Por Fred Lima
De acordo com matéria publicada na Folha de S. Paulo deste sábado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem traçando uma estratégia para se unir aos movimentos sociais, com o objetivo de pressionar a presidente Dilma Rousseff – isso mesmo que você acabou de ler! – para que alinhe seu segundo governo às políticas de esquerda do PT. Seria uma tática do petista visando uma provável candidatura à Presidência da República em 2018? Sem dúvida! Contudo, pode ser um tiro que sairá pela culatra.
Dilma saiu da costela de Lula. Ver o criador se voltar indiretamente contra a sua criatura seria surreal, bem como poderia até tombar o império petista. A ideia original de Lula pode ser tentar se descolar da imagem de Dilma, principalmente se o segundo mandato da presidente for pior do que o primeiro. Lula se apresentaria como o salvador da pátria, que pregaria mudanças, mas com a continuidade das políticas sociais. Colaria? Muito improvável.
Acredito que Lula e Dilma nunca romperão o acordo que fizeram, mas as rusgas entre ambos já aparecem nos bastidores. O ex-presidente afirmou, após a reeleição da presidente, em outubro, de que teria um espaço maior no segundo governo de sua pupila. Dilma pouco se importou com a declaração, montando seu ministério sem submeter os nomes à aprovação de Lula. O ex-presidente não gostou nem um pouco. Agora, sabendo que a presidente não o quer participando da tomada de decisões, Lula vem ameaçando, de forma velada, os rumos do novo governo de sua sucessora.
Ao escolher Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda, Dilma deu um recado claro à ala radical do PT, de que seu segundo mandato seria mais ortodoxo. A presidente acertou. Uma política econômica austera, sem muita interferência do Estado, traria de volta a confiança dos investidores, assim como sanearia as contas públicas, aumentando o superávit primário.
O interessante é vermos Lula ir contra a razão, apenas por uma questão eleitoral. Levar o governo mais à esquerda no atual momento seria decretar o caos no país, fragilizando a economia e apostando na gastança pública para obter popularidade. Lula possivelmente acredita que o segundo governo Dilma será impopular, por causa da austeridade fiscal, que deve ser promovida por Levy na Fazenda.
Como podem perceber, Lula não está nem um pouco preocupado com os rumos certos do país. Sendo um populista nato, sua preocupação maior é com a popularidade, que sustenta o projeto de poder de seu partido. Não importa se o veículo faça ultrapassagem perigosa na faixa da esquerda em pista de mão dupla. O que interessa é agradar o povo que está acenando à espera de uma carona. Danem-se as leis de trânsito.
Fonte: http://blogdofredlima.com.br/2014/12/28/opiniao-lula-versus-dilma/