A beleza dos movimentos



Por Professor Chico

Ao comentar com um ex-aluno, desses que viram amigos, sobre a intenção de escrever este texto e de “amarrá-lo” ao título acima, ele indagou-me jocosamente: “É sobre balé ou algum outro tipo de dança, professor?”.

Como sou um diuturno defensor desse tipo de humor, entrei no clima e respondi que não, mas sobre movimentos tão belos quanto aos que ele se referia: os movimentos populares.

Como um fã incurável do tema política, a que considero verdadeiro e único instrumento de transformação social, tenho procurado acompanhar atentamente nas redes sociais, esta novíssima e deslumbrante arena democrática, todos os tipos de manifestações, contra e a favor do atual governo.

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Por ser um espaço novo, democrático e ainda sem as regras claras indispensáveis inclusive nas democracias, lemos, vemos e ouvimos de quase tudo e de todos os gostos e tendências nas redes sociais, em especial a que mais acesso, o faceboock. É normal. E mesmo assim, lanço sobre quase tudo o que vejo – quase, pois toda unanimidade é burra -, o mesmo olhar encantado com que registro as ações sociais do insuperável maestro João Carlos Martins, os desfiles de nossas escolas de samba, o vai e vem em nossas pistas iluminadas de vermelho pelos faróis traseiros dos carros que vão e de branco pelos faróis dianteiros dos que vem, dos pássaros nas varandas de minha casa, principalmente quando chove. Imagine, então, a minha alegria e encantamento com os movimentos populares que tomaram conta das ruas esses dias.

Uns a favor do atual governo, exatamente em uma sexta-feira 13. O número de azar para os supersticiosos, o que não é o meu caso, pois tenho é fé. Mas, também, o número do PT, o único partido dos trabalhadores no Brasil até hoje. De forma pacífica e ordeira em várias cidades manifestantes ocuparam as ruas. Existem denúncias de que eram “militantes remunerados”. Mas não sejamos tão hipocritamente exigentes, não estamos, ainda, no patamar de conscientização política da Suécia ou da frança, por exemplo, mas caminhamos para lá, acreditem.

Remunerados ou não, quem quis teve a oportunidade de se manifestar em apoio ao atual governo. Com tudo de bom e de ruim que ele representa. Foi, sem dúvida, um exercício bonito do nosso amadurecimento democrático.

Por outro lado, dois dias depois, no dia 15, como anunciado, manifestantes contrários ao governo, exigindo o fim da corrupção, a favor do impeachment de Dilma Rousseff, e parte sem sequer saber a razão de ali estar, tomaram conta das principais ruas e avenidas do país, todos, por um Brasil melhor e mais justo social e economicamente. O próprio governo foi pego de surpresa ao subestimar a capacidade de indignação popular neste momento. Esperavam cerca de apenas cem mil manifestantes na Avenida Paulista, por exemplo, onde compareceram mais de um milhão. Sem falar nas principais cidades do país que não atingiram esse numero, mas superaram em muito todas as expectativas.

Que não se iludam. Mesmo com grande parte de nossos Poderes mergulhado em um mar de corrupção, ainda não vivemos uma crise moral ou ética capaz de mobilizar tanta gente. O que nos move neste momento é uma crise econômica séria e a falta de perspectivas para dela sairmos. Isto também já registrado em nossos países vizinhos como a Argentina e a Venezuela, por exemplo, em momentos distintos. Como já disse James Carvile: “É a economia, estúpido!”

Mas nada disso tira o brilho e o encanto dos movimentos. Pelo contrário. Mostra que, mesmo sem boa parte entender claramente o que se passa e a quem e de que forma reclamar eficazmente, todos entendem que há algo errado e que precisa ser mudado. E que a melhor forma de anunciar isso ao país e ao mundo é em manifestações dessa natureza.

Gigantes, coloridas de verde e amarelo, pacíficas e ordeiras, como um verdadeiro balé de civilidade e cidadania a se apresentar no imenso e maravilhoso palco da democracia. Assim tem sido o nosso Brasil, esses dias.

Viva o Brasil. Viva o povo brasileiro!

* Francisco Lima Jr.(48), Jornalista, Cientista Político pela UnB, Professor de Jornalismo nas Faculdades Icesp/DF, titular do www.blogdoprofessorchico.com.br, blogueiro colaborador na Agência Política Real, Colaborador no Programa Diário Brasil, na TV Gênesis e Presidente da Associação Brasiliense dos Blogueiros de Política (ABBP).

 

Fonte: Blog do Professor Chico



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