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22 nov 2024 19:44


APIB organiza comitê para registrar avanço da Covid-19 sobre povos indígenas

O Comitê Nacional pela Vida e Memória Indígena é resultado da Assembleia Nacional de Resistência Indígena, realizada nos dias 8 e 9 de maio, que reuniu lideranças e especialistas de diversas áreas para articular estratégias de contenção dos danos causados pela Covid-19 sobre os povos indígenas.

Na semana em que o Brasil registrou mais de 160 mil casos de infecção e 10 mil óbitos em decorrência do novo coronavírus, organizações indígenas articularam um encontro para realizar um diagnóstico das realidades locais e organizar estratégias para minimizar o impacto da pandemia entre os povos originários. Uma das medidas para acompanhamento da disseminação do coronavírus foi a criação do Comitê Nacional pela Vida e Memória Indígena.

O principal impasse entre organizações indígenas e a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), vinculada ao Ministério da Saúde, é a notificação dos casos de contaminação e óbitos. De acordo com as lideranças, o impacto da Covid-19 nas comunidades é muito maior do que o registrado pela Sesai, isto se deve ao critério de localização do paciente utilizado pelo órgão para confirmar os casos – apenas entram na conta da Secretaria os casos de indígenas aldeados, excluindo os que vivem em contexto urbano.

Por isso, a necessidade de estruturar o acompanhamento dos casos de Covid-19 junto a organizações de base e instituições parceiras do movimento indígena. Para comparar, os dados levantados pelo Comitê Nacional pela Vida e Memória Indígena e os dados registrados pela Sesai:

Óbitos

  • Registrados pela Sesai: 19
  • Registrados pelo Comitê: 77

Indígenas infectados

  • Registrados pela Sesai: 222
  • Registrados pelo Comitê: 308

“Não são apenas números, são pessoas, são memórias e histórias dos povos Apurinã, Atikum, Baniwa, Baré, Borari, Fulni-ô, Galiby Kalinã, Guarani, Hixkaryana, Huni Kuin, Jenipapo Kanidé, Kariri Xocó, Kaingang, Karipuna, Kokama, Macuxi, Mura, Munduruku, Pandareo Zoro, Pankararu, Palikur, Pipipã, Sateré Maué, Tariano, Tembé, Tikuna, Tukano, Tupinambá, Tupiniquim, Warao e Yanomami. Todos afetados pela pandemia.”, evidencia um trecho da carta final da Assembleia.

A saída de indígenas das suas comunidades para acessar o direito ao Auxílio Emergencial é uma das situações que tem preocupado as lideranças – seja para acessar a Internet para fazer e acompanhar a solicitação do benefício ou para ir a uma agência bancária para recebê-lo. De modo que a contaminação tende a subir, uma vez que o risco ao qual têm que se expor para ter seu direito garantido evidencia a falta de consideração do contexto de comunidades tradicionais na elaboração do projeto de distribuição de renda emergencial.

Os dados oficiais não alcançam a realidade indígena de mais de 34 povos já impactados pela doença. Assim, aproveitando o encontro promovido pela Assembleia Nacional da Resistência Indígena, a Apib reuniu um grupo de lideranças, pesquisadores, comunicadores e ativistas para identificar, verificar e registrar os casos de contaminação e óbitos de Covid-19 entre indígenas, independente do local onde residem. Estatísticas, povos atingidos e outras informações são publicadas semanalmente no boletim elaborado pela coalizão Quarentena Indígena.

Para acessar boletins, campanhas e outros conteúdos relacionados à epidemia de Covid-19 entre os povos indigenas brasileiros, acesse: http://quarentenaindigena.info/

Fonte: Ascom IPIB

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