Assaltar um banco é perdoável? E furar a fila do mercado? E mudar o voto de algo que beneficia toda uma população?
O que está por trás da regra desse jogo? Qual o limite entre o certo e o errado, entre o bem e o mal?
O que aconteceu em meio à sessão da Câmara Itinerante, ocorrida na quarta-feira (22), no entro Olímpico do Gama, requer uma análise mais profunda sobre o comportamento de deputados que mudam de posição de acordo com os “ventos” que podem soprar em sua direção.
E quando isso acontece muitos não estão nem aí para a ética, os valores, os limites de cada um e nem mesmo se importam com o que pensam os milhares de cidadãos que os escolheram como seus legítimos representantes.
A Câmara Legislativa do Distrito Federal votou duas vezes o veto do governador Rodrigo Rollemberg ao projeto de lei que prevê a redução de imposto sobre medicamentos genéricos de autoria da deputada Liliane Roriz.
Pareceu para a população como uma grande jogada ensaiada em que no primeiro momento a plateia vibra com o gol e no segundo momento chega o juiz e diz que não valeu. A primeira votação aconteceu sem a presença de Celina Leão, presidente da CLDF, que havia se ausentado por um longo período. No momento, a mesa era comandada pelo distrital Raimundo Ribeiro (PSDB). O parlamentar colocou em análise o veto, que foi derrubado pelo conjunto da maioria.
Centenas de moradores do Gama, a maioria de idosos que lotava a galeria improvisada vibrou com o resultado, já que havia sido sacramentada a isenção de ICMS dando-lhes a possibilidade de comprar remédios mais baratos.
A alegria durou pouco. Celina Leão voltou à mesa e anulou o resultado colocando novamente o veto em votação. “Erro material, gravíssimo. Consta voto de quatro parlamentares que sequer votaram o projeto”, diz a presidente da Câmara sem ouvir nenhuma manifestação contrária de seus pares.
O resultado final foi de que o tributo será mantido. O deputado Chico Vigilante (PT) foi um dos que voltaram atrás do seu voto pela derrubada do veto. Na segunda votação encaminhada pela presidente Celina Leão, o petista votou pela cobrança dos impostos sob os genéricos. Rodrigo Delmasso agiu da mesma forma.
Alguns outros, como Agaciel Maia e Professor Israel, que na primeira votação disseram “sim” a derrubada do veto, preferiram se ausentar na segunda votação para não confirmar as suas posições. No final, o veto foi mantido, como o Governo de Brasília queria. E assim a Câmara Legislativa do Distrito Federal segue malvista aos olhos do povo.
Fonte: Portal Radar