Primeiro dia do WCIT Brasil 2016 reuniu os nomes mais importantes do ramo no mundo, discutindo temas como divisão digital, banda larga, além das experiências de TI de grandes multinacionais
Foi aberta na manhã desta segunda-feira, 3, a 20ª edição do Congresso Mundial de Tecnologia da Informação (WCIT) Brasil. O primeiro dia de evento, que segue nestas terça, 4, e quarta, 5, contou com a participação de centenas de empresários, investidores, CEO’s, acadêmicos e personalidades da cadeia de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) de mais de 40 países.
O congresso foi aberto pelo governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, e também participaram da solenidade o ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, e o deputado federal Izalci Lucas (PSDB-DF). Entre as autoridades estavam ainda o embaixador Roberto Jaguaribe, presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos; Santiago Gutierrez, presidente da WITSA e James Poisant, secretário geral da entidade.
Rollemberg aproveitou a oportunidade para destacar o ambiente de inovação existente no DF, convidando os empreendedores nacionais e internacionais a conhecerem as empresas locais e o Parque Tecnológico Capital Digital – como forma de estímulo para trazerem seus investimentos e iniciativas para Brasília.
Parque Tecnológico do DF
A Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap) apresentou durante o WCIT o primeiro parque tecnológico com foco na inovação em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) do Distrito Federal, o BioTIC. O Parque Tecnológico, que fica próximo à Granja do Torto, tem capacidade para abrigar aproximadamente 1.200 empresas e potencial para geração de mais de 25.000 empregos diretos.
O projeto representa uma mudança na matriz de desenvolvimento econômico do DF, consolidando a sua vocação econômica em áreas de tecnologia de ponta. No evento, foi apresentada a nova modelagem de negócio para o empreendimento.
O BioTIC também possui toda a infraestrutura de engenharia necessária para o seu pleno funcionamento. As obras de pavimentação, drenagem, sistemas de abastecimento de água e de coleta e tratamento de esgotos e fornecimento de energia estão concluídas.
Debates
As atividades foram iniciadas com o palestrante Soumitra Dutta, reitor fundador da Faculdade de Negócios da Universidade de Cornell. Os estudos apresentados por ele apontam que a divisão digital entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento, na verdade, está crescendo – mesmo com a ampliação do acesso em todo o mundo.
Os dados indicam que apenas sete países registram um impacto da inovação digital muito maior que as outras dezenas de economias pesquisadas. A explicação é que eles são caracterizados por um setor de negócios que aceitou todas as dimensões da interação digital. De acordo com Dutta, hoje, a revolução digital é muito mais relacionada à utilização inovadora das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) do que apenas a difusão dessas tecnologias.
Ele deixou ainda duas sugestões para o Brasil. A primeira delas é que os governos, em níveis nacional, estadual e local, enxerguem a importância de a tecnologia estar integrada à sua visão e estratégias de Estado. Ele também lembrou que o Brasil é conhecido pelas riquezas natural e cultural, mas não pela tecnologia e inovação, e sugeriu que essas características sejam trabalhadas para se tornarem uma marca do país.
“Conectando os Próximos Quatro Bilhões” foi uma das principais linhas de discussão do dia e colocou a banda larga como ingrediente chave em direção a um mundo hiperconectado. O debate apontou que o desenvolvimento da infraestrutura para a próxima geração de internet móvel, ou 5G, como é conhecida, será, ao longo dos próximos anos, a mais importante infraestrutura para tornar as pessoas mais conectadas em nível global.
Foi ressaltado, no entanto, que apesar do avanço da banda larga móvel, o acesso aos serviços de banda larga fixa mantém uma importância ímpar, por ainda disponibilizar mais dados por um preço mais baixo. Estima-se que existam hoje cerca de 884 milhões de pontos de banda larga fixa no mundo e que o número deve crescer em 8% até 2020, apesar de 38 países ainda não terem planos nacionais de banda larga.
Além da necessidade de capacitar as pessoas para o uso da internet, a discussão também se estendeu à comunicação por satélite e à Internet das Coisas, chegando às iniciativas de Cidades Inteligentes – tema de uma outra mesa, que trouxe as experiências de cidades brasileiras, além de Taiwan, na China, e Charlotte, nos Estados Unidos.
Foi realiza também uma mesa para discussão das perspectivas dos CIO’s. O chefe de TI e Indústria Eletrônica do Fórum Econômico Mundial, Danil Kerimi, mediou a conversa, que contou com a participação do CIO da Johnsons & Johnsons na America Latina, Jose-Miguel Calderon-Carpio, e o CTO da Harley-Davison, Sean McCormack.
Eles falaram, sobretudo, dos principais desafios para garantir a inovação nas suas empresas. McCormack comentou, por exemplo, das dificuldades de conectividade em diferentes locais e da como a regulamentação do setor em diversos países acaba por aumentar os custos ou mesmo inviabilizar certos projetos. Ressaltou ainda a modernização como foco central para qualquer empresa da área de tecnologia, exemplificando com o projeto de moto elétrica em desenvolvimento pela Harley-Davison.
Já Calderon-Carpio falou das dificuldades geradas pelos diferentes padrões de tecnologia e cobrou a criação de modelos únicos. Por outro lado, ressaltou também os avanços da tecnologia da nuvem e anunciou que a Johnsons & Johnsons deve levar 80% dos seus dados para a plataforma até 2018. Apontou, então, a nuvem como uma área para investimento nos próximos anos, assim como os mecanismos para leitura e compreensão dos dados coletados.
O presidente da WITSA (Aliança Mundial de Tecnologia da Informação e Serviços), Santiago Gutierrez, avalia de forma positiva o primeiro dia de evento. “O público elogiou bastante a qualidade técnica dos painéis. Estamos bastante satisfeitos em ver que os temas contribuirão substancialmente para a formação dos participantes e que, por meio do congresso, também possibilitados a abertura de novos negócios. E vem muito mais por aí, nos próximos dois dias de programação”, afirma.
Fonte: Proativa