Dificuldades para negociação de dívidas continuam
Por Priscila Rocha
Correntista do Banco Regional de Brasília (BRB) procurou Política Distrital para relatar o desconto integral de seu salário – há mais de um ano, após endividamento com a instituição. Além disso, não consegue renegociar as dívidas, mesmo depois de ter procurado o banco por mais de três vezes. Para preservar a identidade da pessoa, o Blog não revelará seu nome.
Situação não é fácil, com salário bruto de R$ 5 mil, empréstimos e cartão de crédito ultrapassam uma dívida de R$ 83 mil, sem citar os juros crescentes. Para somar a isso tudo, o carro da família, com 3 filhos, foi refinanciado e possui mais de 40 parcelas.
A solução foi solicitar ao BRB a antecipação do 13º salário, mas foi sem sucesso. O banco não autorizou, alegou o atraso no cartão de crédito como impedimento. Com o nome “sujo”, no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), não é possível realizar empréstimos em outra instituição financeira para renegociar com o banco.
“É tudo descontado da minha conta e não me sobra um centavo! Já estive na agência para renegociar e não tem conversa. Eles [BRB] alegam que 30% está sendo descontado da minha conta corrente, outros 30% do contracheque e que o carro [refinanciado] é alheio a isso.”
Bebê a bordo + internação hospitalar
O recém-nascido da família veio ao mundo no dia 24 de junho e nem mesmo o enxoval pôde ser comprado. Parentes, amigos e desconhecidos fazem doações para o bebê que ainda precisa de muitas coisas como, por exemplo, fraldas e roupinhas, inclusive roupas usadas. Quem puder ajudar pode entrar em contato com os amigos da família pelo telefone (61) 98182-2647ou WhatsApp (61) 99668-1572.
A mãe da criança é hipertensa crônica e precisou de atendimento médico pouco tempo depois do parto. Recebeu alta, no início de julho, após 12 dias internada devido aos problemas de saúde.
Despejo
O sufoco parece não ter fim, sem salário, outras contas e dívidas não foram pagas e o casal recebe ameaças de despejo. Há um ano, o sonho da casa própria foi conquistado após a compra de um ágio. Assim, a família se mudou para uma casa avaliada em R$ 100 mil. Mas seis parcelas estão atrasadas e totalizam R$ 2.900.
Com a conta bancária sem saldo, cinco contas de luz estão atrasadas e a família tem dificuldades para comprar remédios. Para suprir necessidades básicas, recebem ajuda. “Minha família é humilde e tem me ajudado como podem.”
O outro lado
Assessoria do banco, por meio de nota, comentou o caso.
“O BRB está sempre atento às necessidades dos seus correntistas, que são atendidos pelos diversos canais do banco. Desta forma, causam surpresa essas alegações. Informamos que não consta na Ouvidoria nenhuma reclamação a esse respeito. A correntista poderá ligar diretamente para a Superintendência de Recuperação de Ativos, nº 3412.8878, e falar com o Gustavo para resolver suas questões.”
Entenda o caso
Os superendividados do BRB, servidores do GDF, têm descontos superiores a 30% ou até mesmo todo salário descontado pelo banco por causa de empréstimos consignados e outras linhas de crédito.
Política Distrital veiculou com exclusividade, em janeiro, uma série de entrevistas e reportagens sobre a publicação de um agente penitenciário, servidor do GDF, em uma rede social: “Já faz 5 meses que o BRB pega todo meu salário! Quase dando um tiro na cabeça!!”.
A partir disso, os superendividados tiveram apoio deste Blog, mais advogada e psicóloga em dois grupos no WhatsApp. A presidente da Câmara Legislativa do DF, Celina Leão, ouviu os correntistas e depois o próprio banco. Após intervenção da Câmara, o BRB criou um Programa de Renegociação de Dívidas, com início em fevereiro deste ano.