Os policiais civis do Distrito Federal decidiram entrar em greve por tempo indeterminado a partir da próxima terça-feira, 1º de setembro.
A medida foi aprovada durante Assembleia Geral Extraordinária (AGE) realizada na tarde desta terça-feira, 25, em frente à sede do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG).
Convocada pelo Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF), a AGE teve como principal ponto reivindicar, tanto do governo federal, quanto do distrital, a manutenção da isonomia histórica que há entre a Polícia Civil do DF (PCDF) e a Polícia Federal (PF).
Além disso, os policiais civis cobram da PCDF a institucionalização de uma normatização para as remoções e a nomeação dos mais de 400 aprovados no último concurso, o que amenizaria o alto déficit que a instituição enfrenta.
Mais de dois mil policiais atenderam ao chamado do Sinpol-DF. Depois da assembleia, eles saíram em caminhada pela Esplanada dos Ministérios até o Congresso Nacional, onde, com gritos de ordem, voltaram a reiterar as reivindicações. Eles encerraram o ato cantando o hino do policial civil.
GREVE
A greve começará a partir das 8h de terça, em todas as unidades da PCDF. Nesse período, só serão registradas ocorrências de crimes graves, como latrocínio, homicídio, estupro e sequestro relâmpago.
Os policiais também aprovaram o estado permanente de assembleia durante o período de greve. Isso significa que eles podem convocar a categoria para se reunir a qualquer momento, caso haja algum avanço no atendimento às reivindicações.
Nos próximos dias, o Sinpol-DF vai elaborar e divulgar a cartilha de greve, com todas as orientações a serem seguidas pelos policiais.
Já no dia 1º o sindicato realizará um ato, às 14h30, em frente ao Palácio do Buriti, sede do Governo do Distrito Federal (GDF). Lá, os policiais civis vão cobrar do governador Rodrigo Rollemberg um compromisso formal, por escrito, com a garantia de manutenção da isonomia entre as duas polícias.
“Essa isonomia é histórica, existe desde a mudança da capital do Rio de Janeiro para Brasília. Queremos que o governador se manifeste favoravelmente a isso”, afirmou o presidente do Sinpol-DF, Rodrigo Franco, o Gaúcho.
REESTRUTURAÇÃO
Ainda nesse ato, os policiais vão avaliar quais serão os próximos passos do movimento. Uma das ações previstas é um outro ato de manifestação em frente à Direção Geral da PCDF, a fim de cobrar do diretor Eric Seba maior envolvimento com os pleitos da categoria.
A negociação salarial na Polícia Federal envolve o diretor-geral da instituição e a Federação deles. Cobramos do diretor da Polícia Civil o envolvimento dele, mas não recebemos resposta. Ele não tem nos recebido há mais de um mês”, explicou Gaúcho.
A greve definida nesta terça é decorrente da falta de uma proposta de reajuste salarial que compense as perdas inflacionárias dos policiais civis – hoje em mais de 30% – e ainda sobre a reestruturação da carreira.
Isso, somado à possível aprovação de uma Medida Provisória ou projeto de lei que reestruturaria a carreira da PF sem contemplar os policiais civis culminou com essa reação da categoria.
“Não aceitaremos ficar de fora dessa reestruturação. O grande grito está sendo dado hoje. Queremos deixar nossa posição muito certa e muito clara: a gente exige o compromisso de campanha do governador; queremos isso por escrito”, acrescentou o presidente do Sinpol-DF.
PARCERIA
Os policiais, tanto ativos, quanto os aposentados (que compareceram em grande número), foram conclamados a mobilizar os colegas para fortalecer o movimento. “Se cada um de vocês aqui, hoje, trouxer pelo menos mais três policiais, mostraremos de forma ainda mais coesa nossa força ao governo”, ressaltou Gaúcho.
Os demais diretores do Sinpol-DF chamaram a atenção, ainda, para a importância de a categoria permanecer unida durante a greve. Renato Rincon, primeiro vice-presidente, afirmou que a parceria entre os policiais do plantão e do expediente será fundamental para o sucesso do movimento.
“Vamos firmar um compromisso de fazer um movimento coeso, unido. É nesse momento que vamos ver a nossa capacidade de mobilização. Nós já buscamos todas as vias, em todas as negociações: reajuste salarial, concurso de remoção, nomeação dos policiais aprovados. Temos uma diretoria aguerrida, que busca de todas as formas conquistar os direitos que merecemos, mas precisamos da categoria junto a nós”, acrescentou Rincon.
O diretor de Administração e Planejamento do sindicato, Marcos Campos, também fez um discurso nesse sentido. “É essencial, para o sucesso do movimento, que todos os policiais, em especial os do expediente, acampem nas delegacias durante a greve. Vamos distribuir barracas, como fizemos das outras vezes. Peço que todos se apoiem. Vamos parar de verdade; não vamos fazer greve de brincadeira”, disse.
“É importante termos a categoria mobilizada. Precisamos avançar na nossa reestruturação. Não podemos esperar que as coisas aconteçam e a gente fique de fora”, acrescentou o secretário geral do Sinpol-DF, Paulo Sousa.
Fonte: Sinpol-DF