Médicos e enfermeiros de oito estados brasileiros participaram, no Distrito Federal, nesta sexta-feira (1º), de um curso de formação de multiplicadores em urgências e emergências em saúde mental. O curso presencial reuniu 29 profissionais da área de assistência, treinados com o auxílio de servidores do Núcleo de Saúde Mental (Nusam), do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência do DF (Samu-DF). Essa foi a segunda capacitação dos profissionais e a primeira a ocorrer presencialmente.
O treinamento é uma iniciativa do Ministério da Saúde e tem por objetivo melhorar a assistência aos pacientes com transtornos mentais em situação de urgência. Em 2020, foram mais de 7 mil diagnósticos em saúde mental realizados pelo Samu-DF. Surto psicótico, tentativa de suicídio e ansiedade são os que figuram nas primeiras posições.
“Quero destacar a importância do que vocês estão fazendo hoje. Além de se capacitar, vocês devem ser uma ‘sementinha’ dentro dos seus próprios estados para replicar essa capacitação para seus colegas e pares”Rodrigo Cruz, ministro substituto da Saúde
O atendimento é prestado por profissionais do Nusam, criado em julho de 2016 para atender exclusivamente demandas relacionadas a transtornos psicológicos, como depressão e crises de ansiedade.
Assistência à Saúde
Em sua fala, o ministro substituto da Saúde, Rodrigo Cruz, destacou que o curso é extremamente importante no contexto da pandemia, tendo em vista a expectativa de aumento de crises psiquiátricas. “Quero destacar a importância do que vocês estão fazendo hoje. Além de se capacitar, vocês devem ser uma ‘sementinha’ dentro dos seus próprios estados para replicar essa capacitação para seus colegas e pares”, ressaltou.
O diretor do Samu-DF, Victor Arimatea, pontuou que a realidade nacional é heterogênea, cada Samu tem seu próprio contexto e dificuldades, mas também muitos pontos em comum na prática diária. “Espero que essa iniciativa seja o início de algo muito maior, ao juntar experiências diferentes, ao reunir colegas de diferentes regiões para compartilhar soluções ou ideias. Nosso crescimento tem que ser conjunto”, avaliou.
Ele alertou, ainda, que é preciso olhar para a saúde mental, área historicamente estigmatizada, e entender o que está acontecendo. “O componente pré-hospitalar é a linha de frente, primeiro contato com o paciente. Por isso, capacitações como essa são fundamentais”, afirmou.
Participaram dessa primeira turma médicos e enfermeiros de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Goiânia, Curitiba, Manaus e Fortaleza.
Capacitação
A iniciativa da capacitação do Ministério da Saúde foi operacionalizada pela Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES/MS), com o objetivo de qualificar os profissionais da saúde que atuam em emergências, em especial no componente pré-hospitalar.
O curso é inédito e foi lançado no dia 1º de setembro, marcando o início das aulas virtuais e as ações do Ministério da Saúde para o Setembro Amarelo. O treinamento visa fornecer orientações técnicas para fortalecer a prática de condutas humanizadas e terapêuticas no âmbito da saúde mental e ampliar as competências dos profissionais que atuam nas emergências para qualificar o atendimento de pacientes em sofrimento psíquico, quadro agravado pela pandemia da covid-19.
Com isso, busca-se oferecer uma assistência cada vez mais adequada aos pacientes que utilizam o Samu e apresentam quadros de ansiedade, depressão, violência autoprovocada, ideação suicida e transtornos por uso de substâncias psicoativas, por exemplo.
A expectativa é que 108 médicos e enfermeiros do Samu de todo o Brasil participem do curso e se tornem multiplicadores em seus estados. Estão previstas mais duas turmas. Os participantes dos estados são divididos entre as três turmas. A capacitação é ministrada por profissionais especialistas do Samu-DF.
Metodologia
O curso utiliza simulação realística para encenar situações de emergências atendidas pelo Samu. A técnica conta com cenários reais, que favorecem um ambiente participativo e de interatividade. Os instrutores simulam o atendimento desde a chamada realizada pelo paciente ou familiar até o devido encaminhamento às unidades de saúde.
Atores simulam as situações e colocam os profissionais à prova. Entre as situações simuladas estão surtos psicóticos, abuso de álcool, comportamento suicida, agitação psicomotora e comunicação de más notícias, como a morte de um familiar. Após a simulação, houve um momento de discussão com os participantes.