Nos últimos anos, sobretudo nos últimos meses, o PT enfrenta um tremendo desgaste político, por um motivo que, em tese, não se pode considerar não republicano, o recebimento de recursos de grandes corporações do ramo da construção civil, que envolve diretamente o tesoureiro afastado do PT, Vacarri Neto, investigado na operação Lava Jato da Polícia Federal (PF).
Ao longo do processo de investigações, ainda em andamento, o presidente do PT, Rui Falcão, e o próprio Neto sempre tiveram a resposta na ponta da língua “Todas as doações foram feitas em total acordo com a legislação estabelecida pelo Tribunal Superior Eleitoral”.
Mas comentaristas políticos conceituados, a exemplo de Arnaldo Jabour e Merval Pereira, foram felizes em diagnosticar o problema dentro da legalidade. Os protagonistas do episódio da Lava Jato dentro do PT aprenderam a cometer a ilegalidade dentro das regras estabelecidas. Mas nesse contexto, esses personagens se esbarram em questões éticas.
Esse é o caso que pode recair sobre o deputado distrital, Reginaldo Veras (PDT), uma das revelações do meio político do Distrito Federal. Isso após aparecer em uma propaganda comercial, em uma emissora de TV, de uma escola preparatória para concursos do DF, em que dá aula, durante o exercício do mandato parlamentar.
Política Distrital conversou com Veras e questionou a postura ética do parlamentar por aparecer em propaganda comercial. O Parlamentar explicou que dá aulas na empresa em questão e em outras instituições, compromisso assumido com os alunos que compõe parte significante do eleitorado e que não cobrou cachê na peça publicitária.
Ainda em relação a propaganda Veras explicou: “Quanto à propaganda, foi gravada ainda no ano passado e foi ao ar no início do ano e agora. Participamos eu e o professor Pacco, secretário de desenvolvimento humano e social. Não fomos remunerados, assim como os demais professores que participaram do comercial. Nas redes sociais também divulgo os lugares onde ministro aulas. É um pedido dos alunos para que não percam, principalmente as revisões de véspera de provas de concurso e do ENEM. Ressalto que, em geral os aulões (SIC) são solidários.”, afirmou Veras.
Questionado sobre ter solicitado a suspensão de veiculação e ainda de ter conhecimento que a peça publicitária seria veiculada após assumir mandato na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) o Deputado afirmou não ter conhecimento da veiculação e deu a entender que não haverá nova veiculação, pois a campanha acabou “esta semana”.
Política Distrital insistiu na questão da ética e da existência de conflitos de interesses de um parlamentar que, eventualmente, defenderá interesses diversos, a exemplo de concursados, de profissionais terceirizados, ou ainda da percepção de quem o conhece apenas enquanto parlamentar. Veras rebateu a crítica ao sugerir que, enquanto parlamentar, fez campanha defendendo os interesses da escola pública e dos concursandos e não dos cursinhos.
Veras minimizou o episódio ao sugerir: “Fique tranquilo, meus eleitores e os que me conhecem sabem da minha seriedade e franqueza e do necessário distanciamento que mantenho entre o exercício do magistério e a atividade parlamentar”, afirmou.
Embora Veras talvez não tenha se atentado para a questão ética, sobretudo por ser professor da instituição e não ter recebido recursos para participar da produção da peça publicitária, cabe ao deputado que com cinco meses de mandato tem adquirido respeito e a admiração de milhares de eleitores que desconhecem as atividades extraparlamentar.
Mas no meio político, o limiar entre o certo e o eticamente correto pode repercutir e acabar com a imagem construída com muita luta. O PT que o diga, ao jogar por terra mais de 30 anos de história, por fazer de forma incerta o que necessariamente não era correto.