Por Kleber Karpov
O ex-presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi eleito com 60.345.999 (50,90%) dos votos válidos com o ex-governador de São Paulo, Geraldo José Rodrigues Alckmin (ex-PSDB, atual PSB), contra 58.206.354 (49,10%) para o atual presidente, Jair Messias Bolsonaro (PL).
Terceiro mandato
Nascido em 1945, Lula é o mais expressivo nome da liderança sindical e um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT), o segundo turno das eleições presidenciais, consolida o terceiro mandato de Lula, eleito pela primeira vez em 27 de outubro de 2002, aos 57 anos de idade, com quase 53 milhões de votos, com o vice José Alencar (PL) e, reeleito em dia 29 de outubro de 2006, com mais de 58 milhões de votos, a maior votação da história do Brasil.
Com o pais extremamente polarizado e, em uma disputa inédita entre dois presidentes do Brasil, Lula tem uma série de desafios. A unificação e pacificação de segmentos da população brasileira e a ratificação da consolidação estado democrático de direito, por diversas ocasiões, sob ameaça por parte do atual mandatário do país; o resgate de 32 milhões de pessoas, atualmente, na linha de extrema pobreza, além da promoção do desenvolvimento econômico;
Mandatos anteriores
ao ser eleito em 2002, contra José Serra (PSDB), Lula assumiu o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), com a economia estável, pós-implantação da moeda brasileira, o real. O petista, preparou o país para o crescimento econômico, além de alavancar importantes avanços sociais e distribuição de renda, com redução da desigualdade social.
A redução das desigualdades foi uma das marcas dos quatro primeiros anos de governo, que levaram cerca de 7 milhões de brasileiros com ascensão à classe média. Lula terminou o primeiro mandato com a aprovação histórica de 57%, após implementação de programas sociais importantes, a exemplo da política de valorização do salário mínimo e do programa de distribuição de renda, o Bolsa Família (2004), e o acesso a formação acadêmica com o ProUni (2004).
Com a reeleição (2006), ainda com o vice, José Alencar, Lula derrotou o ex-governador de São Paulo, então pelo PSDB, Geraldo Alkmin. No mandato, o petista, além de garantir a manutenção dos programas existentes, implementou novos, a exemplo do programa habitacional Minha Casa Minha Vida (2009).
A gestão de Lula terminou em 2010, com aprovação recorde da população, superior a 80% de avaliação positiva, decorrente do sucesso dos programas sociais e da manutenção da estabilidade econômica com retomada do crescimento do país e a redução da pobreza e da desigualdade social.
Escândalo
Embora com grandes, feitos, Lula acabou por ser envolvido em esquemas de corrupção, o chamado ‘mensalão’, em 2009, acusado do promover a compra de votos, para aprovação de emendas. Ainda com tais acusações, Lula além de deixar o governo com mais de 80% de aprovação, conseguiu fazer a sucessão presidencial, com a eleição de Dilma Rousseff, então chefe da Casa Civil.
Lula foi envolvido ainda, em outro escândalo, o chamado ‘Petrolão’, um esquema bilionário de corrupção na Petrobras, que ocorreu durante as gestões do governo Lula e Dilma. O caso ganhou notoriedade por meio da operação ‘Lava a Jato’, iniciada em julho de 2017, protagonizada pelo então juiz Sérgio Moro, responsável por condenar o ex-presidente a nove anos e seis meses de prisão(24/Jan/2018), “sem causa definida” no caso do triplex do Guarujá (SP). Condenação essa, referendada pelo Supremo Tribunal Federal (STF)(05/Abr/2018).
Porém, Lula acabou por deixar a cadeia, em 8 de novembro de 2019, após cumprir 580 dias, preso, na sede Polícia Federal de Curitiba, após o STF rever e anular processos, em que o pleno julgou haver parcialidade no julgamento de Moro.
Em extensão da operação ‘Lava a Jato’, Lula foi alvo ainda de diversas outras condenações e denúncias, por supostas lavagem de dinheiro, tráfico de influência, fraude, favorecimentos de terceiros. Porém, reportagens do que ficou conhecido por ‘Vaza a Jato’, publicadas por meio do site de notícias, The Intercept (2020), houve comprovação de esquemas patrocinados por procuradores de Curitiba, do Ministério Público do Estado do Paraná (MPPR), ocasião em que também foi evidenciado a participação, instrução e manipulação do então juiz Sérgio Moro, em relação a condenação de Lula.
Fatos esses, que originaram uma série de questionamentos, e acabou por culminar na anulação, em 2021, de todos os processos, contra Lula, por parte do ministro do STF, Edson Fachin. Condenações essas, também referendadas pelo pleno do STF, o que restabeleceu os direitos políticos do ex-presidente. Fachin teve como argumento o fato que os casos não tinham conexão com o escândalo da Petrobras e, portanto, não deveriam ter tramitado na Justiça Federal em Curitiba.
Atualização em 31/10/2022 às 09h22, para consolidar números de votos, pós-vitória técnica apontada pelo TSE