Falta de medicamentos e de servidor estão entre as causas das suspensões de fertilização ‘in vitro’ e marcações de consultas
Por Kleber Karpov
Um recadinho sutil, estampado na página da Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF)(9/Out), deixou centenas de pretensas mamães em acesso de fúria. O Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB) suspendeu atendimentos de Fertilização ‘in vitro’ (SRH), do Serviço de Reprodução Humana Centro de Ensino e Pesquisa em Reprodução Assistida. O motivo, de acordo com a Pasta é a falta de medicação.
O caso chegou ao Política Distrital (PD) por parte de uma servidora da SES-DF, que pediu sigilo sobre a identidade. A profissional de saúde acompanhou de perto o drama de mulheres que buscam no SRH.
“O tratamento de fertilização foi interrompido, por falta de medicamento, porque a Logística da SES-DF deixou de programar a entrega, mesmo com a Secretaria sabendo a quantidade de mulheres que estavam no curso do tratamento. As mulheres estão lá na porta do HMIB tentando organizar um panelaço, Pois o custo desse medicamento é altíssimo.”, criticou..”, explicou.
Último recurso
De acordo com a servidora, com a notícia, as mulheres, que tentam a fertilização ‘in vitro’ como último recurso para tentar engravidar, começaram “imediatamente” a viver um novo drama.
“A interrupção do tratamento, joga por terra, para muitas candidatas à gravidez, por fertilização ‘in vitro’, o sonho da maternidade. Ao interromper o tratamento, por ‘birrinha’ ou por guerra de ego de gestor, essa pretensa mãe perdeu tudo, ela perdeu qualquer possibilidade de restabelecer o tratamento.”, atirou.
Desespero
De acordo com a profissional de saúde, embora não tenha apontado nomes, o caso reflete descaso de gestores da Logística da SES-DF. Mas, conforme alertou, para as pacientes do serviço de fertilização humana, a gestão da SES-DF comete crime ao deixar acontecer a desassistência de medicamentos e a falta de recursos humanos.
“Eu conheço uma das pacientes que está esperando esse tratamento desde 2013. Imagine o desespero dela? Pois para a mulher que já está com 42 anos, o sucesso de tratamento dela está em contagem regressiva e, muito provavelmente essa mulher perdeu a chance de engravidar. Elas têm limite de idade pra engravidar e quando chega a vez dela, não consegue porque deixaram de fazer pedido do medicamento. Isso chega a ser desumano e vindo de gestores de uma Secretaria de Saúde, estamos falando de um crime sendo cometido pela Secretaria de Saúde.”, enfatizou.
Outros serviços suspensos
A profissional de saúde também criticou outras suspensões de serviços anunciadas pela SES-DF. Entre eles, as respostas e marcações de consultas por email, em decorrência de afastamento temporário de servidor.
“Você tem noção do que é interromper a marcação das consultas por e-mail, por não ter um servidor pra responder o e-mail? É brincadeira vindo de uma Secretaria de Saúde.”, afirmou.
A suspensão de consultas para Tratamento Fora do Domicílio (TFD) – benefício que os usuários do Sistema Único de Saúde podem receber que consiste na assistência integral à saúde – também foi anunciada pela SES-DF.
De acordo com a servidora, no DF, o TFD “atende pessoas que precisam sair pra outros estados pra se tratar com ônus de cerca de R$ 100 para o GDF custear as passagens e uma diária.”.
Medicamentos vencendo
A profissional de saúde alertou ainda para outro problema. Com as marcações de consultas, e suspensão da fertilização ‘in vitro’, os medicamentos que ainda estão em estoques devem ser perdidos.
“Os medicamentos que já estão lá estão vencendo”, disse ao observar o custo do remédio “O custo médio de um tratamento desses é de 30 mil reais por tentativa. Isso tem que ser denunciado ao Ministério Público”.
A outra parte
Na manhã de terça-feira (10/Out), PD entrou em contato com a SES-DF para questionar a suspensão do serviço, porém, até o momento da publicação da matéria, a pasta não se manifestou sobre o assunto.