Objetivos são melhorar a qualidade da internação, acelerar a desospitalização e reduzir custos
Por Ailane Silva
BRASÍLIA (22/02/2018) – As mudanças para aumentar o acesso da população aos serviços públicos de saúde no Distrito Federal passam a incorporar um ponto importante: a gestão de leitos. Nesta quarta-feira (22), a Secretaria de Saúde deu o primeiro passo nesse sentido com a promoção da Primeira Oficina de Uso Racional de Leitos, que tem como foco aumentar a rotatividades dos leitos gerais e diminuir, com alta segura, os custos de internação.
“Todas as ações feitas nesta gestão têm uma linha coordenada, que segue as tendências mundiais mais modernas e baseadas em evidências de eficiência e de viabilidade. Sabemos que o SUS está passando por crises, por isso, estamos amadurecendo e precisamos buscar alternativas de gestão, com práticas mais eficientes, entre elas, evitar o prolongamento da internação”, defendeu a subsecretária de Atenção à Saúde, Martha Vieira.
A Secretaria de Saúde possui mais de três mil leitos de enfermaria ativos distribuídos entre os hospitais da rede – o custo diário de um leito comum gira em torno de R$300. Já os de UTI, que somam 402, custam entre R$3 mil e R$7 mil por dia. O tempo médio de internação varia entre os hospitais.
A gerente do Serviço de Internação Hospitalar, Luciana Sugai, explica que uma das ações propostas para diminuir o tempo de internação é promover uma linha de cuidados que permita aperfeiçoar o acompanhamento dos casos para que os pacientes recebam alta segura mais rápido. Outra iniciativa é investir em recursos terapêuticos auxiliares como a internação domiciliar, em que o paciente é acompanhado em casa.
Outras medidas são ampliar a modalidade hospital-dia para que o paciente receba a medicação e retorne para casa e ter um plano terapêutico que informe a necessidade ou não da internação.
“Há pacientes crônicos que não precisam permanecer internados para administração de antibiótico ou, simplesmente, para aguardar a realização de exames pendentes. A internação prolongada só deve ocorrer quando realmente for necessária, até porque expõe o paciente a outros riscos como o de contrair infecções no ambiente hospitalar”, disse. Segundo ela, a internação é indicada para situação crítica, instável, em alguns pós-operatórios, entre outras situações complexas.
A idéia é que o projeto seja desenvolvido, inicialmente, no Hospital Regional da Asa Norte (Hran). Segundo o diretor da unidade, José Adorno, pacientes da ala de Queimados chegavam a ficar internados de 30 a 60 dias. Com a adoção de novos protocolos baseado na experiência internacional “um por cento, um dia”, a média de internação caiu para 17 dias, o que demonstra ser possível fazer ajustes.
“Para cada percentual de queimadura, o paciente precisa de um dia de internação para repitalização (cicatrização da pele), ou seja, se a queimadura atingiu 15%, são 15 dias internados, tempo suficiente para que a ferida seja fechada. Os demais cuidados são ambulatoriais. Essas ações envolvem a integração da equipe para cumprir os protocolos, já que cada patologia possui uma previsão diferente de tempo de permanência no hospital”, explicou Adorno.
Oficina – Durante a manhã, foram promovidas palestras, entre elas: Linha paciente crítico, Centro de infusão, uma proposta inovadora, Papel dos serviços de cuidados paliativos e Antibioticoterapia na desospitalização.
A superintendente da Região de Saúde Centro-Norte, Ana Patrícia, o coordenador de Assistência Especializada, Fernando Uzuelli, além de gerentes de internação hospitalar, medicina clínica, cirúrgica, enfermagem e diretores assistenciais também participaram do evento.
Mudanças – Diversas estratégias estão em execução para reestruturar os serviços públicos de saúde no Distrito Federal. Uma das primeiras ações em curso foi a mudança da atenção primária, que passa a ser realizada nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) exclusivamente por equipes Estratégia Saúde da Família, composta por médico da família e comunidade, enfermeiro, técnicos de enfermagem e agentes. Com isso, as UBS passaram a oferecer não só consultas marcadas, mas atendem demanda espontânea e, algumas, ampliaram o horário, inclusive para os sábados.
Outras mudanças são a criação do Instituto Hospital de Base, responsável pela atenção terciária e com mais autonomia para gerir recursos. Outras ações são a reorganização do fluxo de atendimento e a criação de um Complexo Regulador.
Fonte: Agência Saúde