Adote Um Distrital cai em suspeição popular após pedir cassação de distritais?



Ao menos três membros ligados à entidade foram ex-candidatos e podem ter laços com governador do DF

Por Kleber Karpov

O “Adote um Distrital”, um projeto sob comando de Jovita José Rosa pediu junto ao Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), na quinta-feira (22/Set), a cassação dos deputados distritais, envolvidos em suposto esquema de desvio de recurso de emendas destinado a UTI. Esse foi o segundo pedido, por parte do Projeto, o que resultou no questionamento e divulgação do perfil da requerente em grupos do Whatsapp.

O primeiro pedido foi protocolado por Adote um Distrital, logo após a ex-presidente da Câmara Legislativa do DF (CLDF), Liliane Roriz (PRB), divulgar áudios de trechos de conversas com o ex-secretário geral da mesa diretora e a presidente da CLDF, Valério Neves e Celina Leão (PPS), respectivamente.

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Vale observar que a divulgação dos áudios ocorreram no dia seguinte ao julgamento de ação por parte do Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT)(17/Ago). Na ocasião, dois dos três desembargadores do TJDFT votaram pela manutenção da condenação da distrital em primeira instância. A parlamentar aparece envolvida em recebimento de apartamento, por parte do ex-governador Joaquim Roriz, enquanto governador do DF, em troca de facilitação de empréstimos a uma construtora.

Investigados

Mas para entender onde entra o Adote um Distrital é necessário compreender, se possível, a trama que envolvem as investigações da PCDF, a Operação Drácon e do MPDFT, abrangem o ex-secretário geral, Valério Neves, a deputada presidente da Casa, Celina Leão (PPS), os distritais, Raimundo Ribeiro (PPS), Júlio Cesar (PRTB), bispo Renato Andrade (PRTB), todos membros, afastados da Mesa Diretora.

Também está sob investigação o deputado Cristiano Araújo (PSD), todos por suposto esquema de liberação de emenda para a saúde do DF em troca de pagamento de propina

Suspeições

Desde o início das investigações, a cada vazamento ou denúncia, o que incialmente foi considerado um grande esquema de corrupção, se torna um emaranhado de confusões. Isso porque, cada nova carta colocada sobre a mesa, se volta contra a denunciante, demonstra fragilidade além de colocar em suspeição a magnitude estampada pela imprensa, baseada em meias verdades.

Vale observar que os parlamentares, durante exposição, não tiveram acesso às denúncias, uma vez que foram declaradas sigilosas. Somente após algumas tentativas e uma dose de intervenção da Ordem dos Advogados do Brasil do DF (OAB-DF) os envolvidos conseguiram descobrir o que de fato consistiam as denúncias. Porém, a quebra do sigilo ficou restrita aos envolvidos na ação.

Nesse ínterim, uma série de acontecimentos, estranhos ou atípicos sugerem o que os parlamentares consideram, uma grande fragilidade nas denúncias realizadas e uma ação desproporcional por parte do MPDFT em relação as ações tomadas que resultaram no afastamento de todos os membros da Mesa Diretora da CLDF.

Outro fator intrigante, também apontado pelos parlamentares, é que tudo não passa de uma jogada “sórdida”, que tem origem certa, o palácio do Buriti.

Sobre essas óticas, vale a pena pontuar os principais episódios que envolvem o suposto esquema das emendas da UTI.

  • Ao ser publicitada a denúncia, o governador do DF, Rodrigo Rollemberg (PSB), ao ser questionado pela imprensa, deu tiro certeiro na desqualificação da CPI da Saúde do DF que investiga possíveis práticas de corrupção na Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF);
  • A CPI composta em maioria por membros de oposição, perdeu força com a substituição por deputados da base do governo. Nesse contexto, apenas Wellington Luiz (PMDB) e Wasny de Roure (PT), podem ser considerados, parlamentares interessados em investigar o caos da Saúde Pública do DF com total isenção.
  • O deputado petista, Chico Vigilante, denunciou a retirada de computador da CLDF, por parte do ex-assessor de Celina Leão, o que não foi constatado por peritos da PCDF;
  • Os parlamentares apontam que a emenda que direcionou o pagamento de R$ 30 milhões para empresas de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) era da vice-presidência da CLDF, portanto, de Liliane Roriz;
  • Dos R$ 30 milhões, direcionados, para pagamento de empresas de UTIs, apenas R$ 5 milhões, foram destinados ao pagamento da Intensicare, empresa que supostamente pagaria 6% ou 7% propina aos parlamentares supostamente aos seis envolvidos;
  • Os parlamentares apontam que sessão de aprovação da emenda foi presidida por Liliane Roriz, portanto, a parlamentar ciente de possível erro ou de suposto esquema teria a prerrogativa de não colocar o projeto em votação, e ainda, denunciá-lo;
  • Que Liliane Roriz, havia divulgado na rede social Facebook, a destinação dos recursos para a Saúde, aprovados na emenda;
  • Liliane Roriz com ar de surpresa sugeriu que pessoas alheias ao gabinete da parlamentar apagaram arquivos de computadores do gabinete, porém, posteriormente se constatou serem servidores comissionados contratados pela distrital;
  • Que após o acesso aos áudios, alguns parlamentares confirmam que o nome de Rollemberg aparece cerca de 40 vezes nas gravações de Liliane Roriz e o da primeira dama, Márcia Rollemberg, 22, Porém, não houve qualquer movimentação por parte do MPDFT, naquela ocasião, em relação às conversas telefônicas gravadas, que tão pouco vieram a público;
  • Que alguns parlamentares apontam que o nome de Afonso Assad, aparece nos áudios e podem vir a comprometer Rollemberg;
  • Após denunciar suposta tentativa de extorsão, onde envolve os nomes dos distritais bispo Renato Andrade e Júlio Cesar, o empresário Afonso Assad foi flagrado em áudio em que deixou claro ter relação estreita com o ex-sub-secretário de Logística e Infraestrutura da Saúde (SULIS)/SES-DF, Marcelo Nóbrega e o servidor, Jorge Luiz Gomes da Silva;
  • Após denúncia sobre o áudio de Afonso Assad, a subsecretária de Administração Geral (SUAG) da SES-DF, Marucia Valença Barbosa de Miranda, supostamente, indicada por Marcelo Nóbrega, dispensou Jorge Luiz, da execução de contrato da Mevato Construções e Comércio Ltda., de propriedade da família Assad;
  • Que a empresa LF Construções e Consultoria, de propriedade de Assad e esposa, transferiu (23/10/2015) um veículo modelo Honda CR-V 2012 para o atual titular da Secretaria Adjunta de Ciência, Tecnologia e Inovação, Marcelo Aguiar;

Adote um Distrital

Nesse cenário, pedidos de cassação dos parlamentares, supostamente envolvidos no esquema das UTIs, foram protocolados junto a Corregedoria da CLDF (25/Ago). Entre elas, um pedido de Observatório Social, da Auditar e também por Adote um Distrital, esse último presidida por Jovita José.

O site do projeto Adote um Distrital, deixe claro se tratar de uma entidade sem fins lucrativos e que “e não é ligado a nenhum partido político.”. Porém, dado todas as circunstâncias, acontecimentos e fragilidade, a pressa de Jovita José chamou atenção ao protocolar o seguindo pedido, dessa vez junto ao MPDFT.

Não demorou muito e o perfil de Jovita e de alguns membros do projeto Adote um Distrital começou a circular em grupos de mensagens instantâneas, o que pode colocar mais ‘lenha na fogueira’. Isso porque ao menos três membros do Adote um Distrital, foram candidatos a deputado distrital, nas últimas eleições e alguns tem laços bem estreitos junto à gestão de Rollemberg.

Suspeição II?

14445600_10206495455817612_481573338_nEsse é o caso de Jovita, suplente de deputada distrital, pelo PDT com 4.221 votos. As fotos da presidente do Adote um Distrital circulou em grupos de Whatsapp ao lado de Dilma, além de ser do Conselho de transparência do GDF.

Nesse caso, vale observar, que a cobrança da falta de transparência  na gestão Rollemberg é recorrente,  desde o início do governo, quando o GDF declarou ter recebido o governo com apenas R$ 64 mil em caixa, quando o distrital, Chico Vigilante, demonstrou, por meio de dados do Sistema Integrado de Gestão Governamental (SIGGO) haver R$ 1,2 bilhão em conta.

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Jovita Rosa e Ziller em reunião no Conselho de Transparência e Controle Social do GDF – Foto: Reprodução da Internet

Outro membro do Adote um Distrital é o Diretor de programas de assessoria à ONGs e prefeituras, Henrique Ziller, auditor federal de controle externo do Tribunal de Contas da União (TCU) e  suplente a deputado distrital com 7.911 votos, do partido de Rollemberg. Ziller também é controlador-geral do DF.

E há ainda um terceiro membro de Adote um Distrital, servidor público aposentado, suplente a deputado distrital com 4.194 votos, também pelo partido de Rollemberg.

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Reação

Um dos usuários dos aplicativo de mensagens instantâneas Whatsapp que encaminhou tais informações para Política Distrital, questiona a entidade.

Quem é “Adote um distrital”?
Sempre que surge alguma notícia de suposto escândalo envolvendo algum deputado distrital, entra em cena o paladino da moralidade “adote um distrital”.  Mas quem se esconde por trás dessa instituição que diz não ter preferência partidária nem politica? A presidente é Jovita Rosa, candidata a deputada federal pelo PDT com minguados 4.221 votos. O secretário executivo é Adecio Sartori, candidato a deputado distrital com 4.194 votos e adivinhem: pelo PSB do Governador Rodrigo Rolemberg. O pomposo diretor de programas de assessorias as ongs prefeituras é Henrique Ziller, candidato a deputado distrital com 7.911 votos e adivinhem por qual partido? PSB do Governador Rodrigo Rolemberg. É o atual controlador do GDF. A pose de falsos moralistas do adote um distrital indignou muitos leitores que sugeriram a mudança de nome: os mais votados : “A mulambada dos sem voto”, “O laranjal de Rolemberg”. Qual o melhor nome para essa ” respeitada” e “apartidária” instituição? (SIC)

Com a palavra: Adote um distrital!



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