Por Ian Ferraz
Nesta quinta-feira (1º) comemora-se o Dia da Vacina BCG, considerada uma das mais importantes do país e crucial para prevenir formas graves de tuberculose. Preconizado no Brasil desde 1976, é recomendável que o imunizante seja aplicado em crianças de zero a menores de cinco anos.
Para salvar vidas, é necessário administrar a vacina em dose única o mais precocemente possível, preferencialmente nas primeiras 12 horas após o nascimento da criança, ainda na maternidade. No Distrito Federal, a rede pública de saúde oferece o imunizante por meio de agendamento. No site http://www.saude.df.gov.br/vacina é possível ver os dias, horários e unidades que aplicam a BCG. Nas maternidades, por sua vez, ela é aplicada assim que o recém-nascido chega ao mundo. A única contraindicação da vacina é que ela não pode ser aplicada em bebês com menos de 2kg.
“A BCG é uma vacina eficiente e eficaz e fornecida pela rede pública de saúde, sem restrições ou dificuldades para o público que precisa ser vacinado”Osnei Okumoto, secretário de Saúde
“Comemoramos a data de hoje por tudo o que a vacina BCG tem representado na saúde pública, desde que surgiu, para salvar vidas de crianças acometidas pela forma mais grave da tuberculose”, destaca o secretário de Saúde, Osnei Okumoto. Ele lembra que a rede pública do DF tem um atendimento eficaz e abrangente para beneficiar todos os recém-nascidos ainda na maternidade, ou por meio de agendamento pelo site da secretaria. “A BCG é uma vacina eficiente e eficaz e fornecida pela rede pública de saúde, sem restrições ou dificuldades para o público que precisa ser vacinado”, ressalta.
História
“Desde quando os pesquisadores descobriram a vacina percebeu-se que as crianças morriam recém-nascidas com tuberculose. Elas nasciam e morriam das formas graves da doença. Com a BCG, não se vê mais óbitos por tuberculose e, aqui no Brasil, ela tem entrou na rotina de vacinações”, explica a enfermeira Fernanda Ledes, da Secretaria de Saúde.
A vacina BCG foi originalmente desenvolvida na França desde o início dos anos 1900 como uma vacina oral contra a tuberculose. No Brasil, ela é utilizada continuamente desde a terceira década do século XX e, inicialmente, foi usada por via oral até meados dos anos 1970, quando foi substituída pela intradérmica. “Atualmente, a BCG é uma vacina certificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e tem sido descrita como uma das mais imunogênicas e com menos efeitos adversos entre as BCGs”, acrescenta Fernanda Ledes.
Chamada de BCG Moreau RJ, ela é a única vacina brasileira certificada e usada como reagente de referência pela OMS. Segundo dados da Secretaria de Saúde, a cobertura vacinal da BCG no DF, entre janeiro e abril de 2021, foi de 95,7%.
Cuidados
É normal que a vacina forme uma cicatriz na criança, mas nem todas vão ter a cicatriz. Ela forma um caroço após ser aplicada e, com o passar do tempo, evolui. “Depois de um tempo vai formar uma ferida com pus, depois uma úlcera (ferida aberta) e entre seis e 12 semanas vai surgir a cicatriz. Esse é um processo natural e não deve ser utilizada medicação”, explica Fernanda Ledes.
Para a higiene da ferida é recomendável lavar somente com água e sabão e secar com cuidado, sem espremer ou utilizar curativos. “É a evolução natural e os casos fora da evolução natural devem voltar a uma UBS para o profissional avaliar”, complementa.
Histórico da vacina
1906: Início do desenvolvimento da vacina Bacilo Calmette Guérin (BCG) por Léon Charles Albert Calmette (1863–1933) e Jean-Marie Camille Guérin (1872–1961), no Instituto Pasteur, em Paris, a partir da obtenção de uma cepa atenuada do Mycobacterium bovis.
1921: Obtenção da vacina BCG por Albert Calmette e Camille Guérin no Instituto Pasteur, em Paris.
1927: Início da vacinação contra a tuberculose no Brasil com a vacina BCG, na Liga Brasileira contra a Tuberculose, produzida na própria Liga a partir da cepa Moreau.
1961: Início da produção, no Brasil, da vacina liofilizada contra a varíola e da fórmula intradérmica da vacina BCG.
1968: Substituição da vacina BCG oral pela administrada por via intradérmica (ID).