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22 nov 2024 22:20


“É para rir, né?!”, sugere presidente do Sindicato dos Médicos sobre anúncio de aumento em 20% de produtividade, pós conversão do Hospital de Base em Instituto

Novo modelo de gestão entra em operação no próximo dia 15. Sindicatos ironizam os objetivos anunciados por diretor da unidade

Por Isadora Teixeira

O Instituto Hospital de Base do Distrito Federal (IHBDF) começa a funcionar, oficialmente, em 15 de janeiro, a próxima segunda-feira. A nova gestão traçou uma meta ambiciosa para 2018: aumentar a produtividade em 20%, a partir da média dos últimos três anos.

Devem ser realizadas, por exemplo, ao menos 290.193 consultas médicas especializadas e 9.223 cirurgias. O Conselho de Administração promete mais e quer reabrir, neste primeiro semestre, 117 leitos – 107 de enfermaria e 10 da unidade de terapia intensiva (UTI). O orçamento, porém, é o mesmo de 2016: há R$ 602 milhões disponíveis para manter a maior unidade de saúde pública da capital federal.

As projeções estão descritas no Contrato de Gestão, aprovado no último dia 4 pelo colegiado. Após ser assinado, o documento entra em vigor na segunda (15/1), conforme antecipou ao Metrópoles o diretor do Hospital de Base e futuro diretor-presidente do IHBDF, Ismael Alexandrino.

Mesmo que o gestor consiga cumprir apenas parte da meta, a melhora será um alento para quem depende do Hospital de Base. Mas representantes de entidades profissionais veem com descrença os planos traçados por Ismael Alexandrino.

Críticas
Os objetivos para o primeiro ano de funcionamento do IHBDF são classificados como “piada” pelo presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico-DF), Gutemberg Fialho. “É para rir, né?! Para aumentar em 20% as cirurgias, basta disponibilizar salas com equipamentos. Sobre os leitos, é só contratar mais profissionais e fazer a manutenção”, dispara.

Vice-presidente do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem do Distrito Federal (Sindate-DF), Jorge Vianna acredita que a produtividade poderia ser maior. Para ele, após todo o “desgaste” entre governo e entidades sindicais durante a tramitação do projeto de lei que instituiu o IHBDF, os avanços poderiam ser mais significativos. “As metas deveriam ser aumentadas em pelo menos 50%”, diz.

O diretor do Hospital de Base, no entanto, rebate as críticas: nos moldes comuns, a burocracia atrasa compras e contratações, afetando a oferta de serviço, de acordo com ele. “O novo processo é bem mais simplificado. Eu não tenho qualquer dúvida que o nosso instituto prestará um trabalho muito melhor à população”, defende.

Para a presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Brasília (SindSaúde), Marli Rodrigues, no entanto, o “afrouxamento” nos processos que despendem recursos abre brecha para corrupção.

Vão atuar apenas para garantir compras sem licitação e contratar funcionários sem concurso público

Marli Rodrigues, presidente do SindSaúde

O hospital continuará com o mesmo escopo de atendimento: público e gratuito, segundo Ismael Alexandrino. Sobre a admissão de novos profissionais e aquisição de insumos, ele explica que, na verdade, haverá mais rigor. “No concurso, você faz uma prova e entra. No nosso modelo, estão previstas ao menos duas etapas diferentes. Todas as ações serão publicizadas.”

Ao longo de 2018, em torno de 1 mil profissionais devem ser contratados por meio do regime CLT, revelou o diretor do Hospital de Base.

Servidores de saída
Dos servidores hoje lotados na unidade, 15,4% manifestaram à Secretaria de Saúde do Distrito Federal que não querem permanecer no local quando o instituto passar a gerir o hospital.

No total, 501 dos 3.236 profissionais devem ser remanejados para outros locais de trabalho. A maioria é composta por técnicos em enfermagem: 250 pessoas da categoria querem ser transferidas, de acordo com Ismael Alexandrino.

Esse foi o segundo questionário feito pela Secretaria de Saúde. No primeiro, o percentual de funcionários que desejavam se desligar era maior: em torno de 21%. A transferência, porém, será gradativa, de acordo com o diretor do Base.

A motivação para os servidores deixarem o hospital é a oportunidade de trabalhar perto de casa, afirma o vice-presidente do Sindate. “Quando entramos no serviço público, fazemos a opção para onde queremos ir, mas nos mandam para um lugar que não tem nada a ver. Essa é a chance deles.”

Fonte: Metrópoles

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