Por Amanda Martimon
Reduzindo a mortalidade e evitando complicações respiratórias em crianças de até 2 anos, a medicação palivizumabe será aplicada, neste ano, pela rede pública de saúde do DF até julho. O período segue a sazonalidade de prevenção ao vírus sincicial respiratório (VSR), uma das principais causas de infecção de vias aéreas em bebês e crianças pequenas.
O palivizumabe é aplicado pela rede pública de saúde até julho, seguindo a sazonalidade de prevenção ao vírus sincicial respiratório (VSR). Foto: Sandro Araújo – Agência Saúde-DF
Como o remédio é destinado ao público mais suscetível aos riscos de problemas respiratórios pelo VSR, é preciso verificar os critérios exigidos. De acordo com normas do Ministério da Saúde, a medicação deve ser aplicada em crianças com menos de 2 anos de idade com displasia broncopulmonar (doença pulmonar crônica da prematuridade) ou cardiopatia congênita ou adquirida em tratamento para insuficiência cardíaca e/ou hipertensão pulmonar significativos, além de crianças abaixo de 1 ano que nasceram prematuras com idade gestacional de até 28 semanas e seis dias.
No DF, há ainda um critério adicional, que amplia a proteção para nascidos prematuros e ajuda a reduzir a mortalidade no grupo mais vulnerável. A rede local também fornece o palivizumabe para bebês de até seis meses que nasceram com idade gestacional de 29 semanas até 31 semanas e seis dias.
“Essas crianças que têm indicação de tomar o remédio são as com maiores riscos para complicações da doença, podem precisar de internação e até ir para a UTI. Isso aumenta muito o risco de morte”, explica a coordenadora das Políticas de Aleitamento Materno e Banco de Leite Humano do DF, Miriam Santos, que é responsável pelo medicamento na rede.
De 2014 a 2022, o DF atendeu a 4.651 pacientes com o palivizumabe. Segundo a especialista, desde 2014, quando o medicamento passou a ser disponibilizado no DF, não há registro de mortes por bronquiolite no público-alvo.
Como ter acesso à medicação
Sete polos ambulatoriais – localizados em hospitais (veja arte) – fazem a aplicação da medicação, que é injetável, mas não deve ser confundida com vacina. Trata-se de um anticorpo monoclonal humanizado. Crianças e bebês internados que atendem os critérios recebem o medicamento durante a internação.
Já em casos ambulatoriais a aplicação é agendada por polo e há documentações específicas que precisam ser entregues. O médico que assiste ao paciente deve preencher o formulário de solicitação e termo de consentimento. Este último é assinado também pelos responsáveis pelas crianças.
Para bebês e crianças com cardiopatia congênita com repercussão hemodinâmica ou pneumopatia da prematuridade, é preciso autorização dos locais de referência. A autorização para casos de pneumopatias é emitida pelo Hospital da Criança de Brasília ou médicos pneumologistas autorizados pela SES-DF. Já para cardiopatia, a autorização deve ser emitida pelo Hospital da Criança, pelo Instituto de Cardiologia e Transplantes do Distrito Federal (ICTDF) e por cardiologistas pediátricos autorizados pela SES-DF.
Após todos os passos necessários, a documentação deve ser entregue no local de aplicação que for referência para o paciente (por região de saúde) para agendamento da aplicação do medicamento. Também é preciso ter o número do cartão SUS da criança.
O período de fornecimento do palivizumabe é de fevereiro a julho de 2023, sem prorrogação. As doses devem ser administradas com intervalo de 30 dias. O número total de doses por criança dependerá do mês de início das aplicações, variando de uma a cinco doses, no máximo. Assim, algumas crianças poderão receber menos do que cinco doses, de acordo com a idade e o período de sazonalidade.
Redução de riscos
Ainda no hospital, logo após o nascimento, a família de Aya Von-Grapp dos Santos, que nasceu com 600 gramas e menos de 28 semanas, foi informada sobre a medicação. Agora, com 1 ano e sete meses, ela já está no segundo ciclo do palivizumabe, pois tem complicação respiratória da prematuridade. Como mora no Núcleo Bandeirante, recebeu nesta terça-feira (14) a segunda dose no Hospital Regional do Guará, que é referência para a Região Centro-Sul de Saúde.
Aposentada, a avó de Aya, Eliana Cardoso Von-Grapp, acompanha a neta nos atendimentos necessários. “Conseguir essa medicação pelo SUS é muito importante, porque ela é cara, mas reduz o risco de internação e acaba sendo uma economia para o governo, e, principalmente, um alívio emocional para a família.” Ela relembra como foram difíceis os seis meses e nove dias que Aya passou internada quando nasceu prematura. Desde então, a neta passou apenas por uma internação, de sete dias, e sem agravamentos.