Por: Francisco Lima Jr.
Qualquer pessoa que acompanhe, mesmo que com o mínimo de atenção, os acontecimentos na seara política do DF nos últimos anos tem dados para preencher laudas e laudas com, infelizmente, muito mais elementos negativos que positivos.
Portanto, não é segredo para ninguém que de 27 de novembro de 2009, quando foi deflagrada a conturbada, para dizer o mínimo, Operação Caixa de Pandora, pela Polícia Federal, até os dias atuais o nosso “quadradinho” nunca mais foi o mesmo. Quem desejar reavivar a memória pode fazê-lo lendo o livro “Pandora e outros fatos que abalaram a política de Brasília”, do competente jornalista Ricardo Callado, lançado pela Editora Thesaurus, em 2011.
A quem interessa isso?
Não me considero um especialista no assunto, mas como um curioso e incurável apreciador da política, nunca esqueço uma indagação que ouvi nos anos 80, do grande “timoneiro” de nossa redemocratização, o doutor Ulysses Guimarães, ao ser confrontado por um assessor seu sobre certa denúncia em um jornal de grande circulação: “A quem interessa isso?”. Desde então, me questiono desta maneira quando verifico fatos no mínimo inusitados.
Voltando ao nosso quadradinho, o DF, mesmo tendo lido tudo o que encontro sobre o assunto, incluindo o livro acima citado, ainda me restam inúmeras dúvidas sobre a tal pandora.
Entendo que ela nos trouxe momentos delicados na política, acredito mais até que os vividos aqui durante a ditadura, e em plena democracia. O que é mais grave. Tivemos um rodízio recorde de governadores, como se o GDF fosse a prenda daquela brincadeira de nossa infância, onde a cadeira do centro era disputada e sempre sobrava um até a próxima e imediata “rodada”. E a quem interessa isso?
Atravessamos, depois do rodízio na cadeira central, uma gestão das mais temerárias (para ser generoso) que o GDF já viu. Assistimos a tentativa de ver iniciar a que o substituiu, cheia cobranças (muitas pertinentes outras nem tanto ou no mínimo “esquisitas” pela sua falta de clareza). Surpreendemo-nos com o rompimento da chefe do Poder Legislativo com um governo que só conseguiu começar, de fato, no calendário.
No meio de todo este turbilhão que abala o nosso DF desde 2009, ainda somos obrigados a conviver com uma prática típica dos mais distantes rincões do Brasil: a fofoquinha barata e, pelo menos para os menos atentos sem sentido, em torno da disputa pelo comando do PSDB local. A quem interessa isso?
PSDB do DF deu um recado para o Brasil
Diante da crescente insatisfação com o partido instalado no poder nos últimos quase 13 anos, o PT, já comprovada nas ultimas eleições presidenciais, os “tucanos” tentam aglutinar a “vontade de mudança” por todo o país. Uma tarefa nada fácil por diversas razões.
Mesmo assim, no dia 17 de maio último, o PSDB do DF realizou uma convenção histórica, até à nível nacional sob alguns aspectos. “8,2% dos filiados de todo o Distrito Federal votaram, representando assim, a maior participação proporcional do PSDB. Há quatro anos no DF, não aconteciam eleições no partido e pela primeira vez na história, todas as 21 zonais tiveram a diretoria eleita”, declarou o empolgado deputado distrital Raimundo Ribeiro, que encabeçou a vitoriosa chapa “PSDB Resgatando Brasília”. Registrou-se um percentual de participação de filiados até maior que o verificado em São Paulo, o berço do tucanato. Hoje, sem dúvida alguma o PSDB é o maior partido do DF. Sem dúvida, um dos que mais pode contribuir com as mudanças pretendidas por nossa comunidade.
Apesar disso, diariamente somos surpreendidos com a prática rastaquera a que me referi cima, de intervenções, mudanças, anulações e outros factoides dando conta de que o PSDB nacional não teria aceitado o resultado histórico da última eleição da legenda no DF.
É indispensável que todos, simpatizantes ou não do PSDB, mas que desejam retornar o DF ao clima de normalidade política, entendam que a “sugerida” intervenção significaria um duro golpe na militância (antes inexistente) e que construiu a histórica eleição de 17 de maio passado. Mais do que isso, representa um “tapa na cara” do cidadão que pode ter enxergado no PSDB uma legenda que o conduza ao cenário de uma política séria com a qual ele sonha.
Não acredito que a legenda que surgir em 25 de junho de 1988 “longe das benesses oficiais, mas perto do pulsar das ruas, para fazer germinar novamente a esperança”, como anuncia em seu site oficial, vire as costas para os cidadãos que desejam, participando da vida partidária, mudar o nosso Distrito Federal e o país.
Será que as pessoas que circundam “as cortes políticas” locais, uns até com qualificações para de fato servir e tentar resgatar a nossa política, outros como verdadeiros Chalaças, ainda não entenderam que desta maneira jamais nos afastaremos da beira do vulcão em que alguns “tipos” pretenderam e ainda insistem em nos atirar desde 2009?
A grande pergunta é: a quem interessa isso?
* Francisco Lima Jr.(48), Jornalista, Cientista Político pela UnB, Professor de Jornalismo nas Faculdades Icesp/DF, titular do WWW.blogdoprofessorchico.com.br, blogueiro colaborador na Agência Política Real (WWW.politicareal.com.br), Colaborador no Programa Diário Brasil, na TV Gênesis e Presidente da Associação Brasiliense dos Blogueiros de Política (ABBP). [email protected]
Fonte: Blog do Professor Chico