Doações do alimento para 15 bancos em Brasília aumentam chance de sobrevivência de bebês prematuros ou de baixo peso
Por Jade Abreu
Caio nasceu com 25 semanas, 28 centímetros e 530 gramas. Hoje, tem 2 meses e pesa 1,334 quilo. Davi também é prematuro. Aos 7 meses, veio ao mundo com 36 centímetros e 1,135 quilo. Ao nascer, Alana pesava apenas 600 gramas — pouco mais do que um pacote de macarrão. Com 43 dias de vida, a menina dobrou o peso e está com 1,5 quilo.
Assim como essas três, de janeiro a outubro, outras 8.318 crianças nasceram antes do esperado, pesam menos que o ideal (aproximadamente três quilos, segundo a Secretaria de Saúde), e o leite materno das próprias mães é insuficiente. Por isso, elas são atendidas pelos 15 bancos de leite de Brasília, abastecidos com doações. De acordo com a pasta, um vidro de 250 mililitros pode alimentar até dez bebês.
“Cada gota é essencial”, ressalta a coordenadora dos bancos de leite da Secretaria de Saúde, Miriam Santos. Segundo ela, diariamente, uma média de 150 bebês nos hospitais da rede pública precisam do alimento cuja demanda é constante. “Todo mês, aparecem 80 novas crianças.”
As doações permitem que crianças com baixo peso e prematuras sejam alimentadas devidamente e consigam sobreviver às circunstâncias fora do padrão normal. “Há uns 20 anos, uma criança de 500 gramas não sobreviveria, mas hoje ela vive porque tem leite para nutri-la.”
Estoques baixos
De janeiro a outubro, foram doados 13.584 litros de leite para os 15 bancos de Brasília. O número é menor que o registrado no mesmo período de 2014 — 14.920 litros.
De acordo com a Secretaria de Saúde, o estoque dos bancos de Brasília vai para crianças que nascem prematura e com baixo peso e que ficam internadas, mas é insuficiente para atender bebês cujas mães morreram ou que não têm leite para amamentá-los. Para que estes também pudessem se beneficiar do serviço, todos os bancos de leite deveriam receber pelo menos 3 mil litros por mês, calcula Miriam. “Nem conseguimos bater a meta de 1,5 mil litros mensais”, lamenta a coordenadora.
O leite humano tem na composição a quantidade ideal de carboidrato, de proteína e de gordura para um bebê. Além disso, contém fatores de defesa, como anticorpos maternos, para protegê-lo. Crianças que não recebem o leite humano ficam mais suscetíveis a diabetes, hipertensão e outras doenças.
Doações
Segundo Miriam, toda mulher que está amamentando pode doar. Para isso, deve ligar para o número 160, opção 4. Um cadastro será feito e, em até 72 horas, um novo contato é estabelecido com a mãe para agendar um horário em que a equipe do Corpo de Bombeiros possa buscar o material. De acordo com a secretaria, 95% das coletas de Brasília são feitas pela corporação militar, que as armazena em vidros de 250, 300 e 500 mililitros.
Há uns 20 anos, uma criança de 500 gramas não sobreviveria, mas hoje ela vive porque tem leite para nutri-la.Miriam Santos, coordenadora dos bancos de leite da Secretaria de Saúde
Na primeira visita, as doadoras recebem o kit para doação, com máscara, gorro e recipiente de vidro com tampa plástica. Além disso, são repassadas as instruções sobre como retirar o leite. A secretaria mantém contato para acompanhar o andamento das coletas e marcar novas visitas, nas quais a equipe troca os recipientes cheios por outros vazios, prontos para nova doação.
Vidros
A secretaria recebe da população doações de recipientes de vidro com tampa de plástico. Quem quiser contribuir pode levá-los diretamente aos bancos de leite, nos Hospitais Regionais da Asa Norte, de Brazlândia, de Ceilândia, do Gama, do Paranoá, de Planaltina, Santa Maria, de Sobradinho e de Taguatinga; e nos Hospitais Anchieta, Brasília, das Forças Armadas, Materno-Infantil de Brasília, Universitário de Brasília e Santa Lúcia.
Fonte: Agência Brasília