Por Marco Túlio Alencar
A recente derrubada, pela Agefis, de uma igreja da Assembleia de Deus do Ministério de Madureira na Vila Planalto foi tema de reunião dos deputados distritais com pastores e representantes de várias denominações evangélicas nesta quarta-feira (11), no plenário da Câmara Legislativa. O presidente da Casa, deputado Joe Valle (PDT), abriu a sessão ordinária que, em seguida, foi suspensa, para a realização do evento, no qual duras críticas foram feitas ao GDF e à Agefis.
A deputada Celina Leão (PPS), que há uma semana denunciou em plenário a derrubada do templo religioso, lembrou o acordo que o governador Rodrigo Rollemberg havia feito com os evangélicos, à época das eleições, “no qual, a única responsabilidade do GDF era tratar o segmento com respeito”. A parlamentar deu um recado: “Quem não respeitar os evangélicos nesta cidade estará fadado a perder as eleições”. Ela levou um vídeo, exibido durante o encontro, no qual o governador promete a regularização dos terrenos das igrejas. E, no caso em questão, protestou Celina, “não houve sequer uma notificação”.
O pastor Daniel de Castro, presidente regional do PSC, entregou a Joe Valle uma carta do líder da Assembleia de Deus Madureira, pastor Manoel Ferreira. No texto é lembrado que o pastor da igreja derrubada reside na Vila Planalto há 49 anos e que o templo foi reinaugurado há um ano e meio. O argumento da Agefis para derrubar a construção foi justamente o fato de ser recente. O religioso classificou a presidente da Agefis, Bruna Pinheiro, de “justiceira”.
Posição política
O presidente da Frente Parlamentar Evangélica da CLDF, deputado Rodrigo Delmasso (Podemos), propôs uma moção de repúdio à presidente da Agefis, afirmando que a proposição, a ser votada pelos distritais, teria o apoio da comunidade evangélica do Distrito Federal, “que soma 30% da população”. Por sua vez, o deputado Wasny de Roure (PT) ponderou que a derrubada não é uma postura unilateral da agência fiscalizadora: “É uma posição política do governo”.
O deputado Julio Cesar (PRB) qualificou a derrubada como uma “barbaridade” e sugeriu um projeto de lei que estenda, até 2014, o período para que as igrejas até então instaladas venham a ser regularizadas. O deputado petista Chico Vigilante também se solidarizou com a Assembleia de Deus e os demais evangélicos e lembrou que, nos governos do seu partido, “havia um setor, dentro do Palácio do Buriti, para cuidar do segmento”.
Para o pastor Gilson Ferreira, da Assembleia de Deus de Taguatinga, “é necessário deixar claro que o melhor para o governo é estar alinhado com as igrejas”. A Assembleia de Deus Madureira também recebeu apoio do pastor Fadi Faraj, do Ministério da Fé. O deputado Ricardo Vale (PT) destacou o papel das igrejas na formação espiritual e social. Enquanto do deputado Lira (PHS) evidenciou que “a igreja são os seus membros, os imóveis são apenas a estrutura”.
Raimundo Ribeiro (PPS) citou a Constituição Federal e declarou que o Estado é laico, mas, como está escrito na Carta Magna, “Deus é quem protege”. Ao final do evento, o deputado Joe Valle cobrou “respeito às instituições” e lembrou que o seu partido – o PDT – “desembarcou do governo devido à falta de diálogo”. Após a reunião com os evangélicos, que durou cerca de duas horas, a sessão ordinária foi reaberta e encerrada, a seguir, por falta de quórum para a continuação dos trabalhos.
Fonte: CLDF