Integrantes das Promotorias de Justiça de Defesa da Saúde participam de capacitação sobre doenças transmitidas por insetos, especialmente o Aedes aegypti
A dengue é uma das principais doenças reemergentes do mundo. Em 2019, o aumento de casos no Distrito Federal alarmou a população. Até 22 de junho, foram confirmadas 31.154 contaminações e 31 óbitos. O controle exige uma atuação intersetorial que ultrapassa a área da saúde. Para entender melhor as doenças causadas por arbovírus, transmitidas por insetos e aracnídeos, especialmente o Aedes aegypti, promotores de Justiça e servidores que trabalham nas Promotorias de Justiça de Defesa da Saúde (Prosus) participaram de capacitação nesta terça-feira, 30 de julho.
No DF, os maiores focos do mosquito estão dentro das casas e em reservatórios artificiais de água, como ferro velho, terrenos baldios, piscinas abandonadas, borracharias, cemitérios e áreas públicas. O mosquito tem hábitos diurnos e costuma picar a vítima no ambiente domiciliar. Há quatro sorotipos da dengue. Este ano, houve prevalência no DF do tipo dois, que pode evoluir para uma forma mais grave da doença. “Precisamos entender o problema para atuar em conjunto com a Secretaria de Saúde para o controle da dengue e também poder exigir que o governo adote os procedimentos necessários de prevenção”, disse o promotor de Justiça Clayton Germano.
O médico Pedro Luiz Tauil, com experiência na área de Saúde Coletiva, com ênfase em Epidemiologia, falou um pouco sobre os desafios do controle das arboviroses no Brasil. Ele destacou que o controle mecânico dos criadores do mosquito é a maneira mais eficaz de prevenção de doenças como dengue, chikungunya, zika e febre amarela, todas transmitidas pelo Aedes aegypti. “O mosquito é o único elo vulnerável da cadeia epidemiológica para reduzir a transmissão dessas doenças, pois ainda não há vacinas efetivas e seguras disponíveis”, enfatizou.
Tauil trouxe um histórico sobre essas doenças, com maior incidência em países tropicais e subtropicais, principais fatores de infestação do mosquito e formas de controle. Na década de 50, o Brasil e mais 17 países conseguiram erradicar o Aedes aegypti com o uso do DDT, sigla de diclorodifeniltricloroetano, pesticida que teve o uso banido. Como alguns países não conseguiram eliminar o mosquito, houve a reinfestação.
Alguns fatores da vida moderna explicam o aumento da infestação do Aedes aegypti, com consequente aumento da dengue e outras doenças transmitidas pelo mosquito. A migração rápida e intensa para as áreas urbanas, a falta de saneamento básico das habitações, o descarte inadequado de resíduos sólidos, o aumento de recipientes descartáveis que permitem o acúmulo de água da chuva e a inefetividade dos programas de controle vetorial.
Entre os objetivos para controlar a doença estão reduzir a letalidade e tornar mais célere o diagnóstico e o tratamento, o que caberia à área de saúde. Para os demais desafios será preciso uma articulação de diferentes setores da sociedade. Entre eles, educar a população sobre a doença e a responsabilidade de cada um de fiscalizar o seu domicílio; fomentar políticas públicas que permitam abastecimento regular de água e a coleta de resíduos sólidos.
Fonte: MPDFT