A inexecução orçamentária prova: não falta dinheiro, falta gestão



Por Carlos Fernando

A opinião é de senso comum entre os maiores economistas do mundo: a falta de planejamento e gestão incompetente são os grandes gargalos do desenvolvimento. E, no Distrito Federal, isso fica mais evidente a cada dia. Nesta semana, por exemplo, foi denunciado pela imprensa local que o GDF deixou de executar R$ 330,2 milhões do Fundo de Saúde em 2017. O que, obviamente, sem a menor necessidade de lupas, é um contrassenso dentro da realidade da saúde pública do DF.

Segundo a denúncia, o GDF sequer investiu naquilo que já estava no planejamento, como a construção de novas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e a construção do novo Banco de leite do Hospital Regional de Brazlândia. E o pior é que, quando as contas são colocadas na ponta do lápis, se houvesse, de fato, a intenção de resgatar o SUS-DF, o governo local conseguiria, pelo menos, ter sanado os problemas de desabastecimento de medicamentos e ausência de equipamentos.

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Mas, no atual governo, a negligência fala mais alto. E na falta de gestão, pouco a pouco, as necessidades e os direitos da população vão ficando de lado, escondidos atrás de propagandas, fake news e promessas que, como hoje, não sairão do papel. Outros projetos, no entanto, que em nada beneficiam os usuários do SUS, como o Instituto Hospital de Base, que limita a porta de entrada do maior hospital do DF, recebem cada vez mais atenção do Buriti.

Vale destacar ainda, como prova cabal da falta de interesse em investir na saúde pública do DF, que, desde que assumiu o GDF, em 2015, até o ano passado, Rollemberg e sua equipe abriram mão de mais de R$ 2,9 milhões destinados ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A situação, nada normal, levando-se em conta, especialmente, a quantidade de mortes evitáveis nos hospitais do DF, motivou a Procuradoria da República no Distrito Federal (PRDF) a apurar “supostas irregularidades” na prestação de serviços pelo Samu 192 no DF.

Infelizmente, graças à incompetência e à falta de vontade, problemas não faltam na saúde pública do DF. E é só por isso que “sobra dinheiro”. Se os projetos para a área fossem levados adiante (aqueles que realmente importam à população), o cenário seria outro. Na verdade, creio, é justamente pela falta de tais propostas que o atual secretário de Saúde é incapaz de executar a verba do Fundo de Saúde. E é por isso que sou insistente: o único remédio para a atual situação é o voto certo. É lembrarmos, em outubro, que não faltou dinheiro nos cofres públicos. Faltou gestão.

Carlos Fernando é presidente interino do Sindicato dos Médicos do DF



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