Por Marco Túlio Alencar
A falta de doses para dar continuidade à campanha de vacinação contra o novo coronavírus e a ordem de prioridade da imunização foram temas debatidos pelos deputados distritais na sessão remota da Câmara Legislativa desta quarta-feira (10). Outras questões relacionadas à saúde também foram postas em discussão, como a situação do Instituto de Gestão Estratégica em Saúde do Distrito Federal (Iges-DF).
Além de voltar a criticar a inversão de prioridades na vacinação – com a entrada somente do grupo de brasilienses com 79 anos de idade na campanha –, a deputada Arlete Sampaio (PT) alertou a população sobre a necessidade de redobrar os cuidados durante o feriado. “Cuidem-se, não façam aglomeração. Vamos evitar que tenhamos nova onde de contaminações”, disse a parlamentar.
Já o deputado Leandro Grass (Rede) chamou a atenção para a possibilidade de déficit de vacinas para a aplicação da segunda dose no grupo já vacinado. Ele fez um apelo para que o governo “trabalhe com os dados reais e não com promessas”. Lembrou que nesta quinta-feira (11), às 15 horas, a CLDF debate o retorno presencial às aulas na rede pública de ensino, “mas não há imunizantes em número suficiente para os profissionais que trabalham na educação”.
Compra direta
Para o deputado Fábio Felix (Psol), se fosse feita uma hierarquização dos culpados pelo número reduzido de vacinas, “o grande responsável seria o presidente da república que, desde o início da pandemia teve uma atuação errática e incompetente, agia a favor do vírus”. O distrital salientou que a Comissão Especial da Vacina da CLDF tem uma reunião, amanhã, com o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, para tratar da compra de imunizantes diretamente pelas unidades da federação.
A deputada Júlia Lucy (Novo) apoiou a iniciativa e afirmou ser a favor, ainda, da aquisição direta por categorias de trabalhadores. Sobre a ordem da vacinação, defendeu que a “prioridade absoluta” deve ser dos profissionais que atuam na linha de frente nas redes pública e privada de saúde. A parlamentar tratou ainda de sugestão para as UTIs públicas funcionarem em modelo “box” para pacientes com Covid-19 e outras enfermidades, argumentando que “não há expectativa de fim dessa pandemia”.
O deputado Agaciel Maia (PL) solicitou que as doses da Coronavac destinadas aos cerca de mil profissionais que atuam no Hospital da Criança sejam aplicadas no próprio local, sem que haja necessidade de deslocamento até o Hospital Regional da Asa Norte (HRAN). “A unidade de saúde tem as condições necessárias para realizar a imunização nas suas dependências”, justificou. Também comentou que os resultados da vacinação no DF “têm levado residentes em outros estados a desejarem estar aqui”.
Concordando com Agaciel, o deputado Claudio Abrantes (PDT), afirmou que o Distrito Federal tem dado conta de imunizar sua população, dentro das possibilidades” e, por esse motivo, ocupa as primeiras colocações no ranking nacional, atraindo os olhares das demais unidade federativas. Para ele, o momento exige união de todos em busca de uma solução que atenda o Brasil como um todo. Abrantes disse ainda considerar “pesado” colocar na conta do governo local as deficiências do país.
Extinção do Iges-DF
O deputado Chico Vigilante (PT) acrescentou que, apesar do total insuficiente de vacinas, não fosse a iniciativa do Instituto Butantan e do governo paulista, o Brasil estaria a descoberto. O parlamentar também tratou da situação do Iges-DF e propugnou a “extinção” da entidade que, segundo ele, “está destruindo o Hospital de Base, que já foi referência e atendia com qualidade”. Vigilante informou que protocolou uma proposição para que as atividades do instituto cheguem ao fim. “Não da pra fazer saúde publica com esse monstrengo”, declarou, pedindo o apoio dos colegas à iniciativa.