Por Kleber Karpov
Ainda durante a transição do governo, em 2018, o então escolhido, para assumir a Secretaria de Estado de Educação do DF (SEDF), Rafael Parente, concedeu uma entrevista coletiva a um grupo de blogueiros de política do DF.
Na ocasião, Parente tentou esclarecer o que chamou de “mal entendido”, críticas por publicações antigas nas redes sociais, em alusão a possível adesão à ideologia de gêneros nas escolas. “Compartilhamento de notícias não significa o endosso de opinião.”, virou o mote do anunciado a Educação, ao explicar que ao se compartilhar tais conteúdos nas redes sociais, apenas tentava promover um debate sobre o tema.
Doutor em educação pela Universidade de Nova York, Parente, ao conversar com os blogueiros falou sobre as expectativas em relação a Educação do DF. Das crises a serem superadas, dadas as condições em que o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), herdaria o governo. Mas também das metas de levar o ensino no DF, ao “próximo passo” na escala da evolução do conhecimento, ao referenciar países em que a Educação foi a mola mestra e o pilar do desenvolvimento, a exemplo da Coreia do Sul.
Porém, Parente, aparentemente, não contou com a agenda da atual conjuntura política e social do DF, assim como a do país, que clama pelo resgate de valores, esquecidos há algumas décadas, nas unidades de ensino brasileiras. De uma época onde a sociedade convivia com o respeito aos mais velhos, ao próximo e à pátria. Valores esses que se tornaram meras referências atribuídas aos avós e, no máximo aos pais de muitos estudantes.
Com as devidas exceções, a livre manifestação do pensamento, nos tempos modernos, trespassou ‘cláusulas de barreiras’, limites do bom senso e da responsabilidade. Onde, o professor, se vacilar, até apanha em sala de aula.
Parente, se esbarrou com uma tentativa de resgate, por parte do governo, de valores cívicos e morais, ao se deparar com o conceito da gestão compartilhada da educação com a Segurança Pública. Agenda, considerada por muitos, enérgica, mas utilizada por alguns governos, a exemplo de Goiás, com o apoio de uma parcela da sociedade, para tentar impor, e porque não dizer, resgatar, valores, por meio da ordem e da disciplina.
O caso é controverso, divide opiniões, tanto quanto ao método, assim como a ‘justiça’, quando comparado os recursos empenhados às escolas ‘militarizadas’, em contraponto às tradicionais.
Um tema sensível, aliado ao desgaste social causado pela falta de pudor comportamental, de uns, jogou por terra a democracia, no que tange a escolha, ou não, da gestão compartilhada de escolas públicas. Consequentemente, também, o ‘próximo passo’ de Parente.
Nesse contexto, sai o gestor cheio de sonhos, e junto, a incógnita de ser possível levar a educação da capital do país ao ‘próximo passo’, sem necessariamente se impor um resgate de valores, por parte dos estudantes. E, fica a tentativa de tentar ‘brecar’ práticas nefastas dentro das salas de aulas, em contraposição ao momento social global, em que a sociedade vive. Se será possível resgatá-los, só o tempo dirá. Por enquanto, perde a democracia.