vida da população que precisa do HUGO. Especialistas alertam que pacientes com traqueostomia necessita de uma equipe de enfermagem. Após a inserção do tubo, a pessoa fica apreensiva em virtude de sua limitação na capacidade de comunicar com os outros e com medo de asfixia.
Não é a primeira que a situação caótica do HUGO é vazado para o público. No início de agosto, uma paciente que se acidentou em um cavalo acusou o hospital de maus tratos. Os funcionários relatam que o salário baixo, comparado aos concursados, pago aos contratados da empresa Gerir também gera conflitos. Tudo isso em meio a forte pressão da direção em conseguir Acreditação.
Galeria
Fonte: Goiás Real