Impeachment será analisado em meio a recessão e desemprego
Por Regina Alvarez
Na batalha contra o impeachment, a economia não joga a favor da presidente Dilma Rousseff. Se o cenário atual já é complicadíssimo para o governo, os efeitos da crise política e também fatores externos podem piorar ainda mais o quadro econômico, o que provavelmente se refletirá na popularidade do governo e da presidente.
Em dez dias, o Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos) se reúne e deve elevar os juros americanos. Os dados de emprego por lá melhoraram e reforçaram essa percepção, o que terá impacto nas economias dos países emergentes e, em especial, no Brasil, que está mais frágil. Isso porque o aumento do juros lá é um incentivo para investidores retirarem seus investimentos daqui, o que redunda em uma valorização ainda maior do dólar frente ao real, com reflexos na inflação, que já entrou no campo perigoso dos dois dígitos.
Com um cenário de instabilidade política e recessão econômica acentuada, o desemprego tende a aumentar, e isso vai aparecer com mais nitidez em janeiro, um mês já tradicionalmente fraco para o mercado de trabalho. Em janeiro deste ano, quando a economia só começava a embicar para baixo, foram perdidas 81 mil vagas. Já existem previsões de que o ano pode terminar com 1,5 milhão de postos de trabalho engolidos pela recessão.
Com a política turbulenta, a tendência do empresário é ser conservador. Corta gastos, congela decisões de investimentos e demite, se achar necessário para manter o seu negócio em pé. São remédios amargos que serão colocados na conta do governo. Se o cenário político está complicado para a presidente Dilma, é a economia que pode decidir o seu futuro no governo.
Fonte: O Globo