Agefis x Agedem: Desocupação de área pública sim, mas sem discernimento de classes e com dignidade



Com o episódio de derrubadas de casas em áreas públicas tentam se atribuir a blogueiros a responsabilidade por suposta agenciamento para defesa de grileiros, ao se manifestarem contrários as arbitrariedades cometidas pelo governador, Rodrigo Rollemberg (PSB), no uso da máquina de demolições da Agencia de Fiscalização do Distrito Federal (AGEDEM). Diga-se de passagem, a Agência por si só parece ou demonstra incapacidade de cumprir sua principal finalidade, de fiscalizar e cuidar para que tais ocupações não ocorressem. Talvez o nome mais apropriado ao órgão hoje devesse se chamar Agencia de Demolições do DF (AGEDEM).

Mais grave que isso, é atribuído aos blogueiros o recebimento de recursos por parte de deputados para patrocinar a demolição do nome de Bruna Pinheiro, presidente da Agefis. Mas na condição de editor do blog Política Distrital, este articulista que não mora ou tem familiares em ocupações ilegais, vive os dissabores de se pagar aluguel e tampouco, até o momento, mantem o blog com o suor do trabalho e sem custeio de deputados ou do governo, deixa este modesto veículo à vontade para se pronunciar sobre tal assunto.

Política Distrital se posiciona contrário as arbitrariedades cometidas pela Agefis e endossa, por analogia, que Bruna Pinheiro é uma versão do ex-chefe da Casa Civil, Helio Doyle. Não por fazer o correto, pois invasões de áreas públicas devem ser desocupadas, mas pela forma truculenta que a Agência o faz, que demonstra uma falta de capacidade de comunicação e de ação que não gere desdobramentos negativos à tão diminuta popularidade de Rollemberg.

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Vale observar que os grandes grileiros, principais responsáveis pelas ocupações ilegais, em geral protegidos pelo poder público, não são os punidos e sim os ocupantes que em muitas ocasiões agem de boa fé, enganados pelos algozes que insistem em fatiar um bem que é e todos, em muitos casos com a anuência do Estado.

É importante observar ainda que boa parte das edificações de Vicente Pires foram ou estavam sendo levantadas há poucos meses, algumas iniciadas em 2015. E onde estava a Fiscalização, preparando os tratores para atropelar os ocupantes? Outro detalhe, acaso Vicente Pires por inteira não é um conglomerado de ocupações ilegais, em sua totalidade, assim como boa parte de outras ocupações no DF? Sol Nascente, Por do Sol, toda a extensão de condomínios aos arredores das cidades DF ou ainda quadras e entrequadras residenciais de Brasília, não são frutos da dessa omissão do Estado?

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Ocupação ilegal da Orla do Lago Paranoá

A balela de a Agefis estar aguardando posição do GDF para realizar a desocupação da Orla do Lago Paranoá é realmente para ser engolida? Acaso o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), por exemplo, já não se manifestou ao mencionar que não há nenhum impedimento legal para que se inicie a desocupação da orla? Cadê o ronco dos tratores naquelas bandas. Não será surpresa se daqui a pouco derem como desculpa a possibilidade das máquinas atolarem o mandato de Rollemberg, por estar à beira do lago.

Mas, retomando a truculência, a falta de maestria ou jogo de cintura por parte de Bruna de: ter salvaguarda da Justiça, por meio de mandato judicial de desocupação; fazer comunicado formal estabelecendo prazos de desocupação dos imóveis; ser imparcial nos processos de desocupação, são os fatores que fazem com que boa parte da população do DF se sensibilize com os ocupantes ilegais.

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Capitão da PM, Talita Oliveira Chaves Fontes, consola moradora de condomínio Sol Nascente na ocasião da demolição da casa por Agefis

Não se trata apenas da desocupação de área pública, mas se garantir a dignidade do ser humano seja esse pobre, de classe média ou rico. O levante que se vê das vítimas ‘ilegais’ da chácara 200 que comove a população do DF foi sintetizada e amenizada na ocasião da derrubada das casas no condomínio Sol Nascente por parte da capitão da PM, Talita Oliveira Chaves Fontes, que mesmo em cumprimento do dever soube dar uma demonstração de humanidade à ação truculenta da Agefis ou AGEDEM.

Vivemos em uma época em que se pede a prisão de um dentista por matar um leão, ou a prisão de uma senhora por maltratar animais, reivindicações justas. Mas esse senso se esvai    quando se aplaude ou comemora a forma com que pessoas, seja de classe média ou pobres, são arrancados do que pode haver de mais sagrado na vida de uma pessoa, o lar.

Portanto, preocupa muito essa ‘pressa’ da Agefis, entenda-se órgão do GDF, em derrubar tais casas nas condições em que ocorreram, quando nos bastidores políticos os possíveis e reais interesses de tais derrubadas começam a vir à tona, o que indica que o apagar das luzes dos ocupantes ilegais na chácara 200, pode representar o ascender dos holofotes do aumento de arrecadação do governo por meio de possíveis transações imobiliárias.

Ao que tudo indica, as conversas que circulam nos bastidores é que o próprio GDF, para amenizar o impacto negativo das derrubadas das ocupações ilegais, se encarregará de amenizar a questão com a retirada da presidente da Agefis de cena. Mas não por força da pressão de deputados ou do povo, mas de ações da própria Bruna Pinheiro, em outras questões.

Pelo jeito a máxima de um ditado popular assim como a sugestão de mudança de nome para AGEDEM pode se tornar realidade: Quem com trator fere, com trator será demolido.



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