A crise na saúde do Rio provocou uma cena de desespero nesta quarta-feira (23). Uma mulher chorou e se revoltou após ver o tio morrer na porta do hospital Getúlio Vargas, na Penha, Zona Norte do Rio, fechada com tapumes e sem atendimento de emergência. Como mostrou o RJTV, a mensagem dizia que só pacientes com risco de morte iminente serão atendidos.
Ela diz que o tio morreu à noite, e culpa o hospital pelo ocorrido, devido à falta de atendimento e medicamentos. O hospital alega que ele já chegara morto ao local. Enfermeiras contam que, durante a madrugada, foram feitas 16 cirurgias, quase todas sem o material e medicamentos adequados. Na tarde desta quarta-feira, 25 pacientes estavam internados no local.
Um vídeo feito por funcionários mostra que os estoques de medicamentos estão vazios, e em várias áreas, não há pacientes ou médicos. No hospital Mario Kroeff, que é mantido com dinheiro repassado pelo município, setores de quimioterapia do hospital, especialista em câncer, não estão funcionando. Pacientes estão sendo obrigados a voltar para casa.
“Não tem medicamento, não tem salário, e aí a gente não tem como fazer o tratamento”, diz Simone do Rosário, que tem câncer de mama. Maria Benedita de Oliveira, que mora em Campo Grande, chegou às 4h para fazer a quimioterapia e foi avisada que não havia médicos na unidade. “Venho aqui desde 2000, para tratar o câncer no fêmur e aqui na coluna”, lamenta ela, em uma cadeira de rodas.
Nesta terça-feira, uma liminar concedida em ação civil pública ajuizada pelo Sindicato dos Médicos e que teve parecer favorável do Estadual de Saúde do Rio de Janeiro os valores correspondentes a 12% de sua receita no ano.
Em caso de descumprimento, o Estado será penalizado com multa diária de R$ 50 mil. O secretário de Estado de Saúde e o governador também terão que pagar multa diária de R$ 10 mil, caso não cumpram a decisão que deve ser realizada até a manhã de quinta-feira (24).
Nesta quarta-feira, o novo secretário de saúde, Luis Antônio Teixeira Júnior, se encontra com entidades da classe médica, Defensoria Pública e Ministério Público Estaduais e o Conselho Regional de Medicina para discutir a crise no gabinete de crise da Saúde.
Em nota, o Governo do Estado do Rio de Janeiro afirmou que ainda não foi notificado sobre a decisão judicial.