Por Alexandre de Paula
A saúde permanece como uma das áreas a qual a população mais tem críticas. Como o senhor, que é da área, avalia a gestão do governo Ibaneis no setor?
A Saúde é a pasta mais complexa que nós temos, porque ela mexe com o bem maior do ser humano, que é a vida. Sempre será a principal pasta de qualquer estado. Ela vem sucateada no DF há muitos anos. Não é algo que aconteceu em três, quatro ou cinco anos. Faz pelo menos 10 anos que ela foi deixada assim. Não dá para resolver rápido. Um sucateamento de 10 anos precisa de, pelo menos, o mesmo tempo para deixar no mesmo patamar e de mais uns 5 anos para evoluir. Então, é muito complicado. Mas consigo ver, sim, uma evolução gradativa no governo Ibaneis vejo que existe comprometimento com a Saúde.
O senhor votou contra a criação do Iges/DF. Como avalia o trabalho do instituto hoje? Mudou de ideia?
Na verdade, eu sou oriundo do serviço público. Brasília é a capital da oportunidade, porque qualquer brasileiro pode vir para cá por meio de um concurso público, que é o método mais democrático para se ter um emprego. Sou um defensor disso. O que me fez votar contra o Iges — e me faria votar de novo contra — é porque sou um defensor do concurso público. Não gostaria que atividades de saúde, educação e segurança dispensassem concurso público. Agora, o Iges está avançando e fazendo uma gestão mais ágil. Isso, estou vendo. É mais rápido, mas ainda não consegui comparar a eficiência em relação ao outro modelo.
Como o senhor avalia a relação do governo com a Câmara Legislativa? Alguns deputados reclamam que falta diálogo, sobretudo com secretários. O senhor vê assim?
Os poderes são independentes e harmônicos entre si, mas não podem ser subservientes. Então, eu sempre fui atendido — e muito bem atendido — quando tentei contato com o Buriti, mas a gente não pode, como disse, ter uma relação subserviente e só agir se tiver aval ou contato com o Executivo. Mas vejo que a relação do GDF com a Câmara é boa. Até porque o governo passou praticamente tudo que priorizou até agora. Isso é uma característica desta Câmara, que, mesmo tendo parlamentares de diversos segmentos, tem bom senso para entender o que beneficia a população. Vez ou outra, azemos críticas duras, mesmo deputados da base como eu, mas isso não faz com que sejamos contra propostas boas.
O senhor criticou recentemente, no Plenário, a cantora sertaneja Naiara Azevedo por uma música que fala de enfermeiras. Por que a letra incomodou tanto?
Existem alguns fetiches masculinos em relação às enfermeiras. Por conta disso, elas são muito assediadas nos próprios hospitais e nas ruas. A gente tem que desmistificar e tirar esse sentimento, porque acaba constrangendo as profissionais da área. Quando vejo algo que reforça isso, eu vou lá e rebato, porque as enfermeiras são sempre alvo. Na música, ela diz que esperava que o ex pegasse uma doença e que a “rapariga” não fosse enfermeira. É pejorativo. Não é uma questão pontual, é algo que acontece com frequência na tevê, em fotos sensuais, por exemplo, e precisa ser criticado.
O senador Reguffe entrou recentemente para o Podemos. A chegada dele reforça o partido?
Pensando até nas próximas eleições… Eu recebi com muita felicidade a notícia de que ele aceitou entrar para o Podemos. Ele foi convidado por vários partidos e, quando ele decidiu, fiquei feliz porque só corrobora a política de respeito ao eleitor e de austeridade que o Podemos vem fazendo. Também existe a afinidade entre nós por fazermos um trabalho voltado para a Saúde. Ele tem uma bandeira muito forte nesse tema como eu. A chegada dele, sem dúvidas, vai fortalecer o partido. As pessoas já estão nos procurando mais para se filiar. Acredito que teremos um time forte em 2022, não pensando já em algum cargo, mas com foco em ter um grupo que quer fazer política sem demagogia.
Fonte: Correio Braziliense