Por Fred Lima
Parece pesadelo, mas não é. Devido a demora em promover políticas imediatas para melhorar o DF, o governo Rodrigo Rollemberg começou a provocar uma insatisfação visível em parte da população, onde alguns dizem sentir até saudades – pasmem! – do ex-governador Agnelo Queiroz. Em entrevista concedida ao Jornal de Brasília, no dia 21/4, o chefe da Casa Civil, Hélio Doyle, afirmou que o governo Rollemberg se assemelha mais ao governo Cristovam Buarque – Hélio foi secretário de Governo do então governador -, uma vez que o projeto da nova gestão é algo que visa mais o futuro do que o presente, ao contrário do governo Roriz, que era focado em obras e realizações mais imediatas. É um grave erro de estratégia do governador querer apostar apenas no futuro. O cenário é outro e requer urgência.
“Vamos trazer o Agnelo de volta”
Fui entrevistado hoje pelo programa Diário Brasil, da TV Gênesis. Durante a entrevista, uma telespectadora participou do programa e afirmou categoricamente: “Pelo menos no governo Agnelo tinha o básico nos hospitais. Agora falta até papel higiênico. Os pacientes estão precisando comprar papel. O hospital do Gama está jogado às traças. Enquanto isso, o governador não fez absolutamente nada até agora. Se continuar assim vamos trazer o Agnelo de volta”. Respondi alegando que o governo Rollemberg realmente herdou uma herança maldita, mas que a saúde já deveria ter saído da UTI e ido para a enfermaria. Pelo visto parece ainda continuar como uma paciente em fase terminal, sem apresentar nenhuma melhora, apesar do governador ter dito que “o pior já passou”.
A lentidão é verídica
Fiquei estarrecido quando li que o governador vai preparar um anúncio do que será feito na saúde apenas na segunda quinzena de junho. Não era para ter apresentado nos 100 ou 120 dias de governo? A transição serve justamente para o governador eleito ficar a par da situação que vai herdar. Como então apenas seis meses após tomar posse será apresentado o projeto para a saúde? Ficou mais do que provado que realmente há uma lentidão por parte do Governo de Brasília.
Cuidado com pegadinhas, mas sejam exigentes
Já alertei para a população não cair na pegadinha do PT, que é jogar nas costas de Rollemberg todo o mal que Agnelo fez ao DF, querendo que o governador resolva em quatro meses o que o petista destruiu em 4 anos. Contudo, a falta de reação imediata diante de alguns problemas faz com que o atual governador seja considerado por muitos como inapto ao Executivo. Durante a campanha alguns diziam que Rollemberg não tinha perfil de gestor.
A população não está errada em exigir melhorias do governador, tendo em vista que ele foi eleito para isso. O que não pode ocorrer são exigências surreais, como a solução de todos os problemas da saúde num piscar de olhos. A área sempre foi problemática no DF, mas já deveria ter dado uma respirada durante esses quatro meses de governo Rollemberg, o que não ocorreu.
Conjuntura diferente
Vale ressaltar que no governo Cristovam, a conjuntura da época era favorável a políticas de longo prazo, como o Bolsa Escola e o investimento em educação, que é uma revolução silenciosa. Naquele período, o Plano Real tinha acabado de nascer no país e projetava benefícios maiores para o amanhã, apesar de ter sido um programa de efeito imediato também, visto que derrotou a hiperinflação que corroia a renda dos brasileiros.
Aposta
Por fim, se Rollemberg for inteligente deixará a sua agenda futurista um pouco de lado e apostará em algo imediato, sem perder a visão do que ainda está por vir. Caso contrário, infelizmente continuaremos a presenciar pedidos bizarros como o que vi hoje, de gente clamando a volta de quem arrebentou Brasília.
Fonte: Blog do Fred Lima