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20 dez 2024 06:22


20% dos pacientes registrados com coronavírus em SP estão em estado grave na UTI, estima secretário da Saúde

Governo calcula que cerca de 30 pacientes do coronavírus estejam em estado grave, na UTI, em SP. Hospitais particulares da capital têm pelo menos 20 casos confirmados laboratorialmente internados na UTI

Por Patricia Figueiredo

Cerca de 20% dos pacientes confirmados com coronavírus em São Paulo estão internados em estado grave na UTI, segundo o secretário da Saúde de São Paulo, José Henrique Germann. Esse cálculo só leva em conta os casos computados pelo Ministério da Saúde. De acordo com o último balanço divulgado na terça-feira (17), há 164 casos confirmados da doença no estado.

“Dos pacientes que hoje estão confirmados, nós temos alguns pacientes graves internados em UTI, na nossa rede e na rede privada. Isto está em torno de 20%, aproximadamente. Isso está dentro do esperado pelo número de pacientes positivos que temos no estado”, disse Germann em entrevista coletiva nesta quarta-feira (18).

Pelo menos 20 pacientes graves do novo coronavírus estão internados apenas nas UTIs de três redes de hospitais de particulares da capital procurados pelo G1. O dado leva em consideração somente pacientes cujo exame laboratorial já deu resultado positivo para o novo coronavírus.

“De forma geral, se nós temos 160 casos confirmados no estado, 80% são leves e 20% são pessoas que precisaram ser internadas e, dessas, uns quatro, representando 5% do total, são casos mais graves. Então, de 160 a gente tem cerca de 30 [casos graves] no estado”, disse Menezes.

Paulo Menezes, coordenador do CDC; David Uip, coordenador do centro de contingência Os porta-vozes do governo afirmam que, oficialmente, não é possível acompanhar o estado de saúde dos pacientes do coronavírus atendidos pela rede particular. “O hospital não comunica ao Estado a gravidade do doente. A comunicação é feita e obrigatória quando se sabe o agente causal. Essa é uma relação entre um hospital e um laboratório privado. É uma relação de privados”, disse David Uip, coordenador do centro de contingência contra o coronavírus em São Paulo.

Gestores de hospitais privados afirmam que o sistema usado para notificar casos é instável e fica offline diversas vezes ao dia. Nesta terça-feira (18), Menezes, chefe do CDC da secretaria da Saúde, disse em coletiva de imprensa que o sistema utilizado para as notificações tem mais de 10 anos.

Primeira morte em SP

O governo de São Paulo registrou a primeira morte por coronavírus no Brasil na manhã desta terça-feira (17) e investiga se outras quatro mortes também foram provocadas pela doença. Todas as vítimas, inclusive o morto por coronavírus, estavam internados na mesma rede hospitalar da Prevent Senior. No entanto, não foi informado se estavam na mesma unidade.

“Infelizmente o ocorrido foi o primeiro óbito aqui. Um homem morador de São Paulo internado em um hospital privado e o diagnóstico de coronavírus foi feito também por um laboratório privado. Ele veio a óbito ontem 16h03 e não tem histórico [de viagem para o exterior]. Fomos informados oficialmente hoje às 10h”, disse o infectologista David Uip, coordenador do centro de contingência ao coronavírus de São Paulo.

“Existem quatro outros óbitos neste mesmo serviço particular que estão sendo investigados. Assim que tivermos informações, sendo ou não coronavírus, vamos informá-los.” – David Uip.

Segundo o infectologista, a vítima teve os primeiros sintomas no dia 10 de março, foi internada quatro dias depois, no sábado (14), e morreu nesta segunda-feira (16). Como a doença no paciente foi constatada somente na noite desta segunda, o caso provavelmente não foi contabilizado no balanço oficial de casos confirmados no estado, segundo o governo.

Na noite desta terça, em entrevista à TV Globo, o diretor-executivo da Prevent, Pedro Benedito Batista Junior, disse que além da morte do homem confirmada por coronavírus no Hospital Sancta Maggiore no Paraíso, o hospital investiga outras cinco mortes suspeitas, que apresentavam sintomas clínicos e aguardam a confirmação de exames.
Rede de hospitais especializada em idosos registra cinco mortes de suspeita de coronavírus

“Provavelmente não está na contagem. […] Muitas vezes o laboratório que está fazendo o exame tem positivo então tem um sistema, na hora que tem positivo ele comunica as instâncias superiores até que acaba em um relatório do estado que vai dar no Ministério. Então, acaba o diagnóstico e o dado da vigilância epidemiológica, tem um tempo até isso. Nós fomos informados hoje oficialmente e o diagnóstico, segundo a informação que nós recebemos, ocorreu ontem à noite. Então não deve constar no número de casos do estado”, disse Uip.

Ele tinha histórico de diabetes e hipertensão, além de hiperplasia prostática — um aumento benigno da próstata que não é uma doença, mas uma condição comum em homens mais velhos que pode causar infecções urinárias. O homem não tinha histórico de viagem e teve transmissão comunitária.

“Infelizmente, os óbitos são esperados do ponto de vista de postura, mas temos que trabalhar, foi uma evolução rápida, da internação ao óbito”, declarou Uip.

Ele disse que vai sugerir ao governo federal a mudança do tempo de quarentena de 14 para 10 dias. “O caso desse paciente está fazendo a gente entender como se comporta a doença. Nós imaginávamos que o período de encubação da doença era de até 14 dias, mas a média está sendo de 6 a 8 dias até a doença se manifestar. Vamos inclusive sugerir ao Ministério da Saúde que diminua o tempo de quarentena de até 14 dias para dez.”

Reavaliação de testes laboratoriais

Ainda na segunda-feira, o governo estadual informou que “vai avaliar” a nova recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para que todos os casos suspeitos do novo coronavírus sejam submetidos a exames laboratoriais. A afirmação foi feita pelo secretário estadual da Saúde, José Henrique Germann.

Na sexta-feira (13) o governo de São Paulo havia anunciado que somente pacientes internados seriam submetidos ao teste laboratorial na rede pública e que o diagnóstico clínico seria adotado para outros casos suspeitos.

 

Ciclo do coronavírus — Foto: Foto: Arte/G1

Guia de isolamento domiciliar por causa do novo coronavírus — Foto: Arte/G1

 

Fonte: G1-SP

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