A velha “nova política” da semântica



Por Carlos Fernando

A três meses da eleição, finalmente o governador do Distrito Federal começou a deixar evidente do que se trata sua tão anunciada “nova política”: ressignificar modelos de gestão. Vou exemplificar. Primeiro, usaram a palavra “instituto” para começar o que, na verdade, é uma “terceirização” dos serviços no Hospital de Base. Agora, em vez de “expulsão”, eles usaram o termo “remoção” para “devolver” à Secretaria de Saúde os servidores do instituto. Ou seja, no fim das contas, o significado da expressão “nova política de Rollemberg” pode ser compreendido também como “semântica”.

A princípio, pode até parecer complexo. Mas, na prática, a semântica política de Rollemberg é nada mais do que papo furado de quem não fez o que devia na hora certa. E, agora, em vez de assumir os erros, resolve colocar em cartaz a peça de teatro “Estamos Atendendo ao Interesse Público e às Necessidades de Saúde da População”. Não estão mesmo. E nem pretendem fazer isso. Na verdade, é o oposto. E é justamente por isso que a semântica é necessária: para não revelar a verdadeira face das intenções.

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O Instituto Hospital de Base (IHBDF), como o SindMédico-DF sempre afirmou, é, na verdade, uma artimanha deste governo para terceirizar e não se responsabilizar pelo futuro do mais importante hospital do DF. E, vale ressaltar, não apenas terceirizar como quarteirizar, já que as empresas contratadas certamente solicitarão outras para tentar suprir a demanda. Uma demanda que aumenta a cada dia, especialmente com a interrupção de serviços, como as consultas oncológicas, como aconteceu em abril.

E enquanto Rollemberg e o secretário de saúde, Humberto Fonseca, brincam de gestão, a principal prejudicada é a população. A expulsão de profissionais experientes, que querem continuar no Instituto Hospital de Base, vai diminuir a qualidade do atendimento e as remoções nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) – outra surpresa do GDF esta semana – torna ainda mais precário o serviço da assistência primária à saúde: é o que eles querem.

Mas, a semântica da “nova política” de Rollemberg não vai vencer. O que nós queremos, tanto os servidores públicos quanto a população, é o SUS-DF reerguido, pronto para atender a todos com dignidade. E a nossa vontade, em outubro, vai vencer toda e qualquer tentativa de tirarem de nós o que é direito. Não nos renderemos aos desmandos deste governo. Porque sabemos que, mais adiante, um novo DF começará. Sem semânticas. Vamos nós, também, usar da “ressignificação” para nos dar outra chance: a chance de vencer velhas “novas políticas”.

Carlos Fernando é presidente interino do SindMédico-DF



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