Para diminuir os números, Secretaria de Saúde coloca em prática linha de cuidados
Por Alline Martins
Metade da população do Distrito Federal está acima do peso, sendo que 17% desse total já alcançaram a obesidade. O alto índice segue a tendência de todo o país. Dados do Ministério da Saúde apontam crescimento de 60% nos casos de obesidade no Brasil nos últimos 10 anos.
Para tentar evitar que estes números aumentam ainda mais, a Secretaria de Saúde tem trabalhado a prevenção da obesidade e também ajudado pacientes a perder peso. “Desde 2014, a secretaria vem organizando a Linha de cuidado ao sobrepeso e à obesidade no DF. Ela tem o objetivo de reorganizar os serviços de atenção ao sobrepeso e à obesidade de modo a melhorar a promoção de hábitos saudáveis, a prevenção de agravos aos que já apresentam a doença e o manejo adequado de cada caso”, explica Karistenn Brandt, da Gerência de Nutrição.
A linha de cuidados está sendo implementada por fases e por regiões de saúde. “A etapa de capacitação, que antecede a implantação da linha na região, já aconteceu nas regiões Centro-Norte e Centro-Sul. Em 1º de novembro iniciaremos com os servidores da Região Leste. O objetivo é oferecer um atendimento uniformizado, conforme os protocolos de atendimento já estabelecidos”, complementa Karistenn.
Assim, o atendimento a pessoas acima do peso foi dividido nos três níveis de saúde, em que o primeiro contato é na atenção primária. Se houver necessidade, é feito o encaminhamento para o nível secundário e, caso os resultados não sejam satisfatórios com mudanças de hábitos de vida e uso de medicamentos, o paciente é encaminhado para a cirurgia bariátrica, no nível terciário.
Atenção Primária
Quem está acima do peso deve procurar, inicialmente, uma unidade básica de saúde, como fez a paciente Nivia Maria da Silva Pinho. “Engordei muito quando tive meu segundo filho e isso começou a atrapalhar meu casamento. Então, procurei a nutricionista no centro de saúde e ela me orientou a entrar para o Programa Obesidade Embora, que acontece lá”, conta ela, que à época, em 2013, pesava 100kg.
O programa a que ela se refere funciona na UBS 2 no Recanto das Emas. Desde que foi criado, em 2012, já beneficiou 466 pacientes. Atualmente, 80 pessoas são acompanhadas por uma equipe formada por médico, nutricionista, agente comunitário de saúde com formação em educação física e psicólogo. Entre as atividades, que também são voltadas a grupos formados por crianças, estão trocas de receitas saudáveis, valorização da autoimagem e atividades físicas.
“No primeiro ano de participação, perdi somente quatro quilos. Mas no segundo ano, já me animei com toda a equipe e com os participantes. Mesmo depois de ter passado pelo programa, mantive os bons hábitos”, conta Nívia, que hoje pesa 76kg.
Outras unidades de saúde desenvolvem programas semelhantes para incentivar a perda de peso. A principal preocupação desses programas não é estética, mas sim, com a saúde, já que o sobrepeso causa, principalmente, hipertensão e diabetes.
No centro de Brasília, moradores das cidades abrangidas pelas regiões Centro-Norte e Centro-Sul já contam com atendimento em nível secundário para tratar casos de obesidade mais graves.
“O paciente é atendido na atenção primária e incentivado a ter bons hábitos alimentares, praticar atividade física e se ele tiver grau de obesidade alto ou comorbidade importante é encaminhado para o Centro Especializado em Diabetes, Obesidade e Hipertensão”, explica a gerente do centro e também referência técnica distrital em endocrinologia, Eliziane Leite.
O centro começou a funcionar em agoste deste ano. “Estamos na fase de acolhimento dos pacientes, com encontros semanais. Depois, haverá consultas individuais e acompanhamento por dois anos por equipe multiprofissional formada por médico, psicólogo, nutricionista, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional e enfermeiros, com o objetivo de promover na conscientização para doença crônica e uma perda de peso sustentada e segura”, explica.
Bariátrica
Para Eliziene Leite, a implementação da linha de cuidados é importante para evitar a realização de cirurgias bariátricas sem a real necessidade. “Primeiro, esgotamos todas as possibilidades. Se em dois anos não houver resposta ou se o grau de obesidade trouxer riscos para a saúde, encaminhamos para a cirurgia bariátrica”, detalha.
Na rede pública de saúde do DF, o Hospital Regional da Asa Norte é quem faz o procedimento. Até agora, 56 cirurgias já foram realizadas. “A indicação segue as orientações da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, que orienta para a observância de três critérios: Índice de Massa Corpórea, idade e tempo da doença”, diz o médico responsável pelo procedimento na rede, Rafael Galvão.
Evento
Nesta quarta-feira (11) é Dia Nacional de Prevenção da Obesidade. A data foi instituída no Brasil em 1999 e é usada para alertar a população sobre os riscos da doença e dar soluções para prevenir o problema.
Para lembrar a data, a Secretaria de Saúde irá promover um evento no dia 24 de outubro, no Centro Especializado em Diabetes, Obesidade e Hipertensão, localizado na 408 norte. Terá acolhimento com incentivo à prática de meditação, lanche saudável e duas palestras, uma abordando a alimentação saudável e outra sobre qualidade de vida nas doenças crônicas.
Fonte: Agência Saúde DF