Durante Comissão Geral, servidores da Saúde podem se manifestar, sem sofrer retaliações por parte da gestão de Humberto Fonseca
Por Kleber Karpov
A recente mudança, por parte da Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF), de somente atender de pacientes com classificações de risco verde e azul em Unidades Básicas de Saúde (UBS), Centros e Postos de Saúde, por compor a chamada, Atenção Primária, começaram com problema e são questionadas por entidades sindicais. O assunto se tornou tema de discussão na Comissão Geral, a ser realizada pela deputada distrital, Celina Leão (PPS), na Câmara Legislativa do DF (CLDF), na próxima quinta-feira (7/Nov) às 15 horas.
Desde a implantação, há cerca de 20 dias, incidentes apontam, problemas que vão desde a estruturação à falta de estrutura adequada à dar suporte aos pacientes, sobretudo, em caso de intercorrência de evoluções dos quadros classificados.
Um exemplo recente, denunciado pelo Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem do DF (SINDATE-DF) foi a morte de uma senhora, na UBS São Domingos, em São Sebastião, na última semana. Após ser medicada com penicilina benzatina (Benzetacil), uma senhora veio a óbito e, embora fosse socorrida por equipe médica, o vice-presidente do SINDATE-DF, sustenta que se houvesse estrutura adequada na unidade, a morte da paciente possivelmente poderia ser evitada.
O Sindicato dos Médicos do DF (SINDMÉDICO-DF) também apontou diversos problemas em relação às mudanças propostas pelo secretário de Saúde, Humberto Lucena Pereira da Fonseca. Prejuízos aos servidores, assédio, falta de condições de trabalho e de assistência, sobrecarga e dimensionentos de equipes desproporcionais à densidade populacional atendida pelas Equipes Saúde da Família (ESFs).
“Esses problemas atingem tanto os servidores quanto a própria população. Vimos com muita preocupação essas mudanças sendo impostas aos servidores, sem uma ampla discussão e o mais grave, com o conhecimento público que temos uma série de fatores complicadores, como a falta de ambulâncias para fazer traslados de urgências, em casos de evoluções de quadros de pacientes atendidos nas UBSs. Nós não temos dúvidas, que o índice de mortes evitáveis, nesse ano, corre o risco de ser bem mais acentuado que no ano passado, que já teve alta de 16% em relação a 2015, por conta dessas mudanças.”, disse o presidente do SINDMÉDICO-DF, Gutemberg Fialho.
Livre manifestação
Ao Política Distrital (PD), Celina Leão disse que vê com preocupação, mudanças promovidas pela gestão da SES-DF, sobretudo após o caso da morte da paciente e o que chamou de “esforço concentrado” por parte do governo, de tentar atribuir o problema à supostas retaliações corporativas.
“Nós tivemos caso recente de paciente que chegou a puxar uma faca para servidores, na semana passada tivemos aquele caso da senhora que faleceu na Unidade Básica em São Sebastião e a tentava frenética de tirar o corpo fora em um esforço concentrado do governo de fugir à responsabilidade. Nós sabemos que o que está em jogo só o fato de ter ou não ter médico para tentar ressuscitar a paciente, mas se aquela unidade tinha os equipamentos e medicamentos necessários para tentar fazer o procedimento de ressuscitação daquela senhora. Então nós queremos sim, ouvir a Secretaria de Saúde, mas principalmente, os servidores. E a Comissão Geral é o fórum adequado onde esses servidores vão ter voz, e com a garantia que eles não vão sofrer quaisquer tipo de retaliação por parte dos gestores da Saúde.”, disse Celina Leão.