Por Gutemberg Fialho
O Distrito Federal completa dez meses de racionamento de água e, agora, a expectativa de dois dias com torneiras secas ronda o cotidiano dos brasilienses. Em algumas regiões, aliás, em especial as mais carentes do DF, como Brazlândia, parte da população está sem água há uma semana e sem qualquer aviso prévio: uma espécie de racionamento velado da gestão de Rollemberg. Como não planejou ações efetivas para evitar a crise hídrica – uma tragédia anunciada há, pelo menos, cinco anos – e também não quer macular sua evidente pré-campanha para as eleições de 2018, o governador não diz, às claras, o que vai acontecer daqui por diante. E nem sabe.
O engraçado, porém, é que, entre 2011 e 2012, quando começava o seu mandato de senador, Rollemberg alertava, em suas redes sociais, para os riscos de escassez hídrica no DF. Agora, seis anos após suas próprias previsões, ele prefere simplesmente esperar pela chuva ao invés de assumir uma postura séria diante de um grave problema. O nível da Barragem do Descoberto – que abastece 65% da população do DF – caiu a 8,7% e, ainda assim, o governador aguarda o limite de 5%. Tudo para não assumir (o que cabe somente a ele e sua equipe) a responsabilidade de ampliar para 48 horas o racionamento. Enquanto isso, extraoficialmente, o fato é que o corte de água já passa de dois dias em diversas regiões.
Mas Rollemberg nega. Ele nega e, sem qualquer constrangimento, ainda publica vídeos tomando banho de chuva (parece até piada) e comemorando as poucas pancadas d’água, no início deste mês, que, infelizmente, não reverteram a crise hídrica do DF. O governador também não perde uma oportunidade sequer de anunciar à imprensa que a grande solução para o problema é a captação de água no Lago Paranoá: projeto do governo Agnelo que, aliás, não leva em conta nem a preservação do espelho d’água e nem os riscos à saúde da população, já que as águas de um dos principais cartões postais da cidade possuem alta concentração de bactérias e substâncias químicas.
Para manter-se no páreo das eleições de 2018, Rollemberg faz com a água do DF o mesmo que faz com a saúde e outras áreas: ele engana a população e terceiriza suas responsabilidades. Não há, de fato, preocupação com o futuro do abastecimento de água. Há, sim, o medo de perder votos. Por isso, mais uma vez, o governador recorre à farsa e prefere esperar pelo limite do limite. Não fala em proteção e, principalmente, em recuperação de nascentes: essenciais para o abastecimento de qualquer cidade.
Será que, novamente, como fez em março deste ano, Rollemberg vai recorrer aos dons esotéricos da Fundação Cacique Cobra Coral para intervir misticamente na crise hídrica do DF e resolver o problema? Aguardemos as próximas coletivas de imprensa.