Em visita do SindMédico-DF na tarde desta terça-feira (16), pacientes e profissionais da UPA de Ceilândia relataram o abandono em que se encontra a unidade.
Não é preciso sequer entrar na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Ceilândia para ter ideia do caos em que a unidade tem funcionado. Do lado de fora, na porta, pacientes clamam por uma solução. São centenas. Idosos, crianças e acompanhantes, que sofrem a angústia de não saber os próximos passos após o atendimento. “Quando assumiu, o governador disse que o primeiro problema que iria resolver era o da saúde. Cadê? Até agora nada. Só piorou”, reclama Francisca de Aguiar, cuja mãe, de 89 anos, está com pneumonia e tem insuficiência renal.
Do lado de dentro da UPA, o cenário não é muito diferente: déficit de médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem. A equipe se desdobra para dar conta da demanda, que só aumenta a cada dia, especialmente após a decisão da Superintendência da Região Oeste (que engloba Ceilândia e Brazlândia) de concentrar o atendimento em clínica médica de Ceilândia na Unidade de Pronto-Atendimento. Segundo a própria equipe que trabalha no local, “é impossível” atender a todos que precisam nas atuais condições.
Na lista de problemas, relataram os profissionais durante a visita do Sindicato dos Médicos (SindMédico-DF) figuram a falta de medicamentos, como insulina e antibióticos, a ausência de aparelho de Raios-X, que está quebrado e os pontos de oxigênio são insuficientes. Também não tem Omeprazol para os casos de hemorragia digestiva. A maioria dos pacientes com insuficiência renal, contaram, “morrem sem hemodiálise”.
Especialmente nos turnos diurnos de plantão é comum haver apenas um médico. A promessa, da Superintendência da Região Oeste, era manter constantemente dois médicos no período diurno e três no período noturno.
O funcionamento em desconformidade com as exigências do Ministério da Saúde já motivou a suspensão dos repasses federais mensais de R$ 500 mil para aquela Unidade, em 2016. Na última semana, a falta de condições de assistência levou o Conselho Regional de Medicina do DF a notificar a Secretaria de Saúde do indicativo de interdição ética. Se não forem corrigidos os problemas existentes, os médicos da UPA de Ceilândia terão que atender os pacientes em local que ofereça as condições mínimas exigidas.
“O que vimos aqui hoje é um absurdo. Queremos soluções por parte da gestão da Secretaria de Saúde e do Governo do Distrito Federal”, afirmou o presidente do SindMédico-DF, Gutemberg Fialho. O vice-presidente, Carlos Fernando da Silva, que também acompanhou a visita, completou: “o atual governo completou dois anos deixando a saúde totalmente abandonada. Nem a população nem os profissionais da Saúde aguentam mais.”
Ainda nesta semana, o presidente do Sindicato dos Médicos e o vice voltarão à UPA de Ceilândia para ver se os problemas relatados nesta primeira visita foram solucionados pela gestão. O SindMédico-DF está de olho na UPA de Ceilândia!
Fonte: SindMédico-DF