Conselheiro sugere que atestados de servidores sejam falsos
Por Kleber Karpov
Durante a última reunião do Conselho de Saúde do DF (27/09), o membro da pastoral da saúde do DF e representante dos usuários na mesa diretora do Conselho de Saúde (CSDF), Domingos de Brito Filho atacou, de acordo com fonte que pede para não ser identificada, o segmento de servidores, sindicatos e os setores de Recursos Humanos (RH) da Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF).
De acordo com a fonte, Filho acusou os servidores públicos da Saúde de serem acomodados e se utilizam de atestados médicos falsificados para não ir ao trabalho. O representante dos usuários no CSDF também afirmou que os sindicatos só trabalham em prol do servidor, enxergando apenas um lado.
Com relação aos setores de RH da SES-DF, Filho afirmou se tratar de pessoas incompetentes e que não tem condições de analisar o perfil do trabalhador para destiná-lo a uma unidade onde terá maior aproveitamento, afirmando ser o motivo de não “renderem no trabalho”.
Demissão em grupo de 10
O Conselheiro, também defendeu a demissão de servidores públicos “em grupos de 10 servidores”. O motivo, de acordo com a fonte é que Filho afirmou que os profissionais de Saúde apresentam muitos atestados, sugeriu que “devem ser falsos” e que os trabalhadores o fazem por malandragem.
Ainda de acordo com a fonte, por contarem com a estabilidade os servidores “não temerem ser demitidos” e que as demissões “em grupos de 10” serviriam de exemplo para outros trabalhadores.
CSDF
Política Distrital conversou sobre o assunto com o presidente do CSDF, Helvécio Ferreira que defendeu o Conselheiro ao sugerir que Filho se reportava aos “maus servidores públicos”.
O que diz o conselheiro?
O Blog fez contato com Filho, por meio de mensagem instantânea, porém, não recebeu retorno até o momento da publicação da mensagem.
Opinião
Assim como em todos os segmentos da sociedade existem pessoas boas e más. Péssimos e ótimos profissionais. No que tange ao funcionalismo público de um modo geral, em especial, na Saúde, ressalvado servidores corruptos que existem em todos os lugares e esses devem ser presos, há que se levar em conta alguns fatores.
Nos últimos anos, perseguições, retirada de benefícios, a falta de servidores, atrasos de pagamentos, calotes, suspensão de benefícios, perseguições de colegas, endividamento, sobrecarregam esses trabalhadores, com resultam em índices altíssimos de absenteísmo e de profissionais que poderiam estar em pleno vigor físico e profissional, doentes e desmotivados. A isso se soma a responsabilização atribuída por pacientes, acompanhantes e até autoridades policiais, aos servidores, quando na verdade existe nos bastidores, gestores e um governo que além da falta de gestão, não tem a menor capacidade para tentar criar proximidade com os colaboradores.
E o que se vê, superficialmente é a falsa sensação de trabalhadores ignorantes ou indiferentes aos interlocutores, quando na verdade, além de serem pessoas amáveis para quem os conhecem no dia-a-dia. Mais que isso, são esses profissionais ‘grossos’, ‘estúpidos’, ‘ignorantes’, como são taxados diariamente nas trincheiras das saúde, são os mesmos, que se matam, literalmente, para se desdobrarem e garantirem atendimento, aos pacientes.
Os mesmos que ignoram os xingamentos, pois no fundo entendem a dor e o desespero, seja do paciente ou do acompanhante. Que ligam para outra unidades, para pedir equipamentos, roupas e medicamentos emprestado. Ou o mais grave, que se expõem perante a mídia, para tentar mostrar à sociedade, que não são os culpados pela péssima qualidade no atendimento, uma vez que os gestores ou o governo, pouco ou nada faz de concreto para atender a demanda das unidades de saúde.
Esses são os mesmos que eventualmente recebem voz de prisão, por não conseguir atender simultaneamente o dobro ou o triplo de pacientes além do recomendado pela Organização Mundial de Saúde.
Em um ambiente onde convivem gestores, usuários e trabalhadores, no calor do momento e na tensão de decisões, com ânimos acirrados, as vezes aparentemente simplistas ou contraditórias mas com forte impacto positivo ou negativo sobre uma gama de envolvidos, talvez o melhor caminho seja se tomar cuidado com as colocações, pois em muitas ocasiões pode acontecer de criminalizar inocentes em detrimento dos algozes.